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Comportamento

Desesperados, jovens apelam até para caneta abençoada às vésperas do Enem

Naiane Mesquita | 23/10/2015 08:12
Jovens se aglomeram durante missa para conseguir uma caneta abençoada (Foto: Gerson Walber)
Jovens se aglomeram durante missa para conseguir uma caneta abençoada (Foto: Gerson Walber)

Na Missa do Santíssimo realizada na noite de ontem na Igreja Perpétuo Socorro em Campo Grande, a competição deu uma trégua.

Os alunos de escolas públicas, particulares e até de cursinhos caros e exigentes se espremeram em uma fila para receber uma caneta bic abençoada. Tudo para a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) que ocorre neste sábado e domingo em todo o País.

Sabrina Valejo cursa veterinária  em uma faculdade particular e agora vai tentar uma vaga em universidade pública (Foto: Gerson Walber)
Sabrina Valejo cursa veterinária em uma faculdade particular e agora vai tentar uma vaga em universidade pública (Foto: Gerson Walber)

A missa começou pontualmente às 19 horas e foi terminar apenas por volta das 20h30. Quem ficou até o final pode pegar uma caneta bic ou pedir a benção do Padre Dirson Gonçalves.

“Esse é o terceiro ano que realizamos a benção das canetas. A igreja sempre fez a benção de objetos, mas agora com o Santuário isso tem sido mais divulgado, tem uma grande repercussão e se torna uma momento forte, de fé”, acredita o padre.

Dirson afirma que essa busca pela espiritualidade por parte dos jovens “é bonito” e que ideia de realizar a benção partiu da própria congregação.

“Nós sentimos que era uma necessidade. Abençoar o jovem durante uma missa alivia um pouco a insegurança, o medo de que 'não vou conseguir', a fé no meio disso tudo é uma forma de levar serenidade para uma momento tão importante da vida deles”, explica.

O padre Dirson durante a benção das cestas recheadas de canetas, colocadas em cestas pelos ministros (Foto: Naiane Mesquita)
O padre Dirson durante a benção das cestas recheadas de canetas, colocadas em cestas pelos ministros (Foto: Naiane Mesquita)

Durante a missa, o padre pediu em oração “sabedoria, paciência” e aconselhou “na verdade você sabe o que pode fazer e tem que acreditar”. Os alunos, a maioria de 17 e 18 anos se emocionavam.

A primeira da fila, que recebeu das mãos do padre a caneta, Lohanna Macedo, 17 anos, é católica e chorou ao encostar no objeto. “Não acho que a caneta vai me ajudar, mas a minha fé. Ainda não tenho certeza do que vou fazer, mas quero passar”, diz, ao lado da mãe que a consolava.

Já Letícia Figueiredo, 18 anos, tem certeza do futuro. Pela terceira vez ela tentará cursar medicina e está ansiosa pela prova e ainda um pouco relutante quanto ao resultado.

Com as próprias canetas na mão, ela pediu a benção do padre após a missa, inclusive, um comportamento repetido por muitos estudantes. “Estou nervosa, mas temos que confiar em Deus. Das outras vezes eu também estava animada, mas não deu certo”, diz, claramente com muita expectativa.

Enquanto alguns lutam por uma vaga, outros buscam as bolsas de estudo para continuar a faculdade. Sabrina Valejo, 21 anos, cursa veterinária da Uniderp e vai tentar o Enem este ano.

“É a primeira vez que eu venho pegar a caneta, não tinha religião até o ano passado e uma amiga me trouxe. Estou gostando bastante daqui, acho bonito”, afirma a jovem, que é da cidade de Aquidauna e mora em Campo Grande até concluir os estudos.

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