Criolo manda a real, dedica show a professores e faz povo sambar

Mato Grosso do Sul respirou a voz de Criolo no fim de semana. O cantor se apresentou no sábado em Corumbá e neste domingo em Campo Grande, encerrando o MS ao Vivo de 2023, que retomou projeto que leva shows gratuitos ao Parque das Nações Indígenas.

Nas duas plateias, muita gente achou que o palco seria tomado pelo rap. Mas as noites ficaram ainda mais calorosas com o ritmo do samba, outro projeto que faz o coração e a cabeça do artista.

Mas o rap está na veia de Criolo, não tem jeito. Em alguns momentos dá pra ver que ele se segura para não mandar uma rima no meio do rolê. Não foi à toa que em Campo Grande a plateia vibrou quando ele mandou “Ainda há tempo”.

No Palco Integração, na Praça General Ponce, de Corumbá, ele fez samba na terra do Carnaval e abriu o show com a canção “Nas águas” casando com a energia da cidade às margens do Rio Paraguai. Já em Campo Grande, “Linha de Frente” abriu o show e já fez muita gente sair do gramado e chegar mais pertinho do palco para sambar.

Antes do show em Campo Grande, Criolo esbanjou simpatia e recebeu mais de 20 fãs para fotos. Paciente e com voz calma, respondeu à imprensa e se emocionou ao falar de questões que o tocam, como cidadania e luta dos povos indígenas.

“O povo brasileiro é extremamente especial. Talvez por ser um território que nos oferece tantas dificuldades, nós já crescemos com esse modo de pensar todo dia numa solução. A vida do brasileiro não é uma vida de poder contemplar a beleza do viver, infelizmente, são poucas as pessoas no Brasil que tem a plenitude de viver cada segundo sem preocupações. Nós temos as soluções para tudo, uma coisa não anula a outra. É possível um caminho, porque os nossos recursos naturais estão se acabando quase em sua totalidade”, disse em entrevista.

No palco ele também puxou o público para uma reflexão sobre o marco temporal. “Tem que organizar”, pediu. Já em entrevista, se emocionou. “É difícil”, começou. “É necessário e urgente essa transformação e abertura. O marco temporal, o que vai dar disso? Tem os jargões que do céu só cai chuva, mas agora cai fuligem. Porque tem algum lugar que é nosso e está sendo comido e devastado. Essa fuligem não vai escolher em que porta bater ou em que pulmão entrar”, afirmou.

No palco, além de agradecer aos fãs por estarem ali pelo samba, Criolo ainda deixou um abraço a todos os artistas e mestres da cidade, em especial aos professores. “Esse show é dedicado a cada professor e professora dessa cidade.

Criolo sempre fez parte dos artistas que mandam a real e leva conscientização aos palcos por onde passa. Em Corumbá e em Campo Grande, não foi diferente: direitos humanos e meio ambiente não ficaram de fora. “Temos que entender porque continuam desmatando a Amazônia. Isso tem que parar”.

Em um show de altíssima qualidade, o cantor também dedicou Retalhos de Cetim para todas as ocupações da cidade e pediu que o público fizesse muito barulho, “para fortalecer famílias que precisam de moradia”.

O show de Criolo em Campo Grande foi o último no Brasil antes dele ir para a edição do Grammy Latino 2023, que será pela primeira vez em Sevilha, na Espanha, no dia 16 de novembro. O cantor é indicado em duas categorias.

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