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Economia

No bolso do campo-grandense, até 30% vão embora só com o transporte

Na ruas da Capital, o preço dos diversos meios de locomoção são fatores que pesam na rotina

Por Natália Olliver e Caroline Maldonado | 15/05/2024 13:59
Aplicativos de tranpsorte estão entre recursos mais usados na Capital (Foto: Antônio Bispo)
Aplicativos de tranpsorte estão entre recursos mais usados na Capital (Foto: Antônio Bispo)

Para quem não quer cansar, os aplicativos de transporte hoje são uma mão na roda, alternativa aos ônibus. O duro é quando a gente para para fazer o calculo de quanto se locomover pela cidade pesa no bolso no durante um mês.

A professora Natália Felix, de 33 anos, faz as contas e chega a conclusão que translado entre a casa e o trabalho consome em torno de 25% da renda. São de R$ 850 a R$ 1.050, em média, gastos em 30 dias. Segundo ela, o valor não inclui transporte para outros fins, o que pode fazer a conta subir bem. Para tentar diminuir o impacto no orçamento ela intercala com o uso de ônibus.

“Grande parte da minha renda hoje em dia é gasta com transporte. Impactando bastante no meu orçamento. Até porque, pelo valor, tenho que intercalar aplicativo com o ônibus. Eu pego no mínimo dois carros por dia, mas se realmente fosse só usar esse meio de transporte, em dias como o de hoje, faria quatro viagens, sendo que duas delas já dariam quase 50 reais”.

Sem CNH (Carteira Nacional de Habilitação), ela chegou a tentar usar bicicleta elétrica para chegar até o trabalho. O jeito de se locomover mudou após perceber que o veículo, segundo ela, é tão inseguro quanto uma motocicleta. “Depois de uns anos eu comecei a ficar com medo porque ela era rápida o suficiente pra eu me machucar tão sério quanto em um acidente de moto, mas não tem os recursos de segurança que moto tem”.

Agora ela estuda tirar a habilitação. Para ela, usar os aplicativos de transporte se tornou impraticável. “O que acho que piora a minha situação específica é que dou aula em escolas que não tem como chegar de ônibus sem gastar duas horas, mas muitos colegas já usam o ele [carros de aplicativos] para se locomover”.

Matheus Rezende gats, em média, R$ 600,00 com transporte (Foto: Marcos Maluf)
Matheus Rezende gats, em média, R$ 600,00 com transporte (Foto: Marcos Maluf)

Matheus Rezende, de 32 anos, usa os carros de plicativo duas vezes por semana, paga na corrida de R$ 15,00 a R$ 18,00, o valor corresponde, em média, a R$ 120,00 por semana, no mês o montante salta para R$ 480,00, 30% da renda mensal. Além disso. Matheus também intercala a locomoção com o uso do transporte público o que dá quase R$20,00 por dia, se não feito a integração entre as linhas.

“Isso compromete porque é muito caro. Uso ônibus e pago as passagens, hoje tô gastando quatro passes por dia. Eu fiz um calculo outro dia devo gastar em torno de R$  600,00 com transporte. É dinheiro. Com esse valor posso comprar em alimento e até viajar se guardar dinheiro”.

Ana Beatriz Braz Ramos, de 21 anos, é bolsista de grupos de iniciação científica na faculdade. Ela conta que quem gasta mais com transporte é a mãe, mas que é descontado dos 6% do salário, que corresponde a pouco mais de um salário mínimo (R$ 1.412).

Ana Beatriz é estudante e gasta quase R$ 225,00 por mês para se locomover (Foto: Marcos Maluf)
Ana Beatriz é estudante e gasta quase R$ 225,00 por mês para se locomover (Foto: Marcos Maluf)

Ana ganha R$ 700,00 com a bolsa e usa o ônibus para chegar até a fisioterapia duas vezes na semana. “Esses eu pago. Eu devo gastar uns R$14,00 por dia, quatro vezes na semana. Por mês isso dá quase R$ 225,00 de ônibus. Pesa quanto estudante. “Acho que compromete muito a renda, porque juntando dá muito".

Atualmente, o vale transporte de ônibus custa R$ 4,75 em Campo Grande, para alguém que ganha um salário mínimo, e desconta em folha o benefício, o gasto é de R$ 84,00 por mês para se locomover. Em uma situação hipotética, alguém que não usa o vale transporte, mas esporadicamente pega ônibus cinco vezes por semana (ida e volta) gasta, em média, R$ 190,00.

O comerciante João Braga e Silva, de 42 anos, comenta que  se locomove com carro próprio e gasta pouco mais de R$450,00 com transporte por mês, apenas indo trabalhar.

“Agora só uso álcool porque está mais barato que a gasolina, mas ainda assim é um gasto alto para minha renda, que não chega a três salários mínimos. Mas preciso do carro pra conseguir vir ao centro comprar as coisas que preciso. Não tenho costume de andar com aplicativos nem de ônibus”

A empregada doméstica Valdineia Debete, de 40 anos, deixou de pegar ônibus para investir em uma bicicleta elétrica. Para ela o motivo foi o custo e o tempo de trajeto. Sem revelar o valor que gasta, ela conta que apenas troca a bateria uma vez ao ano e que o montante é pequeno para alguém que ganha menos de dois salários mínimos.

Valdineia Debete usa bicicleta elétrica para ir até o serviço (Foto: Marcos Maluf)
Valdineia Debete usa bicicleta elétrica para ir até o serviço (Foto: Marcos Maluf)

Como fazer para economizar? Márcio Coutinho, economista, explica que são diversas realidades e que não existe uma receita pronta para economizar. Entretanto, compartilha algumas dicas para quem deseja reduzir o impacto do transporte no bolso.

“Quem tem carro  pode compartilhar o trajeto, talvez seria uma saída. Outra é de repente fazer rodízio, tentar mudar isso, se você puder ir a pé. Tem que ter criatividade para tentar encontrar uma maneira para economizar. É difícil você sair de uma situação onde já tem um certo conforto para mudar totalmente. É complexo. Se usa ônibus, será que vale a pena andar a pé, será que tem condições, é bem delicado e difícil de ser tomada”.

Entre as medidas possíveis para quem vai trabalhar com carros de aplicativos o “macete” é se programar. Descobri quanto e gastos com o transporte por mês, o que influencia a pegar o meio de locomoção; em seguida organizar as idas e vindas, pesquisar as tarifas e os horários com menor valor. Também é válido encontrar caronas e combinar diferentes modalidades de transporte.

O economista ressalta que Campo Grande segue tendência nacional quanto ao gasto com transporte. Ele se baseia em pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) onde usa o cálculo do IPCA (Índice de preços ao consumidor), que são os hábitos de consumo em diversos itens, como alimentação e transporte.

“O que a gente percebe tanto no Brasil quanto em Campo Grande, o peso em relação ao que as pessoas consomem são semelhantes. Nos três primeiros meses de 2024, de acordo com o IBGE, a nível Brasil, média de 20,7% são com transporte, em Campo Grande o percentual é de 21,6%. ou seja, de tudo o que a pessoa gasta, esse valor está relacionado ao transporte”

IPCA - Em abril, o setor de transportes ajudou a puxar o IPCA na Capital. Os combustíveis e conserto de automóvel levam o grupo ao aumento de 0,32%. Conforme o IBGE, o número foi influenciado pelo item combustíveis, que aumentou 0,57%, e teve influência direta dos subitens gasolina (0,46%) e do etanol (5,8%).

Também trouxeram o grupo para cima os subitens consertos de automóvel, que subiu 1,03%, e ônibus intermunicipais (4,01%).

*Colaborou Antonio Bispo

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