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Sabor

Desempregados, vizinhos se unem e vendem pão com ovo na rodovia

Há dois meses, os vizinhos trabalham vendendo pastel, pão com ovo e garapa na MS-080, logo depois do Detran

Jéssica Fernandes | 21/03/2022 07:05
Há dois meses, o trio vende o café da manhã na estrada. (Foto: Kísie Ainoã)
Há dois meses, o trio vende o café da manhã na estrada. (Foto: Kísie Ainoã)

Quando o desemprego bateu na porta de Cristiane Lima dos Santos, 41 anos, Maria de Fátima, de 55 anos, e Valdemir Garcia, de 58 anos, o jeito foi procurar outra alternativa de renda. Para conseguirem pagar as contas, eles juntaram as panelas e criaram um negócio simples, porém bom o suficiente para os tirar do sufoco.

O pastel frito na hora, o pão com ovo e um prato feito foram os responsáveis por conquistar uma clientela fiel e proporcionar ao trio uma forma de ganhar dinheiro. Há dois meses, eles acordam cedo, arrumam os utensílios domésticos e iniciam as vendas dos produtos na MS-080, logo depois do Detran-MS.

Moradores do Bairro Bom Retiro, eles acordam cedo e trabalham das 5h30 às 17h30. As primeiras horas do dia são as mais movimentadas, as pessoas não perdem a oportunidade de comer um pão com ovo e tomar o famoso “pingado”.

Independente do horário, existem também aqueles que amam comer um pastel frito na hora e tomar a garapa preparada por Valdemir. Já o almoço é a refeição bem-vinda pelos trabalhadores, que só querem aproveitar um tempero caseiro por um preço camarada.

Cristiane é quem faz o pastel de carne e queijo frito na hora. (Foto: Kísie Ainoã)
Cristiane é quem faz o pastel de carne e queijo frito na hora. (Foto: Kísie Ainoã)

Antes de trabalharem juntos, Cristiane era proprietária de um salão de beleza, Maria de Fátima atuava como empregada doméstica e Valdemir em uma chácara. Diferente delas, ele preferiu deixar o emprego, pois, há sete anos, não tirava férias e trabalhava todos os dias.

Ao Lado B, Cristiane contou que o marido Pedro La Martini foi o responsável por dar a ideia. “Ele está acostumado a comer na estrada, então, falou para mim. Como ela perdeu todas as diárias (Maria), eu tive que fechar o salão e ele (Valdemir) estava desempregado, viemos para cá. Todo mundo ajudou, minha sogra forneceu as panelas, a mulher dele deu o botijão de gás”, explica.

O que nenhum deles esperava é que as refeições práticas e simples iriam cair no gosto daqueles que diariamente passam pela estrada. “A gente não esperava esse movimento, aqui tem muita família e todos falam que não teve ideia melhor. Depois que as pessoas saem de Campo Grande, elas não tem nem água para tomar”, diz.

Maria relata dificuldades iniciais que teve com o novo emprego. (Foto: Kísie Ainoã)
Maria relata dificuldades iniciais que teve com o novo emprego. (Foto: Kísie Ainoã)

Adaptada com o novo serviço, Maria relata que ficou perdida nos primeiros dias de atendimento e montagem dos produtos. “Eu trabalho com faxina desde os 15 anos, estava acostumada nisso e é difícil mudar para outra coisa. No começo, não sabia o que fazia aqui, mas agora, a gente trabalha bastante, dá risada e conversa”, enfatiza.

O sentimento é compartilhado por Cristiane, que relata ter feito amizades até com os clientes. “É gostoso ficar aqui, parece que nesses dois meses já se passaram dois anos, porque é muita amizade. Já temos clientes fixos que nem perguntam o que tem e já sabem o que vão comer e tomar. Nós sabemos até o sabor do pastel que gostam”, expõe.

Em razão do valor razoável do menu, o café da manhã na estrada, conforme Cristiane, segue fazendo sucesso. “Isso chama a atenção, porque o preço é bem camarada e o pessoal vai falando”, garante. O prato feito sai R$ 17, o pastel R$ 3.50, o pão com ovo R$ 5 e a garrafa de garapa R$ 7.

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