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Comportamento

Cansado de ouvir “não”, Eduardo decidiu fazer os próprios livros à mão

O ilustrador transformou mitos de Corumbá em histórias ficcionais; autor já fez 21 obras artesanais

Por Natália Olliver | 13/10/2025 06:50
Cansado de ouvir “não”, Eduardo decidiu fazer os próprios livros à mão
Eduardo da Costa Mendes faz os próprios livros de forma artesanal em Corumbá (Foto: Arquivo pessoal)

Escrever sempre foi um sonho para o ilustrador Eduardo da Costa Mendes, mas publicar uma das inúmeras histórias que criou ao longo dos anos ocupava o primeiro lugar da lista. Cansado dos inúmeros “nãos” na cara que tomou das editoras, Eduardo resolveu fazer tudo ele mesmo: desde a capa até a montagem do livro. Tudo sozinho e de forma artesanal.

RESUMO

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Eduardo da Costa Mendes, ilustrador de 33 anos, transformou sua frustração com as recusas de editoras em um empreendimento único em Corumbá. Ele criou sua própria editora, a Elmo Negro Livros Artesanais, onde produz obras de forma manual, utilizando materiais reciclados. Com 21 livros publicados, Mendes se destaca por abordar temas como ficção científica e terror. Entre suas obras está "Corumbá Reinventada", que resgata lendas locais como o Minhocão e o Pé de Garrafa, adaptando-as para o público jovem. Sua produção artesanal varia de 10 a 100 exemplares por evento, com preços entre R$ 45 e R$ 100.

Com veia de artista desde pequeno e vontade de mostrar os contos por aí, ele fez de tudo para que as editoras publicassem o material. Aos 33 anos, o ilustrador tem 21 livros publicados e 28 escritos. Para ele, o mercado editorial tem certa restrição a publicações de livros que abordam o fantástico, o ficcional, principalmente quando é algo regional.

Eu trabalho com ficção científica, terror e horror. Sempre recebia recusas; sempre fui negado; não deu mais. Então abri minha própria editora, porque, se ninguém quer me publicar e eu não consigo parar de escrever, está na hora de me alavancar e me autopromover. E então eu surgi e criei meu selo editorial, que se chama Elmo Negro Livros Artesanais.

Cansado de ouvir “não”, Eduardo decidiu fazer os próprios livros à mão
Ilustrador faz todo o processo de encadernação, costura, colagem e recorte dos livros (Foto: Arquivo pessoal)

A editora nasceu em 2018 e começou a emitir registros em 2019. O que ele não contava era que a pandemia pudesse atrapalhar tanto a empresa que tinha acabado de começar. Foi nessa época que ele se dedicou a fazer quadrinhos, mas logo percebeu que não chegaria onde queria com eles.

“E aí, nesse meio-termo, durante esse processo de autodescoberta como escritor, de identificação das ferramentas de produção, eu identifiquei outra falha do mercado editorial. E, quando eu digo falha, não é um defeito para o mercado editorial; é uma dificuldade para o autor independente, que é o seguinte: o custo de produção do livro.”

Entre as dificuldades, ele conta que os materiais utilizados na produção de livros no País inviabilizam o trabalho de escritores independentes. Por isso, resolveu usar material reciclado em suas obras.

“Porque eu não ia alcançar os mesmos padrões de visibilidade dos grandes autores. Então, não fazia sentido eu querer entregar material do mesmo nível de qualidade. Então, isso me incentivou a migrar para o meu próprio projeto gráfico”.

Para tornar o processo ainda mais econômico, ele aprendeu a fazer os livros pela internet. Assim, fazia tiragens menores, com melhor custo-benefício.

“Comecei a estudar e a aprender. Fiz vários cursos bem simples de vídeo-aula no YouTube, aprendi a executar processos de costura e fui descobrindo quais eram as ferramentas utilizadas nos processos de dobra, acabamento e furação de papel, ampliando assim meus conhecimentos.”

A tiragem que ele faz varia de 10 a 100 exemplares por evento literário e feira de que participa. Eduardo esteve na 1ª Bienal do Pantanal neste fim de semana e levou inúmeros títulos para o estande, entre eles “Corumbá Reinventada”, que aborda mitos e histórias antigas da cidade.

Mitos de Corumbá

De acordo com o autor, o livro “Corumbá Reinventada” é uma proposta de fazer com que os jovens possam acessar lendas que eram contadas de maneira verbal quando ele mesmo estava nessa faixa etária ou era criança.

Cansado de ouvir “não”, Eduardo decidiu fazer os próprios livros à mão
Cansado de ouvir “não”, Eduardo decidiu fazer os próprios livros à mão
Edurdo levou o livro autoral "Corumbá Reinventada" para Bienal Pantanal (Foto: Juliano Almeida)

Corumbá tem uma grande tradição de contação de histórias baseada na roda de tereré. A gente sentava em roda, e isso era um meio de socializar antes de dormir. Nesse momento, eram contadas histórias do passado, geralmente de cunho sobrenatural. Muito disso vinha de lendas, como o Minhocão, o Pé de Garrafa e o Pomberinho. Existe uma gama de personalidades nas lendas locais.

Eduardo comenta que as lendas eram contadas de maneira inacessível e que pensou em trazer isso para a realidade do jovem, na tentativa de transformar o relato verbal em literário.

Cansado de ouvir “não”, Eduardo decidiu fazer os próprios livros à mão
Cansado de ouvir “não”, Eduardo decidiu fazer os próprios livros à mão
Eduardo começou a fazer livros em 2019, em Corumbá (Foto: Juliano Almeida)

“Hoje, com as redes sociais, não há interesse na permanência dessas histórias, mas trazendo para o cotidiano deles, acreditei que pudesse chamar a atenção. O ‘Corumbá Reinventada’ é uma coletânea de 10 contos que coloca a cidade como plano de fundo para várias histórias ficcionais, baseadas em lendas, colocando elementos da nossa cultura, como o baratão. Diziam que, quando ele morde, você só solta quando dá trovão. Eu morria de medo de ser mordido por um”.

Outros títulos do autor são “O Restaurante do Fim do Mundo”, “O Jogo dos Planetas” e “Ictus Vitae”. O preço dos livros prontos varia de R$ 45 a R$ 100. Eduardo acrescenta que as referências para criar vêm da literatura fantástica. “Mas não tenho algo que sirva como fonte de inspiração. Apenas gosto de escrever”.

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