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Comportamento

Maria guardou ouro por 37 anos em Cemitério dos Pisos e Azulejos

Empresária se foi em novembro deste ano, mas deixou legado de relíquias fora de linha para familiares

Por Natália Olliver | 10/12/2025 06:55
Maria guardou ouro por 37 anos em Cemitério dos Pisos e Azulejos
Loja começou em 1988, em frente ao Cemitério Santo Antônio (Foto: Arquivo pessoal)

Maria Luiza Mafra Martins vendia ouro, mas nem todo mundo sabia disso. Junto com o primeiro marido, na loja que chamaram de Cemitério dos Pisos e Azulejos, guardavam relíquias que hoje são verdadeiros achados. Vários já estão fora do mercado convencional há mais de 20 anos. Por lá, os fora de linha eram “deuses” para ela. A paixão de Maria pelo que fazia começou em 1988 e terminou em novembro deste ano, quando partiu por problemas no coração aos 63 anos.

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Maria Luiza Mafra Martins, falecida aos 63 anos em novembro, deixou um legado único no comércio de Campo Grande. Durante 37 anos, comandou uma loja especializada em pisos e azulejos fora de linha, acumulando mais de 10 mil peças raras, incluindo exemplares dos anos 70 a 90. Após seu falecimento, os filhos mantêm vivo o negócio na Rua Severino Ramos de Queiroz, Vila Glória. A empresária, que iniciou a trajetória em 1988 e assumiu sozinha o estabelecimento após ficar viúva aos 42 anos, destacava-se pela dedicação ao trabalho e pelo carinho com que tratava clientes e familiares.

Hoje, quem cuida do legado da mãe são os filhos. Uma delas, Karoline Mafra, é quem conta como tudo aconteceu e como a lojinha que ficava em frente ao Cemitério Santo Antônio virou a vida de Maria. A loja começou depois que uma construtora faliu ela comprou um carregamento com as peças.

Maria guardou ouro por 37 anos em Cemitério dos Pisos e Azulejos
Maria guardou ouro por 37 anos em Cemitério dos Pisos e Azulejos
Maria Luiza Mafra Martins e a filha Karoline Mafra (Foto: Paulo Francis e Arquivo pessoal)

“Foram 37 anos dedicados a isso. Quando ela tinha 42 anos ficou viúva, meu pai faleceu e ela assumiu a loja. Os 15x15 eram os preferidos dela. Aqueles azulejos de cozinha e banheiro que tem sempre na casa de vó, os floridos. Temos o azul piscina também. Esses são os carros-chefes.”

Em vida, Maria se orgulhava de ter mais de 10 mil peças na loja, todas relíquias. Entre elas, um azulejo comemorativo de caravelas em tom azul, tão antigo quanto a chegada dos portugueses ao país. A peça foi feita em homenagem aos 500 anos do Brasil e acabou virando xodó. Outra peça de que se orgulhava era um azulejo marrom, com flores e filetes de ouro. A maioria do acervo é datada dos anos 70 a 90.

Antes de morrer, o negócio mudou para Rua Severino Ramos de Queiroz, na Vila Glória. Maria era uma pedagoga dedicada e o que, para muitos, era apenas um comércio se tornou, ao longo dos anos, um refúgio e um propósito para ela. Sozinha, enfrentou as contas, o calor do depósito, as negociações e o peso da saudade do marido.

Maria guardou ouro por 37 anos em Cemitério dos Pisos e Azulejos
Maria guardou ouro por 37 anos em Cemitério dos Pisos e Azulejos
Loja era xodó de Maria, que tinha azulejo comeorativo dos 500 anos de Brasil (Foto: Arquivo pessoal)

“Era uma mulher querida por todos. Na família, era aquela tia especial que nunca deixava passar um aniversário, a primeira a mandar mensagem, a primeira a aparecer com um bolo ou um abraço apertado. Como avó, era presença constante, buscava, levava, cuidava e amava com intensidade. Para os netos, era porto seguro e, para os filhos, um exemplo”, comenta Karoline.

Depois que Maria faleceu, a loja já não era a mesma, mas os filhos estavam dispostos a continuar o legado da mãe e manter o que ela mais amava depois da família. Agora, o negócio vai ficar a cargo de parentes. Segundo a filha, uma coisa permanecerá intacta: a essência deixada pela mãe.

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“O cuidado, a honestidade, o acolhimento e o amor pelo que faz, tudo isso seguirá sendo o coração da loja. Eu tinha 1 aninho quando ela e meu pai começaram. Ela nem tirava férias para não fechar a lojinha. Era muito querida pelos clientes. Sinto muita honra de ver que tantos comércios fecharam, e ela, uma mulher, à frente de tudo, levou a loja por tantos anos. Ela é uma inspiração para nós".

Karoline comenta que a mãe nunca reclamou de cansaço, preguiça ou não teve um dia que ela não abriu a loja. "Mesmo doente, ela ia trabalhar. Foi uma surpresa para todos sobre o falecimento dela, porque ela era muito forte.” Maria estava internada, precisou fazer um cateterismo e não resistiu. Com nome apenas de 'Fora de linha' , a empresa fica na Rua Severino Ramos de Queiroz, 601, Vila Glória.

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