Aposentado do motocross, Flávio roda o País com suas acrobacias
Amor por manobras radicais passou de pai para filho e hoje é compartilhado por toda a família
Depois de deixar as competições profissionais de motocross, o sul-mato-grossense Flávio Brito, de 49 anos, decidiu permanecer no universo das acrobacias, mas de um jeito diferente. Com o grupo ‘Jacaré du Brejo’, ele e toda a família levam um espetáculo itinerante de manobras radicais a vários lugares Brasil afora.
De Rio Verde, a trupe já rodou por quase todas as cidades do Estado e até cruzou as fronteiras de Mato Grosso do Sul, passando por Rondônia, Mato Grosso, Goiás, São Paulo e pelo interior do Paraná. “Todos os finais de semana estamos por aqui ou em algum estado vizinho. Já fizemos apresentações em rodeios, aniversários de cidade, inauguração de lojas, eventos esportivos e culturais”, conta Flávio.
Apaixonado por motos desde jovem, Flávio acumulou 13 títulos estaduais no motocross e foi pentacampeão estadual de cross country. Em 2012, conquistou o título de campeão brasileiro.
Em 2017, o motociclista pendurou o capacete das competições, mas não ficou longe da pista, decidiu investir no entretenimento radical, montando a empresa “Jacaré du Brejo” e transformando a paixão em negócio e em legado.
“Eu venho do esporte automotor, mas depois criei o grupo para shows. Eu mesmo sou o Jacaré. Pulo a rampa de ferro e faço apresentação com a roupa do jacaré”, conta.
Segundo ele, a paixão pela aventura em duas rodas também alcançou os filhos, que participaram dos shows e já acumulam os primeiros prêmios de motocross, seguindo o caminho do pai. No grupo, um afilhado, a esposa e outros três outros integrantes completam a turma.
Antes de cada apresentação, eles sempre começam com uma oração e uma dinâmica voltada para as crianças, ensinando valores como a importância do estudo, respeito aos mais velhos e obediência.
“Nós deixamos essa mensagem para as crianças, porque o show tem muita criança e as crianças fortalecem, elas acabam levando os adultos”, diz Flávio.
Durante cerca de 1h20 de show, o público fica hipnotizado. Além das manobras, os palhaços do grupo animam a plateia, interagem e arrancam risadas, em um espetáculo que mistura adrenalina, humor e educação.
Para que tudo saia conforme o planejado, a rotina exige treino diário: “Treino em média 30 a 40 minutos por dia, quase todos os dias. Na hora de pular, precisa de muita concentração, é preciso estar 100% focado”, revela Flávio.
Ao lado de Flávio, a esposa Juliana Brito, de 41 anos, também abraçou o mundo das motos. “Quando eu conheci o Flávio, ele já estava no motociclismo. Foi em 2000, e desde então a nossa vida sempre esteve envolvida no esporte. A gente teve os meninos e foi tudo muito natural. Nunca foi forçado, eles sempre gostaram de estar juntos, praticando”, conta.
Juliana também pilota, mas só na cidade. No dia a dia do show, prefere ficar nos bastidores, cuidando de cada detalhe. “Minha parte é cuidar, ajudar a organizar, ver se está tudo ok. Para pilotar profissionalmente, precisa de muito treino, dedicação e tempo. E eles já gostam, já está no sangue deles”, diz.
Mesmo acostumada com a rotina radical, Juliana confessa que o frio na barriga nunca desaparece. “Com certeza dá aquele friozinho. Mas eles treinam muito, não fazem nada sem estar bem preparados. É um show muito participativo, todo mundo interage. A gente brinca muito com as crianças, os palhacinhos fazem graça. É algo que se encaixa”. finaliza.
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