Legado de 'vereador da educação' é eternizado em escola estadual

“Enquanto houver memória, haverá vida.” A frase dita pelo cineasta Filipi Silveira resume o sentimento de quem viu o legado do pai eternizado em uma escola pública. O ex-vereador Cristovão Silveira, brutalmente assassinado junto da esposa no dia 18 de julho de 2017, agora dá nome a uma escola estadual no Jardim Noroeste, bairro da periferia de Campo Grande.

Silveira foi vereador por cinco mandatos e deixou a Câmara Municipal em 2012, quando optou por não disputar a reeleição. Eleito pelo PSDB, ficou conhecido como “vereador da educação” e é autor da Lei da Cantina Saudável. Fátima Silveira, sua companheira, era formada em Turismo e dedicava-se à família.

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Na manhã desta segunda-feira (28), a Escola Estadual localizada na Rua Piraputanga passou oficialmente a se chamar Cristovão Silveira. A cerimônia contou com a presença dos filhos do ex-vereador, do governador Eduardo Riedel, do secretário estadual de Educação, além de diretores e educadores que partilharam lembranças do amigo.

Logo na entrada da escola, um quadro produzido por Filipi exibe imagens do pai e uma frase que ele dizia com frequência: “A educação é o único caminho para se ter cidadãos livres e soberanos”.

Meu pai dedicou toda uma vida à educação. Então acredito que esse ato é simplesmente a materialização do legado de alguém que sempre se dedicou”, afirmou Filipi. “Ele não era professor, mas sabia do poder transformador da educação.”

A homenagem à família veio dois dias após a data em que Cristovão completaria 74 anos. Ao Campo Grande News, Filipi resumiu a emoção de participar da inauguração: “Eu sempre digo: enquanto houver memória, haverá vida. Ele trabalhou, e agora, através da memória e do legado, continuará trabalhando pelas novas gerações. [...] Eu sinto que essa escola tem exatamente a identidade do meu pai.”

A unidade escolar conta com cinco salas de aula e duas quadras poliesportivas, sendo o primeiro espaço esportivo totalmente climatizado do Estado. O projeto da escola também servirá de modelo para futuras construções no Pantanal.

“Meu pai foi vanguardista em muitas coisas. Estava à frente do tempo dele, não só na educação, mas em várias áreas da gestão pública. Estar aqui hoje, numa escola com um projeto inovador como nunca se viu na educação sul-mato-grossense, faz jus à história dele.”

Com um sorriso contido, Filipi admite: “Queria ele do meu lado, mas fico feliz de estar com ele aqui, de alguma forma”. Para o filho, a maior alegria é saber que o pai seguirá presente onde sempre acreditou: na transformação social por meio da educação. “Ele ainda vai ajudar muitas pessoas dessas novas gerações, e ainda num bairro periférico que tanto precisa.”

Filipi não seguiu a política institucional, mas acredita que também faz política à sua maneira. “Como diria Bertolt Brecht: ‘somos animais políticos’. Meu pai fez a política dele como representante. Eu faço política através da cultura. Esse é o meu legado.”

A história dos dois seguirá interligada. A escola, que começará a receber alunos em 2026, será adotada por Filipi. “Quero adotar essa escola, exibir filmes aqui. Tudo que eu puder fazer para ajudar a cultura da região, estarei presente. Essa é minha contribuição, não só com o quadro, mas de forma social e humana.”

Confira a galeria de imagens:

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