Audiência debate Novo Ensino Médio e pede sua revogação
Participantes pedem a participação popular, de especialistas e das comunidades escolares numa reforma eficaz
Audiência pública esta tarde, no Teatro Dom Bosco, vai encaminhar documento ao MEC (Ministério da Educação) pedindo a participação popular, de especialistas e das comunidades escolares para que haja uma reforma do ensino médio e a efetiva revogação do novo modelo, implantado e em expansão na educação pública brasileira desde 2019.
Professores e entidades de classe, bem como o deputado estadual Pedro Kemp (PT), participam do ato que debate os problemas e pede que a modelagem não seja implementada através de uma Medida Provisória, por exemplo, como ocorreu com o Novo Ensino Médio.
“A audiência pública quer aprofundar o debate sobre este Novo Ensino Médio que foi implantado sem uma participação da comunidade escolar e dos professores. É bom a gente lembrar que essa reforma foi implantada por medida provisória, no governo Michel Temer. E uma reforma tão ampla assim, por medida provisória, é um absurdo”, destacou Kemp, que também é professor.
Ele lembra que mudanças no ensino médio são necessárias e há tempos. “A gente já queria antes fazer uma reforma do ensino médio, mas discutindo com os professores, o sindicato, com pesquisadores. Então, agora, nós queremos aprofundar o debate pra discutir os retrocessos que nós tivemos com a implantação dessa proposta e pressionar o Ministério da Educação a revogar esta proposta e discutir com a participação da comunidade escolar”, sustentou.
Presidente da ACP (Sindicato Campo-grandense de Professores), Gilvano Kunzler Bronzoni sustenta que “Infelizmente, a escola pública não está equipada com a nova grade curricular do ensino médio e isso cria um problema para os professores, que precisam ensinar disciplinas que não possuem formação adequada”, comenta.
Tal situação é bem exemplificada pelo estudante Felipe Maciel Pacheco, 18 anos, que atualmente é estudante de Ciências Sociais na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), mas formou-se em escola que aplicou o Novo Ensino Médio.
“Os novos componentes curriculares eram completamente desconectados do contexto do ensino médio, que deveria preparar os alunos para os vestibulares. Em vez disso, aprendemos a fazer brinquedos manuais e jogar RPG, assuntos que nada têm a ver com a realidade do ensino médio”, afirmou.
Ele fez o ensino médio em Maracaju, na Escola Estadual Cambarai, que foi uma das escolhidas em Mato Grosso do Sul para implementar o Novo Ensino Médio. “Foi uma experiência terrível. Os professores não tinham a qualificação necessária para ensinar os novos componentes curriculares e os alunos não estavam preparados”, citou.
Por fim, Gilvano afirmou que “a escola pública hoje, no Brasil, tem sofrido um grave prejuízo, do ponto de vista da formação dos nossos jovens, dos nossos alunos. A educação deve preparar tanto para o mercado de trabalho, que é importante, quanto para a formação cidadã”, o que, em sua avaliação, não é alcançado com o Novo Ensino Médio.
Suspensão – No último dia 5 de abril, o governo federal oficializou a suspensão do cronograma de implementação do Novo Ensino Médio. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União e vale por 90 dias, até conclusão da consulta pública.
Esta será feita por meio de audiências públicas, oficinas de trabalho, seminários e pesquisas nacionais com estudantes, professores e gestores escolares sobre a experiência de implementação do Novo Ensino Médio nos 26 estados e Distrito Federal.