Após a partida do pai, surpresa dos amigos ajudou Isabella voltar a sorrir

Para Isabella Cristina, de 11 anos, e toda sua família, o dia 2 de junho foi um dia triste, vazio e sem cor. Talvez, o pior que eles tenham enfrentado até agora. Foi nessa data que o pai, Régis Fernando, partiu aos 44 anos, deixando em silêncio a casa que era só alegria por causa do pai brincalhão

Os dias que se passaram foram cinzas. O luto foi tão doloroso que Isabella não foi à escola por alguns dias. Em casa, quieta e recolhida, ela não queria saber dos livros, colegas ou brincadeiras.

No entanto, enquanto ela se fechava em silêncio, os amigos de sala da Escola Municipal Harry Amorim Costa se uniram para mostrar que ela não estava sozinha. Com a ajuda da professora de português, os colegas escreveram cartas e gravaram um vídeo com mensagens de força, saudade e carinho.

 "Quando eu li as cartas, eu vi que eles estavam mesmo com saudade, eu senti o carinho deles. É como se eu tivesse outra família lá na escola, porque eles me acolheram bastante", conta Isabella.

Cada palavra trouxe um pouco de força e coragem para voltar. Quando finalmente retornou à escola, Isabella foi recebida com abraços e muito afeto. "Eles me acolheram", conta.

Para a mãe, Cristina Dantas Yanes, o gesto foi essencial e ajudou no processo de luto da família. "Esse acolhimento fez muita diferença porque nós não temos família em Campo Grande. Ver minha filha tão bem tratada foi como se cada professor, cada colega, estivesse sentindo a nossa dor também. Foi muito humano", conta.

O pai que virou inspiração - Régis Fernando foi mais que um pai para Isabella, era amigo, confidente, parceiro de chocolate e conversas no banco do condomínio. "A gente conversava muito, e ele sempre dava conselhos. Eu cresci indo ao mercado com ele, sempre juntos. Para mim, ele é uma grande inspiração", diz.

Cristina, esposa e companheira de toda uma vida, lembra com carinho do jeito brincalhão do marido. Segundo ela, o amor começou no Paraná, por acaso, quando ela entrou no chaveiro em que ele trabalhava em busca de conserto para uma fechadura.

"A gente se olhou e logo de cara sentiu que tinha algo ali. Depois ele confessou que fazia a fechadura dar problema de propósito, só para me ver", lembra.

Os dois se casaram depois de apenas seis meses de namoro. E com o passar dos anos, o relacionamento seguiu sólido e rodeado de amor. Da relação, vieram três filhos. A caçula, Isabella, Thiago, de 23 anos, e Jordan, de 17.

 "Ele era muito divertido, sarrista, fazia piada em qualquer lugar.  Também fazia declaração de amor e não se importava se outras pessoas estavam olhando. Lembro que ele não tinha vergonha, dançava comigo no calçadão de Londrina, mesmo com pessoas passando ao redor", conta Cristina.

Dedicado à família, Régis também amava cozinhar. "A picanha com alho era maravilhosa, a macarronada também era incrível. Ele gostava muito de ficar em casa, era caseiro, companheiro, amigo para toda hora", recorda.

No dia 2 de junho, Régis partiu após uma luta intensa no hospital. Depois de passar mal em casa, ele foi levado para atendimento médico e descobriu um tumor que perfurou o intestino. Ele ficou internado por 30 dias, lutando com coragem, mas não resistiu.

Apesar da dor, Cristina e Isabella, Jordan e Thiago carregam o legado que Régis deixou. A alegria, companheirismo, lealdade e amor incondicional.

Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.