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Lado Rural

Preço do leite melhora em 2022, mas piora o poder de compra do produtor

Com alta de insumos, como concentrados e medicamentos, lucro do produtor fica cada vez mais achatado

José Roberto dos Santos | 26/01/2023 12:50
Vaca é ordenhada mecanicamente em propriedade brasileira; expectativa para 2023 é de preços estáveis para o leite.(Foto: Arquivo/Agência Brasil)
Vaca é ordenhada mecanicamente em propriedade brasileira; expectativa para 2023 é de preços estáveis para o leite.(Foto: Arquivo/Agência Brasil)

O preço do leite captado em novembro e pago aos produtores em dezembro de 2022 foi de R$ 2,5286/litro na “Média Brasil” líquida, baixa de 6,7% frente ao mês anterior, mas 12,8% maior que o registrado no mesmo período de 2021, em termos reais. Em Mato Grosso do Sul levantamento feito pela Sefaz (Secretaria de Fazenda) e Semadesc-MS (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), mostra que quando se leva em conta os últimos 12 meses, a cesta de produtos lácteos apresentou variação positiva de 29,40% no período.

Apesar disso, a pressão sobre o produtor fica por conta dos custos operacionais e de compras de insumos, principalmente concentrados utilizados na nutrição das vacas leiteiras e de medicamentos.

Relação de troca

Durante o mês de dezembro, segundo o Boletim do Leite do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada)), o poder de com­pra do produtor de leite piorou quando comparado ao período anterior, pela queda na receita. Para adquirir uma saca de milho de 60 kg no encerramento de 2022, foram necessários 34 litros de leite, enquanto que, em novembro, eram exigidos 31,5 litros. Nos últimos 12 me­ses, a média da relação de troca foi de 34,2 litros/saca.

O último quadrimestre de 2022 foi marcado por consecutivas quedas nos preços do leite ao produtor devido à demanda enfraquecida por lácteos na ponta final da cadeia. Com menor nível de renda da população, a pressão dos canais de distribuição por cotações mais baixas segue constante, e, para assegurar as vendas, os laticínios têm trabalhado com preços em queda há cinco meses – cenário que é repassado ao produtor. A avaliação é do Cepea, na nota técnica Boletim do Leite.

Em dezembro, apesar do incremento pontual nas vendas de lácteos por conta das festas de final de ano, o consumo permaneceu baixo, levando a novas reduções nas médias mensais. Em MS, o preço do litro tipo spot (que é aquele movimentado entre as indústrias) teve redução de -3,14%.

Mesmo com recuos significativos nos preços dos derivados em dezembro, é possível que esse repasse não seja feito em sua totalidade ao produtor. Isso porque existe preocupação em relação à manutenção do volume produzido, uma vez que a captação em dezembro ficou aquém do esperado. Assim, o preço do leite captado em dezembro pode apresentar estabilidade em diversas bacias leiteiras.

Perspectiva 2023

O movimento de queda dos preços dos derivados pode ter chegado ao fim, visto que o início de 2023 aponta uma inversão dessa tendência. Agentes de mercado consultados pelo Cepea relataram diminuição de estoques, devido à menor captação de matéria-prima. Além disso, a redução das importações também ajudou a enxugar a oferta. Para janeiro, pesquisas ainda em andamento indicam estabilidade com tendência de alta para os preços do leite UHT e do queijo muçarela.

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