Claudemir teve que 'renascer das cinzas' para viver da marcenaria
Por anos, o artesão foi tapeceiro, mas problemas de saúde o obrigaram a migrar para uma atividade mais leve
Há três anos, a vida de Claudemir Bonachini Gamino, de 60 anos, mudou drasticamente. O ofício de tapeceiro que desempenhou por anos, de repente, já não podia mais ser feito. A saúde cobrou um preço pelo tempo de serviço pesado. Sem saber o que fazer, ele enxergou na marcenaria um novo jeito de ganhar a vida e ocupar a cabeça.
“É renascer das cinzas. A saúde me pegou e tive três hérnias, aí uma das operações deu problema e vou ter que voltar para arrumar. Quando isso aconteceu, tive que me reinventar. Estou ainda me adaptando à minha nova realidade."
A esposa Maria Aparecida Souza, de 59 anos, também era parceira do marido na tapeçaria. Assim como ele, a saúde impediu que ela continuasse na área. Na divisão das tarefas, Claudemir ficava com a parte mais estrutural, e ela, com o revestimento de sofás, cadeiras e peças. Hoje, eles ainda trabalham juntos, mas ela faz tapetes e ele móveis de madeira.
"A gente teve que dar uma guinada nas coisas. Eu forrava as coisas sozinha praticamente lá. O lado profissional ficou para trás depois disso. A gente ganhava mais também. Eu sempre gostei de fazer tapete, aí comecei. Ele também gostava de madeira. A máquina que usava nos sofás ele usa hoje, aproveitou. A gente pesquisou muito no YouTube primeiro para ver o que poderíamos fazer. Lá o pessoal ensinava como é que fazia. As ferramentas a gente já tinha praticamente todas”, conta Maria.
Claudemir diz que artesanato não é para qualquer um; tem que gostar muito do que se faz. Na pequena loja na frente da casa onde mora no bairro Aero Rancho, ele vende cachepôs para colocar plantas, casinhas de passarinhos, estantes, mesas, bandejas, cadeiras infantis, cestos e o que mais o cliente inventar. O preço varia de R$ 30 a R$ 150 na loja, mas pode aumentar dependendo da complexidade. Como ele está doente, não consegue fazer grandes estoques dos produtos.

As peças são feitas com pinos de eucalipto. “A gente aprendeu assim, na marra, na necessidade. A primeira peça que eu fiz foi um cachepô”, comenta.
Maria acrescenta que o marido sempre foi bom com arte e sempre fez coisas. “Ele é um artista espanhol, tem um sangue artista faz tempo. Ele inventava coisas, fazia sapato para mim. Forrava sapato. Vestido também. Fazia sandália para as crianças. A gente tem três.”
Os dois estão casados há 40 anos e são nascidos e criados em Birigui, interior de São Paulo, e Araçatuba, cidade próxima. A dupla veio para Campo Grande porque a mãe de Maria morava aqui. “Ele amava a sogra”, conta. “Amava mesmo. Ela é mais que a mãe para mim”, completa o marido.
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