Lua é a 1ª transexual a estrelar campanha publicitária do maior vestibular de MS
Na Campanha do novo vestibular da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a diversidade exposta pode não ser tão evidente. Nas redes sociais, em panfletos, banners em sites e vt na TV ON, uma pessoa em especial é um avanço nas relações da instituição. A estudante de jornalismo, Lu Souza, conhecida pelos amigos como Lua, é a primeira transexual a participar da campanha do maior vestibular do Estado.
O convite partiu da assessoria da UFMS, que abordou Lu no intervalo de uma aula, a convidando pra ser modelo da campanha. Ela, que é blogueira e youtuber, acredita que tenha sido chamada por conta de sua influência nas redes. "Só pode ter sido isso", diz.
Transexuais, travestis e drag queens são constantemente intituladas das piores maneiras possíveis. Dentre tantas ofensas, acusar esse grupo de estar ligado a prostituição é frequente e, para Lua, estar na propaganda é muito revolucionário justamente por conta disso. "Pra mim não significou só uma coisa, significou tudo. É muito importante ver representatividade, tanto na sexualidade quando no peso do meu corpo. Nós trans temos nossos direitos tirados da gente e, estar ali, representando um grupo tão estigmatizado é demais", comenta a estudante.
Na avaliação dela, a contribuição vai muito além. "Eu estou ali provando que outras trans também podem chegar até o ensino superior, por mais difícil que seja a trajetória, ainda mais pra gente. Isso sem contar o lance de ser plusize, o nosso Estado é o mais gordo do Brasil e mesmo assim a gente não vê gente gorda em propaganda nenhuma".
A campanha começou a ser veiculada na primeira semana de dezembro e, de acordo com a assessoria da universidade, quis transmitir para a sociedade a ideia de que a UFMS está aberta a todos e todas. "Por ser uma universidade pública e gratuita é importante ressaltar a diversidade. Como uma instituição pública de ensino superior ela zela por valores humanos e éticos", disse João Costa, assessor da UFMS.
Ele completa: "vale ressaltar também que a universidade pública é uma patrimônio da sociedade brasileira e por isso a sociedade precisa ser representada em sua pluralidade".
Lu passou por um processo muito natural até se descobrir trans, "pra mim nunca foi uma transição", pontua. Não foi porque ela nunca fez uso de nenhum medicamento ou procedimento estético pra alter seu corpo biológico, só deixou o cabelo crescer.
A homossexualidade nunca foi aceita pela sua família, muito menos Maya, sua personagem drag queen. Mas, de acordo com Lu, entender-se trans teve a ver com ela. "Eu me montava toda semana. Foi passando o tempo e eu entendi que, na verdade, não queria ser mulher, eu já era uma", finaliza.
Hoje, seus parentes a respeitam e vibram pelo caminho trilhado por Lua. "Eles hoje sabem da minha vida, dos meus projetos, acompanham meu blog e tudo".