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Comportamento

Em casa, Neide e João criam pinga e licor de guavira, romã e pequi

Casal começou produção para passar o tempo e agora cogita comercializar o selo "Toca do Coelho"

Jéssica Fernandes | 09/11/2021 08:27
Casal com a produção artesanal de licor e pinga. (Foto: Kísie Ainoã)
Casal com a produção artesanal de licor e pinga. (Foto: Kísie Ainoã)

Não falta criatividade para o casal Ivaneide Gomes Sandim Coelho, 59 anos, e João Manoel Andrade Coelho, 60 anos, que produzem dentro de casa garrafas de licor e pinga. Os dois já testaram, experimentaram e criaram bebidas feitas com guavira, jabuticaba, pequi, banana, romã e outras frutinhas. A produção artesanal começou como hobby, mas agora, eles cogitam comercializar o produto.

A história deles com a criação das bebidas teve início há quatro anos, após Neide, como é conhecida na família, ganhar uma sacola cheia de pequis. Por não gostar de comer e cozinhar a fruta, ela teve a ideia de colocar o pequi dentro de uma garrafa de 51 que tinha na residência.

Depois do primeiro teste, Neide não parou mais e inventou outras misturas. “Passei a curtir o pequi na cachaça, porque não gosto da fruta, mas do licor gosto. Ao invés de colocar na comida, quis fazer diferente e ficou bom. Depois decidi fazer com banana e usar a romã e jabuticaba que tem em casa”, explica. Além desses, ela fez licor de murici, manga, mel, guavira e agora, quer fazer de jamelão.

Algumas das garrafas com a bebida pronta para consumo. (Foto: Kísie Ainoã)
Algumas das garrafas com a bebida pronta para consumo. (Foto: Kísie Ainoã)

Enquanto cria o licor, João é responsável por fazer as pingas da família. Ele decidiu pegar firme na produção depois da aposentadoria e chegou a plantar algumas árvores frutíferas, que utilizam como ingrediente principal. “Eu me aprimorei mais de quatro anos para cá, porque me aposentei. Plantei jabuticaba, pitanga, limão Taiti e romã. Plantei sem ter noção de querer fazer cachaça, mas depois, passou pela cabeça mexer”, fala.

Fã de guavira, a fruta do Cerrado dá gosto ao sabor que João mais gosta na pinga. Embora não tenha a fruta no quintal de residência, ele sempre vai ao Mercado Municipal para abastecer o estoque. “Guavira é uma fruta que gosto e desde garotinho, via o pessoal fazendo a pinga. Eles faziam de forma diferente, espremiam, deixavam a casca secar, ficava uma pinga mais amarga e me passou pela cabeça usar a polpa para dar mais sabor”, conta.

Amigos e familiares sempre surgem com alguma fruta nova para o casal testar na receita. Nessa história, ambos perderam as contas de quantas garrafas fizeram ao decorrer dos anos. Apesar de muitas vezes utilizarem a mesma polpa, o processo que resulta no licor e na pinga é diferente.

Neide e João mostram bebidas na fase inicial de preparação. (Foto: Kísie Ainoã)
Neide e João mostram bebidas na fase inicial de preparação. (Foto: Kísie Ainoã)

De acordo com a Neide, a cachaça e o tempo de curtição das frutas são iguais, porém ela prepara uma calda para o líquido ficar mais espesso. “Depois de curtir, pegar o sabor da fruta, porque já soltou todo o aroma, faço a calda pérola. Para cada um litro de cachaça, coloco meio litro de água fria e açúcar. Cada fruta tem um tempo para ficar curtindo, por exemplo, o pequi fica 60 dias e a jabuticaba 30 dias”, expõe.

Já o João não faz nenhuma calda, mas utiliza o mel como ingrediente ao invés do açúcar. Diferente da esposa, ele também acompanha o processo através da coloração. “Todas são ponto ideal, mas a coloração clara fica mais ácida e a escura com menos acidez. Todas muito saborosas, coloco uma colher de mel para cada litro e diluo na fruta”, comenta.

Independente do desenvolvimento que dá resultado a pinga e ao licor, os elogios dos conhecidos são sempre os melhores. A galera gosta tanto, que a família passou a cogitar investir no negócio. “Nós sentimos o gosto pela preparação, mas nunca fizemos visando o lucro. Falam que é deliciosa, que devíamos produzir para vender, estamos pensando para o futuro, talvez em 2022”, garante Neide.

Frutas curtindo na cachaça. (Foto: Kísie Ainoã)
Frutas curtindo na cachaça. (Foto: Kísie Ainoã)

A produção artesanal ganhou o selo “Toca do Coelho”, que faz referência ao sobrenome da família. Com garrafas de 330 milímetros, o João estima que o valor de cada uma deve ficar abaixo de R$ 50. “Eu tô começando a aceitar a ideia de vender, pensei em fazer uma por R$ 35 e três por R$ 100”, fala.

Enquanto não iniciam as vendas, o casal segue fazendo a alegria dos filhos e de amigos que amam experimentar as criações. Agora, eles estão testando um novo sabor feito com manga. “É uma fruta que nunca fiz, não vejo a hora de ficar pronta, porque ela tá curtindo ainda”, conclui Neide.

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