Há 30 anos, Piti fez esquina da Rua Bahia virar o ‘ponto do morango’
Família mineira chegou a ter 10 pontos na cidade, mas só o original, na Rua Bahia, resistiu ao tempo

Parado na Rua Bahia com a Avenida Mato Grosso, o carrinho de morango de Walfrido Silva dos Santos, ou Piti, tem história para contar. O ponto é da família há 30 anos e foi passado pelo pai, Valmiro Mendes Santos. No começo, o trabalho era incansável, não havia feriado, domingo ou chuva que impedisse o serviço. O famoso ‘faça chuva ou faça sol’ explica bem, porque eles estavam sempre lá com o carrinho de frutas na esquina.
Em 1995 o morango era vendido na carroceria de uma caminhão, agora virou um box pequeno que pode ser puxado por um carro. Embora isso tenha mudado, a tradição de não ir embora permaneceu. Walmiro mantém a venda de morango em qualquer situação climática. O pai, embora muito debilitado, ainda continua a trabalhar com o filho no ritmo dele, mas deixou o carrinho aos cuidados do filho.

Embora seja antigo, o sucesso das vendas não aconteceu de um dia pra noite, mas quando ele veio chegou com tudo. Valmiro, Júlia e os três filhos, deixaram a cidade de Frutal, no interior de Minas Gerais em busca de uma nova vida em Campo Grande. E foi assim, com coragem e pouca estrutura, que a família se estabeleceu na cidade. Cada dia era uma luta para manter o sustento.
“Começamos com muita dificuldade, sem muitas condições financeiras e de estrutura. Ficávamos no frio, na chuva, no sol. Domingo a sábado, feriados, datas comemorativas sempre estávamos trabalhando, vendendo nossas frutas, que eram trazidas de Minas”.
Em meados do ano 2000, devido a grande demanda de venda no carrinho, o Walfrido contratou um funcionário para deixar no ponto da Rua Bahia e começou a fazer entregas para alguns clientes de porta em porta. Ele comenta que alguns continuam comprando até hoje através do serviço de Delivery.
No passado a procura era tamanha que a família passou de um carrinho para 10 pontos na cidade. Com o aparecimento de mais mercados e frutarias, a demanda diminuiu e hoje só resiste o ponto original na Rua Bahia.
Em 2008, ele recebeu um convite para trabalhar como vendedor em um dos box da Ceasa, na Capital. Mesmo assim, ele nunca deixou o carrinho de lado, que para ele tem valor sentimental imenso e é símbolo das suas origens, da rotina, é uma lembrança constante de seus primeiros passos no ramo.
“Tem muita lembrança boa da época que todos nós vendíamos na rua, nos pontos. Hoje em dia quase não têm, os mercados acabam dominando todo e todo mundo prefere, às vezes, comprar no mercado. Por isso que eu acabei mantendo só esse pontinho, o mais antigo, mas a gente chegou a ter dez pontinhos na cidade. Meu pai ainda trabalha comigo hoje. Ele já está bem debilitado, mas continuamos juntos”.
No começo a família trazia a mercadoria somente de Minas para vender nas esquinas de Campo Grande. Além do morango também tinha abacaxi, uvas e caqui. Após um período eles também passaram a comprar mercadoria da Ceasa.

Em 2010 Walfrido se tornou sócio da Casa do Morango, na Ceasa, onde trabalha até hoje. No box da Rua Bahia. Lá ele é dono de 4 boxes.
“Distribuo hortifruti para as grandes e pequenas redes de supermercados de Campo Grande e interior do estado, tenho em torno de 40 funcionários diretos, sendo a grande maioria familiares, pai, irmãs, sobrinhos, esposa e filhos. Mesmo com toda essa evolução não penso em me desfazer do meu carrinho”.
Ele, que também é conhecido como Piti explica que o apelido nasceu por causa do irmão que não conseguia falar o nome certo. O apelido pegou. “Todos me conhecem como Piti e ficou”.

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