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Meio Ambiente

Catadores montam acampamento em frente ao aterro sanitário

Eles dizem não ter dinheiro para arcar com aluguel de onde moravam e desejam ganhar o terreno na região

Helton Verão | 28/12/2012 18:10
Com o nome de "Mundo Novo", catadores dizem representar um novo tempo para a classe a posse da terra (Foto: Rodrigo Pazinato)
Com o nome de "Mundo Novo", catadores dizem representar um novo tempo para a classe a posse da terra (Foto: Rodrigo Pazinato)
Os terrenos estão sendo divididos em 10 x 20 metros de extensão (Foto: Rodrigo Pazinato)
Os terrenos estão sendo divididos em 10 x 20 metros de extensão (Foto: Rodrigo Pazinato)

Um grupo de catadores invadiu a área em frente ao aterro sanitário no bairro Dom Antônio Barbosa e está motando acampamento. Formado por catadores que estão trabalhando na UTR (Unidade de Tratamento de Resíduos) e pelos que ainda não estão na cooperativa, eles dizem que não se trata de um protesto, e sim de garantir a possibilidade da construção da casa própria. Os organizadores dizem que 300 famílias querem viver ali.

O “novo” bairro já tem nome, “Mundo Novo”. Os lotes estão sendo demarcados o tamanho de 10 metros por 20 metros. “Não temos como garantir a renda que tínhamos com o lixão, as famílias instaladas aqui todas tiveram de sair dos imóveis alugados onde residiam. Não queremos uma casa pronta e sim um terreno para construir nossa própria moradia”, conta o ex-catador Joel, de 30 anos.

Outro ex-trabalhador que aguarda sua autorização para trabalhar UTR, Paulo Matos de 30 anos, constata que este é o efeito da desativação do lixão, sem que a cooperativa pudesse atender a todos os trabalhadores. “Passamos o natal aqui montando nossas barracas, agora estão vendo o efeito causado com a desocupação do lixão”, conta.

Rodrigo diz que seu dinheiro acabou e em janeiro irá buscar também seu espaço em frente o aterro (Foto: Rodrigo Pazinato)
Rodrigo diz que seu dinheiro acabou e em janeiro irá buscar também seu espaço em frente o aterro (Foto: Rodrigo Pazinato)

O representante dos catadores, Rodrigo Leão, diz que a classe tomou a decisão por ter muita gente morando na rua sem condições de garantir o aluguel de onde moravam. “Mesmo os que trabalham na cooperativa estão arranjando seu espaço aqui, eles não estão conseguindo tirar mais que R$ 10 por dia lá, é muito pouco pelo o que conseguíamos antes. Para piorar a situação, a Solurb pagou um vale de R$ 200 para o natal e outro para o ano novo para cada um dos 130 trabalhadores lá na UTR, eles não terão esse dinheiro para reembolsar a empresa”, explica e avisa o representante.

Os catadores reclamam que a estrutura da cooperativa não é suficiente para bons resultados e lucros como tinham na época do lixão. “Antes eram 70 caminhões durante o dia, outros 70 para a noite. Agora é um a cada quatro horas é muito pouco”, lamenta Rodrigo.

O discurso dos trabalhadores já instalados na região é de expectativa pela nova gestão da prefeitura municipal que toma posse no dia 1º para que as terras sejam concedidas e divididas entre eles.

“Aproveitadores” – Além da classe dos catadores, outras pessoas aproveitaram para se instalar no mesmo espaço e não escondem a esperança de tentar garantir o mesmo direito reivindicado pelos primeiros.

“Fiquei sabendo do movimento deles para conseguir uma terra aqui e também vou me instalar aqui, quem sabe consigo um espaço pra minha família”, conta o amador de ferragens,
Alex Silva Tavares, de 21 anos.

Os catadores não vêem problemas na instalação dos agregados no local e até dizem receber de braços abertos famílias como a de Alex.

O lixão esteve em atividade há 28 anos na saída para Sidrolândia e “fechou as portas” no último dia 18, diante de muita revolta, confusão entre catadores e polícia. A construção do aterro sanitário (UTR) chegou a ser suspensa por irregularidades, mas foi liberada em seguida.

Esteve em processos que envolveram defensores do meio ambiente, Ministério Público Estadual, Federal e o Poder Judiciário. A usina faz a separação do lixo reciclado e está sendo administrada por uma usina de catadores.

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