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Economia

Ponte binacional já tem pré-projeto do Dnit e inclui anel viário em Murtinho

Silvio Andrade, especial para Campo Grande News | 03/09/2017 09:47
Caravana da expedição que saiu de Mato Grosso do Sul com destino à costa do Pacífico. (Foto: Silvio Andrade)
Caravana da expedição que saiu de Mato Grosso do Sul com destino à costa do Pacífico. (Foto: Silvio Andrade)

Campo Grande (MS) – O governo brasileiro pretende lança até o fim do ano a licitação internacional para construção da ponte de 500 metros sobre o Rio Paraguai, na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, assegurou o coordenador-geral de Assuntos Econômicos Latino-americanos, João Carlos Parkinson de Castro.

Funcionário de carreira do Ministério das Relações Exteriores, Parkinson acompanhou a caravana de gestores públicos e empresários do setor de transportes de cargas em viagem de uma semana pelo Paraguai, Argentina e Chile, encerrada neste sábado, e garantiu que a ponte deixou de ser um sonho de décadas para ser "uma realidade concreta".

Enquanto o pedido de autorização da obra internacional enviada pelo governo tramita no Congresso Nacional – já passou pela maioria das comissões na Câmara dos Deputados e, em seguida, seguirá para o Senado -, o Ministério dos Transportes já definiu suja localização e realizou um pré-projeto de engenharia, incluindo um anel viário em Porto Murtinho.

O estudo de impacto ambiental está em andamento, sob a coordenação da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), com a participação da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e Instituto Federal (IFMS).

Paisagem rumo ao Porto Iquiqui, no Chile  (Foto: Silvio Andrade)
Paisagem rumo ao Porto Iquiqui, no Chile (Foto: Silvio Andrade)

Desafios não são apenas físicos - A construção da ponte entre a cidade portuária de Mato Grosso do Sul e Carmelo Peralta, no Paraguai, é vital para consolidar a rota de integração latino-americana para o Pacífico, reduzindo em oito mil km a distância hoje percorrida pelas cargas brasileiras por navios até os portos chilenos de Iquiqui, Antofagasta e Mejillones.

A viabilidade do novo corredor de cargas, turismo e outros serviços ainda depende da pavimentação de 600 km da Transchaco, entre Carmelo Peralta à fronteira com a Argentina, garantida pelo governo paraguaio, que já realizou licitação do primeiro trecho, de 277 km. A rota terá uma extensão de três mil km.

Os obstáculos para chegar à costa do Pacífico não são apenas físicos, conforme ficou constatado na viagem realizada pela caravana brasileira, formada por mais de 80 pessoas em 29 caminhonetes. A questão aduaneira preocupa e o Brasil pretende reduzir a burocracia em acordo com os demais países, enquanto as obras de infraestrutura são executadas.

O representante do Ministério das Relações Exteriores reconheceu as dificuldades atuais de tramitação de papéis para legalizar a entrada de cargas e pessoas, apesar dos acordos do Mercosul, conforme alertou o secretário de Infraestrutura de Mato Grosso do Sul, Marcelo Miglioli.
Brasil investirá R$ 90 milhões.

Parkinson explicou que sendo aprovado o projeto da ponte sobre o Rio Paraguai, Brasil e Paraguai formarão uma comissão mista que determinará a abertura da licitação internacional, cujo processo será concluindo até o fim deste ano. O início das obras está previsto ainda no primeiro semestre de 2018, com conclusão em dois anos.

A ponte binacional será construída a seis km ao norte de Porto Murtinho, subindo o rio, e o governo brasileiro, por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), fará um desvio rodoviário entre a BR-267 para acesso à nova estrutura fluvial, cujo projeto está em elaboração.

Coordenador-geral de Assuntos Econômicos Latino-americanos, João Carlos Parkinson de Castro. (Foto: Silvio Andrade)
Coordenador-geral de Assuntos Econômicos Latino-americanos, João Carlos Parkinson de Castro. (Foto: Silvio Andrade)

O Brasil não recorre a fontes internacionais para garantir sua parte no investimento da ponte. Segundo Parkinson, não se ventila recorrer ao Fontlapa (Fundo de Desenvolvimento da Bacia do Prata). O custo da obra ficou definido em R$ 100 milhões, dividido entre os dois países. O Brasil ainda investirá R$ 40 milhões na construção do anel viário.

"Não é muito dinheiro para o benefício que a obra representará para o Mercosul, em especial para a abertura de novos mercados para Mato Grosso do Sul em direção ao pacífico", disse o coordenador de assuntos econômicos latino-americanos do Ministério das Relações Exteriores.

Parkinson destaca ação políticaNo encontro realizado na sexta-feira, em Assunção, pelo governo paraguaio com os integrantes da caravana, o senador WaldemirMoka firmou compromisso da bancada federal de Mato Grosso do Sul em assegurar os recursos financeiros no orçamento de 2018 da União. Parkinson elogiou o empenho da bancada e do governo de Mato Grosso do Sul para que isso se efetive.

"A articulação política é muito importante nesse momento, na tramitação do projeto no Congresso e na definição da fonte dos recursos, e o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, tem se dedicado para que a ponte seja construída", disse. "A obra é um grande projeto de desenvolvimento para o Estado."

A expedição realizada pela caravana de Mato Grosso do Sul à costa do Pacífico foi concluída com êxito, sem acidentes, e a palavra empenada pelos ministros de Obras e de Relações Exteriores do Paraguai, na sexta-feira, quanto a pavimentação da Transchaco, foi festejada com entusiasmo pelas autoridades e empresários do Estado.

Comunidade de Camilo Peralta, as margens do rio, mas do lado paraguaio. (Foto: Silvio Andrade)
Comunidade de Camilo Peralta, as margens do rio, mas do lado paraguaio. (Foto: Silvio Andrade)

Variações de clima e altitude - Os integrantes da Rali (Rota da Integração Latino-Americana) retornaram a Campo Grande neste sábado, depois de percorrerem pelo menos 5.900 km (ida e volta), passando pelo Paraguai, Argentina e Chile. O Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística, que teve o apoio do Governo do Estado neste evento, organizará seu encerramento na Capital.

O pior trecho dessa maratona foi o paraguaio, não pavimentado, e as variações térmicas e altitudes também desafiaram seus participantes. O grupo embarcou em Porto Murtinho, no dia 25 de agosto, a uma temperatura de 28 graus, e chegou aos Andes com quatro graus. Se esperava uma temperatura negativa.

A altitude nas cordilheiras causou alterações físicas em algumas pessoas, que chegaram a ser socorridas na aduana de Paso de Jama (Argentina-Chile), por dificuldades de respiração e tontura. A pressão foi muito forte para quem saiu de Campo Grande (504 metros) e cruzou os Andes (4.900 metros). A menor altitude do trecho foi em Resistência (Argentina): 53 metros.

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