'Aqui mora um príncipe': Letícia construiu família por amor e escolha
Mãe do João Victor, de 13 anos, ela viu na adoção um caminho para o sonho da maternidade

Quando Letícia Mota, de 42 anos, e o marido Marcos decidiram adotar, não sabiam exatamente como seria o rosto da criança, mas tinham certeza de que ela ela viria por amor. “Sempre quis ser mãe, independente de como isso aconteceria. E eu vi na adoção essa possibilidade”, conta a servidora pública.
Casada há quase 18 anos, Letícia relembra que a vontade de adotar surgiu antes mesmo do casamento: “A gente já tinha decidido que teríamos filhos adotivos e biológicos. Era um desejo nosso", detalha.
Após quase 10 anos de tentativas para engravidar, sem explicações médicas ou diagnósticos definitivos, o casal decidiu inverter a ordem dos planos e partiu para a adoção. “Se Deus quiser dar, no tempo dele os bebês vêm. Ao mesmo tempo que, quando não quer, não adianta insistir. Então a gente entendeu que poderia ser uma boa seguir pela adoção”, diz.
O processo começou em 2006 e foi se moldando conforme os encontros e conversas durante o curso preparatório exigido para adoções legais. Inicialmente, queriam um bebê, como a maioria dos casais, mas a cada aula o perfil ia se transformando.
“Fomos conhecendo mais sobre a adoção tardia. Meninos, negros, maiores. Crianças que não têm as mesmas oportunidades que uma bebê branca de olhos claros”, reflete Letícia.
Foi assim que João Victor entrou na vida deles. Com 4 anos e um passado já carregado de memórias difíceis, ele chegou pouco depois do aniversário de 10 anos de casamento de Letícia e Marcos.
“Foi um presente de Deus. Era a realização de um sonho, mas sem aquele tempo de gestação. A adaptação foi acontecendo conforme a gente foi se conhecendo e se permitindo amar. E amar é uma decisão”, diz Letícia.
João lembra do dia em que chegou à nova casa Um momento repleto de carinho e acolhimento. “Tinha um quadro com a frase ‘Aqui mora um príncipe’. Eu lembro das mudanças e lembro de um cheiro, um aromatizador. Até hoje, quando sinto esse cheiro, lembro daquele dia”, afirma.
Depois de ter passado por outras tentativas de adoção com os irmãos biológicos, João foi o último a encontrar um lar definitivo. “Eu fiquei um tempo esperando. Aí apareceram meus pais, e eu fui, gostei”, resume.
Hoje, aos 13 anos, João é um adolescente como tantos outros. Joga bola, vai à escola, reclama de ter que esperar a mãe no trabalho. E ama ter um quarto só dele, com privacidade, e o mais importante, com pertencimento. “É um novo lugar. No abrigo era muita gente, pouca privacidade. Agora eu tenho meu canto”, detalha.
Letícia se emociona ao falar do que o filho representa: “Ele é o maior e melhor presente que Deus nos deu depois da vida. A gente se esforça para que ele tenha um futuro promissor. E eu sempre digo para quem tem vontade de adotar, se informe, se permita. Conheça novas histórias, transforme vidas e tenha sua própria vida transformada”. acrescenta a mãe.
E hoje, João Victor responde sem rodeios o quanto está bem. "Sou muito feliz e amo minha família ", finaliza.
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