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Lado Rural

Sequestro de bezerros reduz custos e aumenta lucro na pecuária de corte

Método tem sido adotado especialmente durante períodos de seca e ajuda a preservar a qualidade das pastagens

Por José Roberto dos Santos | 06/08/2024 13:15
No sequestro de bezerros, os animais são confinados de 90 a 120 dias e recebem suplementação no cocho. (Foto: Divulgação)
No sequestro de bezerros, os animais são confinados de 90 a 120 dias e recebem suplementação no cocho. (Foto: Divulgação)

A redução de custos operacionais, sem prejuízos para a saúde dos bezerros e com preservação da qualidade das pastagens, é um dos desafios dos produtores da pecuária de corte, que têm buscado estratégias para enfrentar esses obstáculos e ainda aumentar a margem de lucro. Uma técnica que tem sido adotada pelos criadores é o chamado "sequestro de bezerros", aplicada principalmente durante os períodos de seca, que encurta a recria e o ciclo produtivo desses animais.

Estima-se que em Mato Grosso do Sul, somente no Pantanal, são produzidos anualmente cerca de 300 mil bezerros. Corumbá, no coração do Pantanal, é o segundo município brasileiro com maior número de cabeças de bovinos – cerca de 1,9 milhão de bovinos – segundo ranking de 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. O perfil do rebanho em Corumbá em 2022 era dividido em: 0 a 12 meses (20,27%); 13 a 24 meses (15,75%); 25 a 36 meses (13,33%) e +36 meses (50,56%) sendo o município com maior proporção de animais com mais de 36 meses no Estado, de acordo com Boletim Casa Rural da Famasul (Federação da Agricultura e pecuária de MS).

O município de Corumbá é o principal fornecedor de animais de 0 a 12 meses dentro de MS. A importância deste celeiro de bezerros não é apenas restrito ao MS, outros estados recebem bezerros gerados em Corumbá, como SP e MT. Até o ano passado, os 5 maiores municípios produtores de bezerros movimentaram cerca de 3,2 milhões de cabeças de zero a 12 meses em Mato Grosso do Sul.

Sequestro de bezerros

“O sequestro é realizado por um período entre 90 e 120 dias, durante a transição da época da seca para as chuvas, quando os bezerros são colocados em confinamento com cochos e bebedouros, preservando a pastagem e reduzindo custos operacionais. Essa estratégia otimiza o ganho de peso dos animais, que varia entre 400 e 1000 gramas por dia, nesse período”, destaca o médico veterinário, Márcio Bonin.

A técnica tem sido usada para combater um dos maiores problemas da pecuária de corte no Brasil, que é o longo tempo do período da recria, quando os animais permanecem na propriedade, gerando altos custos operacionais. Entre as vantagens do sistema estão: o melhor aproveitamento do pasto, o ganho de peso acelerado, a redução de custos operacionais e a melhor saúde dos animais, uma vez que os bezerros recebem cuidados mais intensivos, o que contribui para seu bem-estar. “A duração do sequestro e seus resultados podem ser variados, considerando as práticas específicas de cada fazenda e as condições locais”, observa o médico veterinário.

Para que o sequestro tenha o resultado esperado, o médico-veterinário explica que a alimentação deve ser balanceada, para fornecer os nutrientes necessários ao crescimento saudável dos animais que também precisam estar sempre hidratados, com acesso livre à água limpa e fresca. O espaço deve ser confortável, com boa ventilação e cama seca. Do ponto de vista da saúde, é preciso haver atenção quanto às doenças e parasitas, com vacinação e vermifugação seguidas dentro de um cronograma adequado.

Após o período de sequestro, o manejo continua sendo fundamental para garantir o melhor desenvolvimento dos animais. Por isso, o produtor precisa acompanhar o ganho de peso, e se houver necessidade, fazer ajustes no nível de suplementação e no manejo. Bonin também explica que a transição precisa ser gradual. “Se os animais serão recriados ou engordados em pasto, após o sequestro, adote uma dieta que simule os ganhos do período de águas para evitar choques alimentares, sempre lembrando que a estratégia de manejo pode variar de acordo com as necessidades de cada produtor”, finaliza.

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