Café Saudade é sonho de Raimundo que genro realizou após sogro partir
Raimundo tinha plantação, mas faleceu antes de ver os grãos torrados; paixão era dividida com Weslley
Após descobrir os cafés especiais, Weslley da Silva Soares realmente se apaixonou pelo ramo quando decidiu dividir o sonho do sogro, Raimundo Gonçalves de Souza, em plantar os grãos. O sul-mato-grossense se uniu ao aposentado e ao cunhado na jornada, mas em dezembro de 2023, parte da família sofreu um acidente e partiu sem ver o sonho se concretizar.
RESUMO
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Weslley da Silva Soares, genro de Raimundo Gonçalves de Souza, decidiu honrar a memória do sogro e do cunhado, que faleceram em um acidente, criando o "Café da Saudade". O café, produzido com os grãos da plantação de Raimundo, é uma homenagem ao sonho do aposentado de cultivar café de alta qualidade. Weslley torrou os grãos e produziu o café especial, que recebeu nota alta em avaliação regional, como forma de realizar o desejo de Raimundo e Rodrigo, seu filho. O café foi distribuído entre a família como lembrança, e Weslley continua cultivando o amor pelo café, dedicando tempo ao ritual da bebida e aprofundando seu conhecimento sobre o mundo do café.
Decidido a realizar a vontade de Raimundo e Rodrigo (filho de Raimundo que dividia a plantação e também faleceu no acidente), Weslley torrou os grãos e produziu o “Café da Saudade” como mais uma forma de homenagear aqueles que partiram.
Uma das filhas de Raimundo e esposa de Weslley, Karine Soares conta sobre a história da família e de seu pai. “Somos do estado de Rondônia, mais especificamente de Pimenta Bueno, no interior do Estado. Minhas irmãs e eu nos mudamos para estudar em Campo Grande e, desde então, fizemos dela nossa casa. Sempre mantivemos um forte vínculo com nossas raízes, visitando nosso pai e recebendo suas visitas”.
Apaixonado por plantações e sítios, Raimundo finalmente conseguiu se dedicar à plantação de café quando se aposentou. Esse era um sonho antigo que, nas palavras da filha, foi cultivado com carinho.
“Nos últimos anos, ele aperfeiçoou suas técnicas, participou de avaliação regional e alcançou uma nota de 84,56%. Era sua vida e seu orgulho”. Para além do café, Karine define o pai como um verdadeiro exemplo, um homem que fazia questão de apoiar os estudos dos filhos, amoroso e um trabalhador incansável.
Antes de ter o contato com a terra do sogro, Weslley brinca que já tinha um “pezinho na roça”, como grande parte dos sul-mato-grossenses. Isso porque seus pais moram em um sítio em Terenos e tocam uma queijaria.
Especificamente sobre o café, ele comenta que foi apresentado ao mundo dos grãos gourmet por uma colega de trabalho. “Até aquele momento, eu só consumia café tomado com leite, não conseguia tomar o café tradicional ou extra forte. Vi que aquele café (especial) ia além do amargor habitual, tinha acidez, uma doçura natural”.
Foi assim que a curiosidade surgiu para começar a estudar sobre o tema e realmente entrar no universo do café. Isso começou em 2018 e, depois, o gosto se solidificou com o sogro e sua plantação.
“Passei a dividir um sonho com ele e o filho mais velho, Rodrigo, de criar uma marca de café plantado com zelo e qualidade, além de pontuação. O objetivo era elevar o nome da espécie canephora da variedade robusta”, descreve.
Infelizmente, os dois não conseguiram ver o processo completo se concretizar devido ao acidente que a família sofreu. Fazendo questão de seguir com a vontade da família, Weslley submeteu o café aos órgãos responsáveis e adquiriu uma boa nota regional.
Não chegamos a montar a marca, mas eu realizei o sonho deles com a última saca desse lote premiado. Torramos e rotulamos como o Café da Saudade, tendo notas sensoriais de banana-passa, amadeirado e doce”.
Como memória, cada irmão de Raimundo, a viúva e as filhas ganharam seus exemplares da ‘herança’ deixada.
Para além da plantação, Weslley continua com sua rotina vinculada ao café em seus detalhes cotidianos. “Costumo dizer que o ritual do café me acorda. Sempre que tenho um tempo vago em casa, estou fazendo café. Também tenho alguns equipamentos no trabalho e sempre tiro um tempinho no horário do almoço para fazer aquele cafezão elaborado”.
Ao refletir sobre o que motiva todo o envolvimento com a bebida, o servidor público descreve que o café faz parte das memórias afetivas. E, para além do carinho, todo o conhecimento adquirido também é uma vitória a ser comemorada.
“Uma bebida tão versátil, que é um objeto de estudo pelo mundo é algo tão magnífico, todo dia algo novo, uma forma diferente, um sabor mais complexo ou mais simples. Isso me motiva a continuar estudando e descobrindo mais sobre esse mundo. O ritual, os estudos, até mesmo os erros, te deixa uma paz, enquanto você senta e saboreia o resultado dos seus esforços para tirar o melhor”, completa.
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