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Comportamento

PM salva criança em ronda de trânsito e plantão comum vira dia especial

Mayara Bueno | 19/06/2016 17:40
Criança recebeu atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Leblon.
Criança recebeu atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Leblon.

Podia ter sido mais um dia comum de trabalho, em meio às ocorrências “normais” e o cansaço de quase 24 horas no batente, mas, o fim do sábado (18), para o cabo Fábio Krauss, terminou com pelo menos dois sentimentos: o de dever cumprido e uma sensação “indescritível”. Diferente de sua rotina comum, Fábio teve a oportunidade, como ele mesmo fala, de salvar a vida de alguém.

Quase no fim do dia, às 23 horas, o policial atendia uma ocorrência de acidente de trânsito, na Avenida Lúdio Coelho com a Rua Antônio João, quando um carro parou. Do veículo, saiu uma mãe desesperada porque seu bebê de sete meses estava convulsionando. “Corri para ver o que era e a criança no colo da mãe convulsionava, estava bem crítico”, relatou.

Registro foi publicado na rede social. (Foto: Reprodução Facebook)
Registro foi publicado na rede social. (Foto: Reprodução Facebook)

Sua reação foi segurar o bebê. Não pensou duas vezes, o lado humano prevaleceu e ele deixou tudo: ocorrência, motoristas dos dois carros envolvidos no acidente, documentos, etc. Entrou na viatura da polícia a procura de um posto de saúde mais próximo. “A criança apagava. Me desesperei, mas precisava me manter calmo. Comecei a procurar ajuda do Corpo de Bombeiros pelo rádio”.

Do ponto onde tudo começou até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Leblon, onde o menino foi atendido, leva-se pouco mais de cinco minutos de carro. Mas, para Fábio, a sensação ontem foi que passou pelo menos uma hora. Na sua cabeça, o tempo foi registrado de maneira diferente. “Eu sentia que podia perder ele, pensei nos meus filhos. O instinto de pai toma conta”, relata sem conter a emoção ao relembrar aquele momento.

Para que a chegada até a unidade fosse possível, o soldado Heberson, motorista de Fabio naquela viatura, foi essencial. O policial conta que a paciência dele foi um ingrediente para fazer com que a ação desse certo.

Ainda dentro do carro, o policial recebeu orientações do Corpo de Bombeiros, que dizia a ele laterizar a cabeça do menino e desobstruir a via aérea. Ao entrar na UPA, Fabio levou a criança, que já estava recobrando a consciência, para atendimento de enfermeiros e médicos. Nesta hora veio o alívio e, com ele, a emoção reprimida. “Eu ouvi o choro dele, que foi o sinal de vida. Não aguentei. Sai de dentro da unidade, encostei na ambulância, aí chorei”.

Em 12 anos no exercício da profissão, este foi o momento mais emocionante, ele conta. “Senti a presença de Deus. A gente é impotente. Esse foi o momento que mais me comoveu em todo tempo de trabalho”.

O dia que era para ser “comum” – e o comum na vida do profissional que atende, na maioria, acidentes de trânsito, não é nada leve -, terminou completamente diferente do que começou. Sua primeira tarefa de ontem foi uma ocorrência registrada de um possível atropelamento, inicialmente, mas, na verdade, tratava-se de um homicídio. “Não é nada agradável ver isso. A gente trabalha, é profissional, mas não é nada fácil lidar com isso”.

Salvar aquela criança foi uma maneira de mostrar a ele que, embora muitas vezes a rotina seja difícil, há momentos que fazem valer a pena. “É tenso, é gratificante. Não tem como explicar, é só viver para entender. O que não pude fazer de manhã, pude fazer a noite. A sensação é inexplicável e indescritível”.

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