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Educação e Tecnologia

Audiência debate Novo Ensino Médio e pede sua revogação

Participantes pedem a participação popular, de especialistas e das comunidades escolares numa reforma eficaz

Lucia Morel e Mylena Fraiha | 11/04/2023 16:18
Representantes de entidades em audiência pública esta tarde no Teatro Dom Bosco. (Foto: Mylena Fraiha)
Representantes de entidades em audiência pública esta tarde no Teatro Dom Bosco. (Foto: Mylena Fraiha)

Audiência pública esta tarde, no Teatro Dom Bosco, vai encaminhar documento ao MEC (Ministério da Educação) pedindo a participação popular, de especialistas e das comunidades escolares para que haja uma reforma do ensino médio e a efetiva revogação do novo modelo, implantado e em expansão na educação pública brasileira desde 2019.

Professores e entidades de classe, bem como o deputado estadual Pedro Kemp (PT), participam do ato que debate os problemas e pede que a modelagem não seja implementada através de uma Medida Provisória, por exemplo, como ocorreu com o Novo Ensino Médio.

“A audiência pública quer aprofundar o debate sobre este Novo Ensino Médio que foi implantado sem uma participação da comunidade escolar e dos professores. É bom a gente lembrar que essa reforma foi implantada por medida provisória, no governo Michel Temer. E uma reforma tão ampla assim, por medida provisória, é um absurdo”, destacou Kemp, que também é professor.

Estudante Felipe Maciel Pacheco, 18 anos. (Foto: Mylena Fraiha)
Estudante Felipe Maciel Pacheco, 18 anos. (Foto: Mylena Fraiha)

Ele lembra que mudanças no ensino médio são necessárias e há tempos. “A gente já queria antes fazer uma reforma do ensino médio, mas discutindo com os professores, o sindicato, com pesquisadores. Então, agora, nós queremos aprofundar o debate pra discutir os retrocessos que nós tivemos com a implantação dessa proposta e pressionar o Ministério da Educação a revogar esta proposta e discutir com a participação da comunidade escolar”, sustentou.

Presidente da ACP (Sindicato Campo-grandense de Professores), Gilvano Kunzler Bronzoni sustenta que “Infelizmente, a escola pública não está equipada com a nova grade curricular do ensino médio e isso cria um problema para os professores, que precisam ensinar disciplinas que não possuem formação adequada”, comenta.

Tal situação é bem exemplificada pelo estudante Felipe Maciel Pacheco, 18 anos, que atualmente é estudante de Ciências Sociais na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), mas formou-se em escola que aplicou o Novo Ensino Médio.

“Os novos componentes curriculares eram completamente desconectados do contexto do ensino médio, que deveria preparar os alunos para os vestibulares. Em vez disso, aprendemos a fazer brinquedos manuais e jogar RPG, assuntos que nada têm a ver com a realidade do ensino médio”, afirmou.

Ele fez o ensino médio em Maracaju, na Escola Estadual Cambarai, que foi uma das escolhidas em Mato Grosso do Sul para implementar o Novo Ensino Médio. “Foi uma experiência terrível. Os professores não tinham a qualificação necessária para ensinar os novos componentes curriculares e os alunos não estavam preparados”, citou.

Professores participando de audiência pública. (Foto: Mylena Fraiha)
Professores participando de audiência pública. (Foto: Mylena Fraiha)

Por fim, Gilvano afirmou que “a escola pública hoje, no Brasil, tem sofrido um grave prejuízo, do ponto de vista da formação dos nossos jovens, dos nossos alunos. A educação deve preparar tanto para o mercado de trabalho, que é importante, quanto para a formação cidadã”, o que, em sua avaliação, não é alcançado com o Novo Ensino Médio.

Suspensão – No último dia 5 de abril, o governo federal oficializou a suspensão do cronograma de implementação do Novo Ensino Médio. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União e vale por 90 dias, até conclusão da consulta pública.

Esta será feita por meio de audiências públicas, oficinas de trabalho, seminários e pesquisas nacionais com estudantes, professores e gestores escolares sobre a experiência de implementação do Novo Ensino Médio nos 26 estados e Distrito Federal.

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