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Ensinar Juntos

A importância do "não" na educação e na formação dos filhos

Por Carlos Alberto Rezende (*) | 10/12/2025 08:11

Mais do que uma simples palavra! Dizer "não" aos filhos é um dos desafios mais comuns e, ao mesmo tempo, mais necessários na parentalidade. Muitos pais, movidos pelo desejo de ver os filhos felizes ou pelo cansaço de enfrentar birras, cedem ao caminho mais fácil do "sim" constante. No entanto, especialistas afirmam que o "não" é um pilar fundamental para um desenvolvimento emocional saudável, ensinando lições valiosas sobre resiliência, determinação e paciência que acompanharão a criança por toda a vida. Por que dizer "não" é um ato de amor?

É a base da segurança e do cuidado, ao contrário do que se possa imaginar, dizer "não" não é um ato autoritário, mas de amor. Estabelecer limites claros mostra à criança que ela tem pais ou cuidadores que se importam com seu bem-estar e sua formação como pessoa. Um "não" dito no momento certo prepara a criança para o mundo, indicando o tipo de adulto que se espera que ela se torne: respeitoso, razoável e paciente contribuindo efetivamente na construção da resiliência.

A felicidade proporcionada pela satisfação imediata de todos os desejos é superficial e passageira. Quando uma criança recebe um "não" e lida com a frustração que vem com ele, está desenvolvendo um "músculo" emocional crucial: a resiliência. Essa capacidade de se recuperar de pequenas decepções contribui diretamente para a formação de uma autoestima sólida, pois a criança aprende que é capaz de superar adversidades. A superproteção, por outro lado, priva-a do contato com a frustração, uma experiência inevitável ao longo da vida e um antídoto contra o esgotamento parental. Muitos pais cedem após sucessivas insistências da criança simplesmente porque estão cansados e esgotados. No entanto, quando os pais são consistentes e sustentam o "não" que disseram, criam uma dinâmica de respeito mútuo. A criança aprende que os pais estão no controle e que pode confiar neles para tomar decisões, o que, paradoxalmente, gera uma sensação de segurança e reduz os comportamentos de teste de limites a longo prazo.

Mas como dizer "não" de forma eficaz? Na prática, a teoria precisa de ser aplicada com equilíbrio e bom senso. Seja claro e definitivo:

  • Evite respostas vagas como "talvez" ou "vamos ver", que não se concretizam e podem ser mais frustrantes do que um "não" direto. Seja firme para deixar claro que está falando sério. Um "não" definitivo é mais fácil de ser compreendido e aceito do que uma promessa vaga que não se cumpre.
  • Ofereça uma explicação breve e sempre que possível, acompanhe o "não" com uma pequena e simples explicação. Isso ajuda a criança a compreender o motivo da negativa e a internalizar os valores por trás da decisão. A explicação não precisa ser longa, mas deve ser clara e apropriada à idade da criança.
  • Evite o "não" em batalhas insignificantes e escolha as suas batalhas. Se disser "não" a tudo, a palavra perderá o seu impacto. Concentre os "nãos" para o que é realmente importante para a segurança, a saúde e a educação dos valores da família. Em situações menos relevantes, pode ser mais produtivo redirecionar a atenção da criança ou negociar.
  • Mantenha a coerência, pois nada é mais confuso para uma criança do que um "não" que se transforma em "sim" após insistência, choro ou birra. Quando cede depois de ter dito "não", está ensinando ao seu filho que a persistência nos maus comportamentos dá frutos. Portanto, quando disser "não", sustente a sua decisão até ao fim.

Os benefícios a longo prazo de saber dizer "não" resultam da prática de estabelecer limites e trazem frutos duradouros. A evolução da criança com autocontrole e tolerância à frustração faz com que ela aprenda a viver emoções diante da impossibilidade de satisfazer imediatamente seus desejos; ela desenvolve consciência de limites próprios e alheios e compreende a importância de respeitar seus próprios limites e os dos outros, valores que são a base para uma convivência social saudável. Além disso, essa criança começa a valorizar o esforço e aprende que a busca pelo prazer por meio do empenho tem mais valor do que a satisfação imediata, característica própria do adulto funcional. Tudo isso é determinante na preparação para a vida adulta e desenvolve ferramentas emocionais para lidar com os "nãos" que a vida inevitavelmente dará no futuro.

O equilíbrio é a chave. Educar é encontrar o equilíbrio entre o "sim" e o "não". Nenhum extremo é saudável: a ausência total de limites é tão prejudicial quanto o autoritarismo. O "não" estratégico e dito com amor não quebra o vínculo entre pais e filhos, pelo contrário, fortalece-o com base no respeito e na confiança. Tem um provérbio chinês que diz: "Os pais que têm medo de colocar o pé no chão geralmente têm filhos que pisam na ponta dos seus pés". Portanto, não tema dizer "não", pois os seus filhos precisam e agradecerão no futuro por terem tido pais que os prepararam para o mundo.

(*) Carlos Alberto Rezende é conhecido como Professor Carlão. Siga no Instagram: @oprofcarlao.