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Comportamento

Professores lançam campanha para achar cadernos escolares de antes dos anos 80

Thailla Torres | 01/02/2017 06:10
Caderno de 1966, encontrado em Aquidauana (Foto: Arquivo UFMS)
Caderno de 1966, encontrado em Aquidauana (Foto: Arquivo UFMS)

Se você é acumulador ou do tipo apegado ao passado, saiba que talvez isso tenha alguma serventia. Grupo de professores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) está em busca de cadernos antigos, guardados há décadas, para auxiliar uma pesquisa sobre a matemática. Juntos, estão empenhados em recolher material usado entre os anos de 1890 a 1980 para fazer um comparativo de como era ensinada a disciplina antigamente e com a prática e o conteúdo nos dias de hoje. 

O projeto é nacional e faz parte do Ghemat (Grupo de Pesquisa de História da Educação Matemática no Brasil), mas conta com apoio de várias universidades no País. Aqui, o processo começou há um ano, mas só uma pessoa colaborou.

Os oito professores envolvidos no estudo emperram na resistência de quem guarda os cadernos como relíquias e tem medo de ficar com fama de mau aluno.

"As pessoas ficam com medo da gente expor erros e acertos, mas não é nada disso. Se alguém tiver o caderno, nós também vamos até a casa da pessoa, digitalizamos e deixamos o original com o dono. Não levamos o material embora", afirma Edilene Simões dos Santos, que é doutora em Educação Matemática no programa de pós-graduação da UFMS.

Caderno antigo mantém conteúdo de Geometria. (Foto: Arquivo UFMS)
Caderno antigo mantém conteúdo de Geometria. (Foto: Arquivo UFMS)

O objetivo é pontuar problemas e buscar soluções para o ensino matemático na atualidade. "A gente acredita que estudando como foi a disciplina, como ela era trabalhada e sua evolução, é possível encontrar um pouco da cultura escolar passada e isso nos ajudará com os problemas que temos hoje", explica.

Até agora o grupo só conseguiu um caderno de 1966, com conteúdo de Geometria e Aritmética. O material veio de Aquidauana. A dona da relíquia tem 45 anos, mas preferiu não se identificar. Contou apenas que o caderno pertencia ao pai, de quando ainda estudava no Colégio Estadual Cândido Mariano.

"Temos alguns voluntários em municípios que também estão a procura, esse exemplar para gente é um bem precioso. Quando encontramos mexemos com luva e materiais para não danificar as folhas", diz. 

Edilene conta que o dono do caderno faleceu há um ano, deixando para trás avaliações, o caderninho usado no primário e alguns boletins. "O pai dela era professor também e mexendo nas coisas, encontrou o material e agora vai fazer parte da história da Matemática no Brasil", diz a professora. 

Edilene e outros professores estão fazendo buscas em escolas e contando com ajuda de amigos para encontrar materiais. Para quem quiser ajudar, basta entrar em contato por telefone que alguém vai até o local buscar.

"As pessoas não precisam ter medo. Não vamos divulgar quem era o dono caderno, notas e nem observações. Apenas vamos comparar o que era trabalhado em sala com os documentos oficiais, os conteúdos de livros da época. Então, qualquer caderno vai nos ajudar e muito".

O telefone para quem quiser colaborar é (67) 99333 8558.

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