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Economia

Reativação da UFN3 encontrará expectativa e tristeza em Três Lagoas

Cidade terá aquecimento da economia, mas ainda é presente a memória das empresas que quebraram em 2014

Por Maristela Brunetto | 07/11/2023 16:30
Presidente da Petrobrás visita obra e expectativa é de retomada para conclusão de fábrica de fertilizante (Foto: Perfil News)
Presidente da Petrobrás visita obra e expectativa é de retomada para conclusão de fábrica de fertilizante (Foto: Perfil News)

Incluída nas diretrizes estratégicas da Petrobras e no pacote do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a possibilidade de conclusão da fábrica UFN3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados) de Três Lagoas desperta um misto de expectativa e dor na cidade.

O debate sobre a retomada do empreendimento, que pretende produzir 3,2 mil toneladas de ureia/dia e 2,2 mil toneladas de amônia e ajudar a reduzir a dependência nacional, leva à cidade nesta quarta-feira o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, o vice-presidente  da Republica, Geraldo Alckmin e os ministros Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Alexandre Silveira (Minas e Energia).

O governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB), participou de várias reuniões ao longo deste ano em busca da retomada do empreendimento e acompanhará o grupo, que deve visitar a estrutura pela manhã desta quarta-feira, 8.

Para o empresariado local, se por um lado é uma novidade para aquecer a economia, por outro lado resgata uma memória de tristeza, já que em 2014, quando foi paralisada a obra, três anos após o início, para trás ficou um passivo de empresas endividadas e ações trabalhistas. A paralisação ocorreu na época que a Petrobras ficou no epicentro da operação Lava Jato.

O consórcio que tocava as obras, formado pela chinesa Sinopec e a Galvão Engenharia, deixou dívidas com 134 empresas, conforme a conta feita à época, com valores superiores a R$ 60 milhões, além dos direitos de trabalhadores.

Por isso o misto de expectativa e dor, nas palavras do presidente da Associação Comercial e Industrial de Três Lagoas, Diego Barbosa Gomes. Ele pontua que um empreendimento desse porte vai agregar muito à economia local, seja a obra em si ou a cadeia que deve gerar no comércio e serviços, atraindo novos negócios à cidade.

Em relação à memória negativa sobre o empreendimento, Gomes conta que muitos empresários quebraram ou regrediram, outros perderam a esperança de receber valores, a medida que o tempo passa. Já são cerca de nove anos desde a desativação, quando a obra tinha alcançado 80% da estrutura. Há estimativa de que a conclusão demanda US$ 750 milhões em investimento.

Quando foi anunciada a paralisação, trabalhadores e empresas credoras protestaram diante da obra da fábrica (Foto: Perfil News)
Quando foi anunciada a paralisação, trabalhadores e empresas credoras protestaram diante da obra da fábrica (Foto: Perfil News)

Na época, houve protestos em frente à obra, o Ministério Público se envolveu nos embates e ingressou com uma ação civil pública em face da Petrobras para cobrar valores, que acabou sendo rejeitada em primeiro grau e no TJMS (Tribunal de Justiça), conforme a assessoria jurídica da Associação Comercial. Com as empresas do consórcio ingressando com recuperação judicial, alguns credores acabaram aceitando negociação com valores menores, lembra Fernando Jurado, empresário que ajudou os colegas na cidade a se reunir para reivindicar valores.

Ele conta que os menores foram os mais impactados, como donos de vans para transportar empregados, fornecedores de alimentação para os trabalhadores, de vigilância.

O presidente da Associação Comercial disse que desconhecia o roteiro da visita técnica de amanhã na unidade, também não soube de movimentação de políticos locais em torno da ida de autoridades à cidade.

Reduzir a dependência – O presidente da Aprosoja MS, Andre Dobashi, informou que o Brasil produz cerca de 7 milhões de toneladas de fertilizantes, bem aquém do necessário para a produção agrícola. Ele explicou que é necessário importar 40 milhões toneladas, ou seja, o País produz apenas 17,5% do que traz de fora.

Elevar a produção se revelou ainda mais urgente depois da guerra entre Rússia e Ucrânia porque este país é um fornecedor importante. Dobashi reconhece a dificuldade para atingir a autossuficiência diante dos valores que seriam necessários.

Para o produtor rural, o que pode ocorrer, com a conclusão da fábrica e a produção de fertilizante, é a economia no transporte, diante da proximidade, e o fim de uma taxa de importação de 2% que começou a ser cobrada este ano, explicou.

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