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Comportamento

Mulheres 50+: Maria Cândida expõe um mercado bilionário ignorado

Jornalista esteve em Campo Grande falando como desafia o etarismo e prova que a maturidade é poder

Por Clayton Neves e Thailla Torres | 27/03/2025 08:10
Mulheres 50+: Maria Cândida expõe um mercado bilionário ignorado
Enquanto homens maduros são vistos como experientes e desejáveis, mulheres da mesma idade enfrentam um julgamento implacável, destacou a jornalista. (Foto: Messias Ferreira)

A competência, os anos de experiência e até mesmo a fama não livraram a jornalista e apresentadora Maria Cândida, de 53 anos, dos efeitos do etarismo em uma sociedade que enaltece a juventude. Em passagem por Campo Grande, a artista falou sobre os desafios que enfrentou na carreira após a chegada dos 40 e lembrou das portas que foram fechadas em razão disso.

Enquanto homens maduros são vistos como experientes e desejáveis, mulheres da mesma idade enfrentam um julgamento implacável. E a jornalista conheceu bem essa realidade.

Com uma trajetória de três décadas na televisão brasileira, Maria Cândida viu as oportunidades se reduzirem quando tentou retornar ao mercado 10 anos atrás, após um período afastada das telas. Na época, a artista tinha 43 anos.

“Quando fui atrás, eu precisava de dinheiro, tentei voltar para a televisão e aí ouvi que eu era muito boa, mas que não havia vagas ou que eu era muito cara, sem nem mesmo terem perguntado quanto eu queria ganhar. No fundo, percebi que estava envelhecendo e que as pessoas acham que você já passou do seu tempo", afirma.

Nesta quarta-feira (26), Maria esteve em Campo Grande para uma palestra voltada ao público feminino durante o Delas Day, evento realizado pelo Sebrae MS voltado para o empreendedorismo. Na conversa, abordou a chamada economia prateada, termo que define o mercado voltado para pessoas acima dos 50 anos. No evento, a jornalista enfatizou que essa parcela da população cresce e movimenta trilhões de reais ao redor do mundo, mas segue sendo ignorada por muitas empresas.

“Essas pessoas são consumidoras e também empreendedoras. Só que muita gente não as vê como um potencial negócio, as pessoas olham para o jovem”, avalia.

Reflexo do etarismo, Maria Cândida pontua que o preconceito etário é cruel para todos, mas, quando o assunto é o envelhecimento feminino, a cobrança é ainda maior.

Mulheres 50+: Maria Cândida expõe um mercado bilionário ignorado

Para a mulher, é muito cruel porque, a partir dos 40, já ouvimos que estamos ficando velhas, de forma pejorativa. O envelhecimento não tem que ser encarado como algo negativo, mas dizem que a mulher já está feia, que não se cuida, que engordou. Então, há um patriarcado, um machismo, que a coloca para baixo”, afirma Maria Cândida.

A pressão se reflete também dentro de casa. Quando uma mulher de 50 anos decide empreender, muitas vezes enfrenta desmotivação da própria família. “Os filhos falam: ‘Ai, mãe, você acha que vai vender alguma coisa? É melhor ficar por aqui mesmo.’ Ninguém encoraja essa mulher”, pontua.

Apesar das dificuldades, o cenário está mudando. Maria aponta que o envelhecimento da população trará novas oportunidades, especialmente em setores como turismo, bem-estar e beleza. “O mercado de beleza, cada vez mais, vai explodir nessa faixa etária. Mulheres como eu querem continuar bonitas e precisam gastar muito mais do que uma jovem para se manterem assim”, acredita.

Além disso, segundo a jornalista, há um movimento de redes de apoio, onde mulheres compartilham experiências e se fortalecem mutuamente. “Hoje, a internet trouxe as redes de apoio. Você tem muitos movimentos. Essas mulheres precisam se unir, conversar, fazer rodas de conversa", relata.

A invisibilidade social das mulheres mais velhas é uma realidade dura, mas Maria Cândida acredita que a chave para enfrentá-la está na autoestima e na busca por espaços onde sejam valorizadas. “A autoestima é algo que a mulher tem que perseguir. Perseguir e dizer não à invisibilidade", finaliza.

Maria Cândida está trabalhando no documentário Menopausa Sem Fronteiras, uma aposta no mercado audiovisual que levará histórias de mulheres de toda a América Latina ao mundo, provando que envelhecer não é sinônimo de fim, mas de um novo começo.

Mulheres 50+: Maria Cândida expõe um mercado bilionário ignorado
Maria Cândida palestrou em Campo Grande nesta quarta-feira para mais de mil mulheres. (Foto: Messias Ferreira)

Delas Day - O evento realizado pelo Sebrae MS com entrada gratuita continua nesta quinta-feira (27), no Bosque Expo.

O evento traz palestras, painéis, workshops, rodadas de negócios, atrações culturais e networking. Entre as palestrantes convidadas de hoje estão a apresentadora e empresária Ana Hickmann.

O mote do encontro é “Jornadas que inspiram novas histórias”. Por essa razão, o Sebrae vai aproveitar o evento para lançar a edição do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2025, que reconhecerá histórias de mulheres empreendedoras nas categorias: pequenos negócios; microempreendedora individual (MEI); produtora rural; ciência e tecnologia; e negócios internacionais. Desde 2004, mais de 100 mil mulheres se inscreveram e mais de 200 foram premiadas. As inscrições estarão abertas em breve.

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