Pecuaristas discutem gestão e tecnologia para aumentar lucratividade
Tudo o que se pode fazer para ampliar a rentabilidade do pecuarista sul-mato-grossense e garantir a qualidade da carne é foco das discussões da segunda etapa do Circuito Expocorte, evento que reúne mais de mil pecuaristas até amanhã (29), em Campo Grande. Especialistas de entidades ligadas ao setor em Mato Grosso do Sul e São Paulo estiveram na abertura hoje, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo.
O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) participaram do encontro, nesta manhã. Ambos destacaram a importância do setor para a economia do país e se mostraram otimistas frente ao cenário atual do mercado de abates, que teve retração nos últimos meses, com encerramento de atividades de 16 unidades frigoríficas em MS.
Umas das apostas para o futuro da pecuária, que motiva os criadores de MS, é o conceito do boi 7.7.7, desenvolvido pela Apta (Agência Paulista de tecnologia no Agronegócio). O método faz com que o rebanho engorde em menos tempo, aumentando a rentabilidade.
Um dos palestrantes desta manhã falou sobre o cenário da carne bovina no próximo triênio. José Américo Amaral é gerente de inteligência de mercado do Minerva Foods, grupo dono de frigorífico em Batayporã, que fechou em julho deste ano.
Para o gerente, a paralisação de plantas não se dá, necessariamente, pela falta de boi. “Não que isso não esteja ocorrendo, mas o que gera o fechamento das plantas é a retração do consumo interno, que é responsável por 80% da produção de Mato Grosso do Sul. Com essa crise na economia do país, caiu a renda das famílias e por isso diminuiu o consumo”, disse, ao destacar que o fechamento da planta do Minerva em MS se deu por conta de uma estratégia de readequação operacional. A unidade era a única do grupo no Estado.
Estratégias - A ampliação do mercado externo, que consome cerca de 20% do que é abatido em MS, pode ser uma alternativa para aquecer o setor, segundo o gerente. “Estamos focados na exportação. Existe um mercado amplo a ser explorado. Os Estados Unidos terem aberto o mercado é uma notícia excelente, mas tem-se ainda uma série de burocracia nessa negociação”. O fato de a China importar de oito plantas no país, ainda não muda todo o cenário, na avaliação de José.
Outro aspecto positivo na atual conjuntura da pecuária é o interesse do produtor pela qualidade e agilidade na engorda do gado, na opinião do especialista. “O criador está fazendo seu trabalho de casa muito bem, investindo cada vez mais em tecnologia e isso tem contribuído para o setor”, comentou José.
Rentabilidade - O que as fazendas mais lucrativas têm em comum? Esse foi o ponto de partida da palestra do consultor Antônio Chaker, da Terra Desenvolvimento Agropecuário, que apresentou aos pecuaristas sul-mato-grossenses dados animadores dos resultados de fazendas que investiram em um modelo de gestão específico. O levantamento da safra 2013/2014 no país destaca 30% dos produtores. Eles mantêm rentabilidade acima da média.
“Enquanto a média é R$ 80 de lucratividade por hectare ao ano, 30% dos pecuaristas chegam aos R$ 400 e 10% deles alcançam os R$ 700. Isso tudo é fruto de um modelo de gestão, em que há um líder incentivador de toda a equipe, que tem que estar focada nos resultados. Então, vemos que não é tanto o investimento financeiro, mas a gestão certa que leva ao sucesso”, disse Antônio.
Programação – Às 14h00 de hoje, haverá a palestra "Genética - onde tudo começa", com Alexandre Zadra, às 14h30 o tema é "Nutrição fetal - O futuro do seu bezerro", com Pedro Veiga.
O evento continua amanhã e termina com debate entre representantes da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Embrapa Gado de Corte (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) e o secretário de Produção e Agricultura Familiar, Fernando Mendes Lamas. Para conferir a programação completa do Circuito Expocorte acesse http://www.circuitoexpocorte.com.br.