Operário dá 1º passo para virar SAF com aprovação unânime do conselho
Colegiado aprova memorando por unanimidade e libera empresa a comandar o futebol desde já

Operário Futebol Clube aprovou o memorando que inicia a transformação do Galo em SAF (Sociedade Anônima do Futebol), apresentado pela IM Global Sports, na noite desta segunda-feira (17), no Clube Ipê, em Campo Grande, após reunião de mais de três horas que ocorreu para definir a continuidade do processo, porque o clube busca nova gestão para o departamento de futebol.
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O Operário Futebol Clube aprovou, por unanimidade, o memorando que inicia sua transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). A decisão foi tomada em reunião realizada no Clube Ipê, em Campo Grande, com 20 conselheiros votantes autorizando a IM Global Sports a assumir o comando do departamento de futebol. A empresa, representada pelo escritório SRST Advogados, poderá administrar o elenco, escolher a comissão técnica e organizar as finanças mesmo antes da formalização jurídica da SAF. Uma nova assembleia está prevista para dezembro, quando serão votados o Estatuto e o contrato definitivo da sociedade.
Trinta e seis conselheiros participaram do encontro, sendo 20 aptos a votar, e todos deram aval ao documento com placar de 20 a 0. A aprovação autoriza a empresa a assumir o comando do futebol mesmo antes da formalização jurídica da SAF.
Ao Campo Grande News, o presidente Nelson Antônio da Silva afirmou que a decisão “autoriza a empresa a tocar o departamento de futebol mesmo antes da SAF ser constituída”. Ele disse que o memorando será assinado ainda nesta semana pela diretoria do clube e pela IM Global Sports, representada pelo escritório SRST Advogados (Santos Rodrigues Santiago Tonello & Sales Delmondes). O escritório pertence aos irmãos de Eduardo Maluf, empresário campo-grandense conhecido nacionalmente por sua atuação na música e no futebol. Ele é o nome por trás da Dut’s Marketing Esportivo, responsável por impulsionar carreiras de artistas sertanejos como Michel Teló, Maria Cecília & Rodolfo, Gusttavo Lima e a banda Tradição.

Para a reportagem, Nelson explicou que, a partir desta aprovação, a empresa pode administrar o elenco, escolher a comissão técnica e organizar a parte financeira. “Eles podem gerir todo o futebol do Operário a partir de agora. Podem contratar, montar a equipe e conduzir as tratativas necessárias para as competições do ano que vem”, afirmou.
O atual dirigente destacou que o plano entregue pela empresa prevê reorganização administrativa e melhorias internas. Ele afirmou que a IM Global terá de promover mudanças básicas na rotina do departamento. “O Operário não tem estrutura física hoje, então essa reestruturação será necessária”, disse. Ele afirmou que o aporte financeiro ainda não está definido porque as discussões seguem abertas. “Ainda vamos discutir isso formalmente antes do documento final”, declarou.
Coronel Nelson também afirmou que o conselho deu continuidade ao processo porque busca evolução esportiva e estabilidade no planejamento. “É um projeto de médio e longo prazo para fortalecer o Operário, profissionalizar ainda mais a gestão e fazer o time subir de série”, afirmou. Ele disse que a torcida cobra participação mais forte no cenário nacional. “Queremos avançar de fase na Copa do Brasil e subir para a Série C e depois para a Série B”, completou.
Ainda segundo a apuração da reportagem, o encontro não teve presença de representantes da IM Global Sports, mas o presidente afirmou que a empresa deve participar da próxima reunião. Ele explicou que uma nova assembleia será convocada para dezembro, possivelmente no dia 1º, para votar o Estatuto e o contrato definitivo da sociedade. “Essa etapa conclui o processo e autoriza a constituição formal da SAF”, afirmou. Ele ressaltou que a data pode sofrer alteração, conforme o andamento dos trabalhos da empresa.
Histórico - A transformação do Operário em SAF deve seguir os moldes da Lei 14.193/2021, que permite que clubes de futebol deixem de ser associações civis e passem a funcionar como empresas. A mudança possibilita que investidores assumam a gestão do futebol, separando-a das demais atividades da associação e garantindo autonomia financeira.
O empresário Eduardo Maluf destacou que é um "super entusiasta" da ideia e confirmou que está disposto a fazer o investimento em caso de sinal verde do Operário. "Se amanhã for da vontade do clube, da sua diretoria e de todos, a gente vê com ótimos olhos. Até por ser também um grande clube da nossa cidade e Estado."
Em Mato Grosso do Sul, o Futebol Clube Pantanal (antiga Atlética Portuguesa) foi o primeiro a se tornar uma SAF, mas segue sem investidor. O Esporte Clube Comercial, que está afundado em crise, também iniciou conversas para virar SAF.
De acordo com Nelson, o Operário tem um estatuto atualizado para se mudar ao molde de SAF e uma possível transformação depende só da autorização do Conselho Deliberativo do clube. Atualmente, o Galo disputa o Campeonato Brasileiro Série D no masculino e a 3ª divisão no feminino.
Em termos mais simples, a SAF é um tipo específico de empresa criada para que clubes de futebol deixem de ser associações civis sem fins lucrativos e passem a funcionar como empresas. A mudança pode ocorrer de algumas maneiras. A primeira é por conversão da associação civil em sociedade anônima.
A outra é por meio da criação de um novo CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica), com separação do departamento de futebol da estrutura da associação. A principal diferença entre associação e SAF está na forma de gestão.
Uma associação é regida por estatuto, com diretoria, sócios e conselhos. A SAF é uma empresa e pode ter dono (algo que a associação não permite). A SAF abriu a possibilidade de venda parcial ou total do futebol a novos proprietários, como empresários, fundos de investimento e até por meio da abertura de capital na Bolsa de Valores. O Cuiabá foi o primeiro clube do País a nascer estruturado como SAF.
Já o Cruzeiro Esporte Clube foi o primeiro a migrar do modelo associativo para sociedade anônima. O ex-jogador Ronaldo “Fenômeno” comprou o clube em dezembro de 2021 e o revendeu neste ano para o empresário Pedro Lourenço, dono de uma rede de supermercados em Minas Gerais e no Espírito Santo. Na Série A, também são SAFs Botafogo, Bahia, Atlético Mineiro e Fortaleza.
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