Vício em telas é tanto que até 'menu da dopamina' precisa ser criado
Tendência nas redes sociais, ideia é estimular o hábito de atividades longe dos celulares
Já pensou que para lembrar das coisas que te dão prazer na vida é necessário listar os itens e pendurá-los em um local onde você veja com frequência? A frase parece estranha, mas é o que jovens nas redes sociais estão fazendo para tentar sair do vício das telas e realizar atividades que acontecem fora do virtual. A ideia apareceu nas ‘for you’ (para você) com o nome de ‘Menu da Dopamina’.
RESUMO
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Jovens estão utilizando o "Menu da Dopamina", uma tendência nas redes sociais, para combater o vício em telas e promover o bem-estar. A ideia se baseia em um "menu" de atividades prazerosas, divididas em entrada (atividades curtas), prato principal (atividades mais longas), acompanhamento (atividades complementares) e sobremesa (hábitos com consumo moderado). A tendência é inspirada na necessidade de equilibrar o consumo de conteúdo superficial na internet, combatendo a "podridão cerebral" (brainrot) e promovendo a desconexão digital para um maior equilíbrio e bem-estar mental, contudo, a verdadeira transformação ocorre quando o indivíduo incorpora os hábitos de forma autêntica e consciente.
O objetivo da tendência é fazer com que as pessoas comecem o dia longe dos celulares e para isso é preciso seguir uma rotina. O nome é inspirado em um menu de restaurante onde não é possível pular partes da experiência gastronômica. Primeiro o cliente pede uma entrada, depois um prato principal, em seguida um acompanhamento e por último uma sobremesa. Mas o que isso tem a ver com largar as telas?
Aqui é o ‘pulo do gato’, cada parte da refeição é associada a uma função do dia a dia que dá prazer, ou seja, libera dopamina para o cérebro. A entrada é o que poderia ser feito em até 20 minutos e que trazem bem-estar imediato, como tomar banho quente ou brincar com os pets.
O prato principal é uma atividade que demanda mais tempo, como fazer atividade física, ler livros ou pintar um quadro. O acompanhamento é aquela tarefa que pode ser feita junto ao prato principal, como, por exemplo, ouvir música, acender uma vela ou tomar um café. Já a sobremesa, não é a cereja do bolo, são hábitos que a pessoa tem, mas que, em excesso, fazem mal. Aqui entra o uso das redes sociais e consumo de conteúdos sem utilidade, aqueles que não estimulam o cérebro a raciocinar.
Podridão cerebral - Falando disso, a falta do pensar ao ver vídeos na internet foi tema de estudos e ganhou o nome de ‘brainrot’, que define a podridão cerebral causada pelo consumo de conteúdo fútil na internet. A psicanalista Jamile Tannous da SPMS (Sociedade Psicanalítica de Mato Grosso do Sul) explica que a criação do termo reflete a preocupação com o consumo excessivo de conteúdo superficial e que isso está ligado à ansiedade.
“Em um mundo de bombardeio constante de informações, é tentador buscar distrações que não exigem esforço mental. Contudo, essa busca incessante por estímulos pode levar ao esgotamento mental. A psicanálise nos ensina que o pensamento crítico e a reflexão são essenciais para a saúde mental. Precisamos encontrar um equilíbrio saudável entre o consumo de conteúdo e o tempo para introspecção, para nos orientarmos nessa imensidão de estímulos”.
Ela acrescenta que as pessoas estão mais conscientes sobre os efeitos do uso frenético da tecnologia e que ela pode roubar tempos preciosos. Para Jamile, a busca por desconexão reflete o desejo de encontrar equilíbrio e prazer na rotina.
“Ao se afastarem das telas, muitos redescobrem a importância de estar presente e se conectar de maneira mais profunda consigo mesmos e com os outros. As tendências de desconexão são um passo positivo na busca por uma vida equilibrada. Elas oferecem a oportunidade de explorar atividades longe das distrações digitais”.
Apesar de benéficos, os menus não podem ser apenas mais uma lista de tarefas ou um guia de "guru-influencer", mas sim parte de um estilo de vida.
"A verdadeira transformação ocorre quando algum conteúdo consumido faz sentido para você e são incorporadas de forma autêntica. Precisamos nos questionar, nos analisar, e entender que o que serve para um não serve para todos. Somos indivíduos únicos. A tendência deveria ser "conheça a ti mesmo".
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