Fãs de BTS se unem para celebrar dispensa dos ídolos do serviço militar

Foi por influência de uma matéria do Lado B sobre K-pop, que um grupo de fãs de BTS se conectou e passou a construir laços que começaram no mundo virtual e se fortaleceram no mundo real. Com apenas uma semana de planejamento, eles organizaram um evento para assistir juntos à transmissão ao vivo da saída de Jimin e Jung Kook do Exército sul-coreano.

O momento, carregado de emoção, reuniu fãs veteranos e “Baby Armys”, como são chamados os mais novos no fandom. O encontro aconteceu em um espaço cedido e contou com apoio da deputada federal Camila Jara, que também é fã do grupo.

“Foi um misto de emoções, alegria e alívio. É impossível colocar em palavras”, resume Dayane dos Santos, que acompanha o grupo desde 2017. “Eles não foram para o exército porque queriam, é um serviço obrigatório e o país vive em tensão constante. Então, ver que eles estão bem e livres de novo é muito emocionante”, acrescenta.

Dayane é uma das fundadoras da página "Army Dorama Vibes", criada no início deste ano para conectar fãs de BTS e doramas em Mato Grosso do Sul. A iniciativa surgiu após a repercussão de uma reportagem do Campo Grande News sobre cultura coreana.

“A gente viu os comentários na matéria e viu que tinha muita gente como a gente por aqui’. Aí começamos a entrar em contato com as pessoas que comentavam, chamamos para o grupo e o movimento foi crescendo”, lembra.

Atualmente, a rede criada por Dayane e Jennifer de Deus já soma mais de 150 integrantes no WhatsApp. O evento desta terça-feira foi o segundo encontro oficial do grupo.

E foi também a primeira vez que Ana Sara encontrou, ao vivo, as amigas que fez por causa do BTS. Ela conta que conheceu o grupo de artistas no final de 2022, quando Jin estava indo para o exército.

“Eu estava numa fase muito difícil da minha vida, lidando com depressão, e eles chegaram como um alívio, como uma luz”, conta. “Sou uma Baby Army. Nunca vi os sete juntos, só via os clipes e vídeos antigos. Quando vi que iam sair do serviço militar, quis fazer parte de algo especial”, pontua.

O “algo especial” aconteceu por pura persistência de fã. Ana Sara, que até então só trocava mensagens no grupo, se jogou de cabeça na organização. “A Jennifer comentou que queria fazer um evento como foi a exibição do J-Hope no cinema. Fizemos umas tentativas que não deram certo até que a Camila Jara disse que ia tentar ajudar. A gente não tinha local definido até uma hora da tarde do dia anterior. Foi tenso”, detalha.

Mesmo com a correria, o evento rolou com direito a telão, decoração temática, quiz sobre o grupo e uma ação solidária de arrecadação de agasalhos. “Quisemos mostrar que K-pop não é só música. É união, acolhimento e, também, solidariedade”, afirma Jennifer de Deus.

“Conheci o BTS em 2016, durante o tratamento de câncer da minha mãe. Estava procurando algo para aliviar a dor e me deparei com um vídeo. O primeiro que me chamou a atenção foi o Jimin. Desde então, nunca mais deixei de acompanhá-los”, afirma.

Jennifer e Dayane se conheceram em uma página de fãs de São Paulo, antes mesmo de se tornarem parceiras na missão de unir as Armys do MS. Ambas sentiam a mesma frustração, enquanto outros estados contavam com fanbases organizadas, encontros e eventos, Mato Grosso do Sul parecia esquecido no mapa do K-pop.

“Era muito solitário gostar de BTS por aqui. No começo, nosso contato era só digital, agora, estamos aqui juntas vendo a saída deles do quartel e comemorando”, comemora.

O retorno de Jimin e Jung Kook marca o início de um novo capítulo para o BTS e também para o grupo sul-mato-grossense, que planeja mais encontros, ações culturais e eventos. “Queremos que Campo Grande entenda que o K-pop é coisa séria, sim. Muita gente chegou até aqui por conta de depressão, ansiedade, luto. E os meninos têm essa mensagem de acolhimento. Não é só música, é sobre se sentir parte de algo”, resume Jennifer.

Ana, que tem como bias (favorito) o Jung Kook e como ultimate (ídolo número dois) o Suga, explica que mesmo quem chegou agora já carrega essa conexão intensa com os integrantes. “A gente não viu os shows ao vivo, mas chorou com a ida deles, acompanhou cada postagem. Agora ver eles voltando, todos bem, é como se um ciclo estivesse se completando”, avalia.

E com esse ciclo, renasce também um novo fôlego para o fandom no Mato Grosso do Sul. “Nosso grupo tem Armys de 8 até 74 anos. É uma comunidade linda e diversa e se depender da gente, não vai parar de crescer”, finaliza Jenifer.

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