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Artes

Em MS, ex-ministro anuncia aporte de R$ 500 milhões para setor cultural

Juca Ferreira confirmou repasse do BNDES para financiamento de obras culturais em 2024

Por Gustavo Bonotto | 08/11/2023 20:20
Juca Ferreira e Joel Pizzini, durante palestra ocorrida na Câmara Municipal de Bonito. (Foto: Theresa Hilcar)
Juca Ferreira e Joel Pizzini, durante palestra ocorrida na Câmara Municipal de Bonito. (Foto: Theresa Hilcar)

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico) vai liberar R$ 500 milhões em linhas de crédito para o setor cultural em 2024, de acordo com o ex-ministro da Cultura e atual assessor da presidência da instituição, Juca Ferreira, no quarto dia de Bonito Cinesur, evento que acontece a 297 quilômetros de Campo Grande, nesta quarta-feira (8).

A confirmação se deu durante o seminário sobre turismo, meio ambiente, desenvolvimento sustentável e perspectivas econômicas para a América do Sul, mediada pelo cineasta Joel Pizzini. Sem poupar críticas ao governo anterior, o ex-ministro disse que o país sofreu um desmonte de suas políticas culturais e sociais.

O aporte é resultado da preocupação com o setor. Diante do cenário, afirmou que a expectativa para o setor do áudio visual é favorável. "O mundo está interessado no Brasil e precisamos aproveitar este momento", ressaltou Ferreira, destacando que o desempenho do governo Lula no exterior é um fator que vai contribuir com a retomada do setor", disse Ferreira à reportagem.

Conforme noticiado, o BNDES já havia apontado o montante em entrevista à Folha de São Paulo. "Precisamos de uma agenda ofensiva em defesa da cultura, do cinema e do audiovisual brasileiro", disse Aloízio Mercadante, presidente do órgão.

Competição - Do alto de sua larga experiência como ministro da Cultura, secretário executivo do ex-ministro Gilberto Gil e secretário também de cultura em Salvador, Ferreira contou que sofreu várias pressões da indústria americana para que o cinema brasileiro não prosperasse. "Chegaram a me dizer que poderíamos fazer filmes à vontade desde que não nos metessem no trabalho deles". Isto porque, ainda segundo ele, os filmes americanos são muito mais que entretenimento, eles introduzem toda uma cultura norte-americana.

E é pensando na questão cultural do povo brasileiro que Ferreira acha importante a regionalização do cinema. "Nós temos o direito de nos ver na tela, sejam pernambucanos, baianos ou sul-mato-grossenses". E explica: "Cidade de Deus" está entre os 100 filmes mais assistidos no mundo. E isto, destacou, mostra que as pessoas se sentem representadas. "Miséria ou violência, é disto que o Brasil também é feito, não podemos fugir disto."

O cinema, na opinião do atual secretário da presidência do BNDES, tem a missão de contribuir com o avanço da linguagem. "Ele é importante, mesmo que não tenha público", dispara, dando como exemplo a bossa nova. "Quando ela surgiu, não havia público para consumi-la". Nesse contexto, o ex-ministro destaca a necessidade da criação de um ecossistema do áudio visual e trabalhar principalmente na promoção desses produtos. E nisto, frisa, os americanos são muito bem-sucedidos.

Bastante otimista quanto ao futuro do cinema brasileiro, o ex-ministro da cultura não duvida de que iremos ultrapassar a produção e divulgação dos filmes coreanos, tão em voga atualmente. "O cinema de animação, feito por brasileiros, já conquistou o mundo", ressalta. Como um grande especialista na gestão da cultura brasileira, Juca não esquece da importância do  mercado interno. "Qualquer política que abrir mão do mercado brasileiro está fadada ao fracasso". E concluir: "nada é fácil no Brasil, mas estamos lutando". (com a colaboração de Theresa Hilcar)

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