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Lado Rural

Perdas na produção de grãos em MS podem chegar a 10,4%, confirma Conab

Adversidades climáticas derrubam produtividade da soja e atraso na colheita ameaça o plantio do milho 2ª safra

Por José Roberto dos Santos | 08/02/2024 12:30
Agricultor acompanha colheita da soja em propriedade rural de MS; queda na produtividade é geral. (Foto: Arquivo/Semadesc)
Agricultor acompanha colheita da soja em propriedade rural de MS; queda na produtividade é geral. (Foto: Arquivo/Semadesc)

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou nesta quinta-feira, 8, o 5º Levantamento da Safra de Grãos. Em Mato Grosso do Sul, o volume é 10,4% menor que o produzido no ciclo passado, o que representa 2,9 milhões de toneladas. Quando comparado com o primeiro levantamento – feito em outubro de 2023 – a diferença é de 1,3 milhão de toneladas. De lá para cá, os levantamento mostram sempre uma previsão em queda constante. Segundo a Conab, as adversidades climáticas afetaram a produtividade, reduzindo a produção total.

No levantamento feito pela Conab, Mato Grosso do Sul apresenta um crescimento de 6% na área plantada de soja, o principal grão produzido pelo Estado, ao lado do milho. São 4 milhões de hectares nesta safra, contra 3,7 milhões de hectares do ciclo passado. Apesar disso, o levantamento da companhia mostra uma queda de 10,4% na produtividade da soja – de 3.723 quilos por hectares na safra passada para 3.335 sc/ha neste ciclo. O resultado é uma produção de soja 5% menor nesta safra em relação ao ciclo anterior. São 14 milhões de toneladas (2022-23) contra 13,3 milhões para o ciclo 2023-24.

A justificativa para a queda na produtividade e, consequentemente da produção da soja, é o comportamento climático adverso nas principais regiões produtoras, que vem afetando negativamente as lavouras, desde o plantio, sobretudo para soja e milho. O atraso no plantio da soja já impacta negativamente no plantio da segunda safra de milho.

O levantamento da Conab inclui caroço de algodão, amendoim (1ª e 2ª safras), arroz, aveia, canola, centeio, cevada, feijão (1ª, 2ª e 3ª safras), gergelim, girassol, mamona, milho (1ª, 2ª e 3ª safras), soja, sorgo, trigo e triticale.

Nesta semana o Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho reuniu produtores rurais na sede da entidade para discutir os impactos do clima na produção de soja. Segundo o Sistema Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), devido ao clima, a safra atual deve produzir 1,2 milhão de toneladas a menos, em relação ao último ciclo e a produtividade da oleaginosa deve passar de 62 sacas para 54 sacas por hectare. Na cotação atual do grão, divulgada pelo próprio portal da Federação (R$ 86,00 em média), a perda da produtividade deve gerar um impacto negativo de R$ 1,72 bilhão na agricultura de MS.

Análise climática

Segundo o levantamento da Conab, que realizou visitas presenciais em Mato Grosso do Sul, ainda em dezembro ocorreram eventos de temperaturas elevadas e estiagem no Estado, o que gerou novas perdas produtivas reportadas neste levantamento. O clima normalizou somente a partir de janeiro, onde não houve calor extremo e melhorou a distribuição e volumes das chuvas.

Atualmente, há umidade disponível no solo e previsões de chuvas para a próxima semana que, se concretizarem, manterão as adequadas condições climatológicas para a evolução das lavouras que foram semeadas a partir de meados de outubro e que ainda apresentam boa capacidade produtiva.

Pragas e doenças

Houve surto de algumas pragas durante este período avaliativo, com destaque para a mosca-branca e tripes, que demandaram até três aplicações sequenciais para controle populacional. Chama a atenção a ocorrência do percevejo-marrom em todo o Estado, mas sua população é controlada sem causar prejuízos e custos além do esperado.

Já as doenças, pouco têm se manifestado, mesmo nas lavouras mais próxima da maturação, pois a permanência de maior período com baixa umidade desfavoreceu os agentes como fungos e bactérias. Conforme já esperado, os primeiros talhões colhidos tiveram a produtividade fortemente afetada pelas intempéries, mas aqueles semeados a partir de meados de outubro apresentam boa expectativa produtiva, com exceção dos muito tardios, implantados em dezembro, que devem ter aumentada a pressão de pragas e doenças.

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