Há 49 anos, uma demissão abriu caminho ao piloto agora famoso por homenagem a MS
O comandante que emocionou passageiros, apesar de conhecer o mundo todo, diz que nada é tão belo como o nosso Pantanal
Nascido em Corumbá, Geraldo Silva Rocha, de 69 anos, é o comandante que protagonizou a cena de emocionar dentro de uma aeronave da Latam Airlines Brasil, na última semana, ao falar do amor por Mato Grosso do Sul aos passageiros, em poesia. Como piloto de avião é a profissão para qual não há crise, foi difícil encontrar Geraldo nos intervalos das horas de voo. Por isso, por telefone, ele abriu o coração e contou sua história com a aviação, que começou em pleno Pantanal sul-mato-grossense.
“Eu sou apaixonado pela minha terra. Já conheci o mundo inteiro, conheci lugares lindos, mas o nosso Pantanal, a riqueza da fauna e da flora, mesmo convivendo com o desenvolvimento e agricultura, é incrível, não tem como esquecer”, diz Geraldo.
O último episódio que surpreendeu os passageiros é natural para o piloto. “Metade dessa sensibilidade que as pessoas falam é minha e outra metade a gente adquire com o tempo e a profissão. Sempre fui um piloto que procura fazer o melhor e sou casado com uma esposa formada em Letras. Então, a Literatura sempre esteve dentro da nossa casa”.
Geraldo lembra-se do professor que um dia o ensinou a amar Literatura. “Professor Alexandrino, de Corumbá, graças a ele, a Literatura está dentro da minha concepção de vida. E isso faz com o que eu leve um pouco de sensibilidade à minha tripulação. O aviador com o tempo vai crescendo e o comandante é o primeiro e o último que fala dentro de um avião, não posso falar de qualquer jeito”, explica.
Com aproximadamente 80 horas de voo por mês, hoje Geraldo só faz a rota nacional. Mas durante 20 anos voou pelo mundo, conhecendo todos os países da América, Europa e parte da Ásia. Experiência graças a uma demissão, que apesar de ter surpreendido o piloto, abriu caminho para um sucesso que ele nunca imaginou.
A história com a aviação não é tão romântica como sonhava quando criança. Geraldo era apenas um menino brincando e estudando pelas ruas de Corumbá quando conheceu um comandante.
“Minha mãe trabalhava nos Correios, era radio telegrafista e sempre vinham aqueles chamados da fazenda pedindo para mandar um avião, porque tinha uma emergência. Minha mãe recebia os chamados e eu ia até o comandante para avisar que estavam precisando de um avião em determinado lugar. Nessa brincadeira, os comandantes me convidavam para ir com eles no aviãozinho pequeno e comecei o contato com esse pessoal”.
Aos 17 anos, Geraldo começou a voar e ganhou incentivo para ser um profissional. “Fui para Campo Grande, consegui um emprego e tirei meu brevê para o piloto privado”.
Mas para sua surpresa, uma demissão mudaria tudo. “Tive um segundo pai nessa vida, seu Antônio Barbosa, genro de Laucídio Coelho, o primeiro que me mandou embora do emprego, afirmando que eu era muito melhor para ganhar o que ele me dava na época em que eu trabalhava com ele”.
De lá pra cá Geraldo investiu em treinamento e aperfeiçoamento, e há 40 anos faz parte da mesma empresa. Casado e pai de três filhos, o maior desafio, até hoje, é à distância de casa. “Sinto muita saudade, por isso, minha prioridade na vida é a minha família”.
Relembre a homenagem de Geraldo a Mato Grosso do Sul:
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