Cesp coloca chip em peixes do Rio Paraná para monitorar piracema
Cerca de 600 peixes de espécies migratórias prioritárias devem ser acompanhadas

A Cesp (Companhia Energética de São Paulo) iniciou um monitoramento para implantar microchips em até 600 peixes de espécies migratórias da bacia do Rio Paraná. A ação faz parte do Programa de Conservação da Biodiversidade da UHE Porto Primavera (Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta) para acompanhar o comportamento dessas espécies durante a piracema. O projeto se estenderá até o final do período reprodutivo das espécies migratórias.
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A Companhia Energética de São Paulo (Cesp) iniciou um projeto de monitoramento que visa implantar microchips em até 600 peixes migratórios do Rio Paraná, como parte do Programa de Conservação da Biodiversidade da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta. A ação, que se estenderá até o final do período reprodutivo, busca acompanhar o comportamento das espécies durante a piracema. Desde 2009, mais de 8.000 peixes foram marcados, utilizando microchips e etiquetas visuais. A tecnologia permite registrar a passagem dos peixes pela escada de transposição da usina, essencial para a conservação da fauna aquática. A participação da comunidade é incentivada, com a distribuição de etiquetas que possibilitam a comunicação sobre a captura de peixes marcados, complementando o monitoramento técnico.
De acordo com Odemberg Veronez, gerente de Sustentabilidade da CESP, "para garantir o sucesso na conservação da biodiversidade, é fundamental monitorar e estudar as espécies e o bioma ao qual pertencem. As informações obtidas por meio dessa pesquisa serão essenciais para nortear nossas ações de conservação da fauna aquática no Rio Paraná e seus tributários".
Desde 2009, já foram marcados 8.048 peixes, com atividades realizadas no reservatório de Porto Primavera e em seus principais tributários, como os rios Peixe, Aguapeí, Verde e Pardo. O processo de marcação envolve a implantação de microchips (PIT tags) e etiquetas visuais externas que permitem o acompanhamento da movimentação das espécies. Durante a captura, os peixes são anestesiados, pesados, medidos e, após o procedimento, são liberados no rio, após se recuperarem do anestésico.
Entre as espécies monitoradas em 2025 estão Piapara, Jurupoca, Piauçu, Pacu, Mandi-amarelo, Mandi-paraguaio, Barbado, Curimba, Pintado, Peixe-cachorro, Dourado, Jaú, Jurupesen e Cascudo-preto, todas com hábitos migratórios característicos do período da piracema. As marcações ocorrem entre outubro e fevereiro, acompanhando o ciclo reprodutivo de cada uma.
A tecnologia usada no monitoramento dos peixes inclui microchips que registram automaticamente a passagem das espécies pela escada de transposição da usina, que é equipada com nove antenas de leitura por radiofrequência alimentadas por energia solar. Cada passagem é registrada, fornecendo dados cruciais sobre o comportamento migratório e a eficiência da estrutura de transposição. Segundo o biólogo Leandro Celestino, consultor de Sustentabilidade da CESP, essas informações são essenciais para avaliar como os peixes se movem ao longo do rio, ajudando a entender a eficácia das iniciativas de transposição.
Com quase meio quilômetro de extensão, a escada para peixes da usina simula corredeiras dos rios, que são as condições naturais de migração, possibilitando a movimentação rio acima e rio abaixo da barragem. Dados do Programa de Ictiofauna da CESP indicam que 100% das 18 espécies migratórias registradas utilizam a escada durante a piracema, destacando a importância da estrutura para a conservação da fauna aquática no rio Paraná.
A participação da comunidade também é fundamental para o sucesso do projeto. A CESP distribui etiquetas visuais em alguns peixes com informações de contato para que pescadores e ribeirinhos possam comunicar a captura de peixes marcados. Esses dados complementam o monitoramento técnico, permitindo entender a distribuição das espécies pela bacia e seu deslocamento no reservatório.
A Cesp considera que foi possível constatar situações importantes, como a movimentação de espécies que utilizaram o sistema de transposição de Itaipu, percorrendo mais de 400 quilômetros. Pela primeira vez, o estudo também comprovou que os peixes utilizam a escada para descer o rio.
O reservatório da UHE Porto Primavera, com 245 quilômetros de extensão, abriga 125 espécies nativas de peixes, representando 59% das espécies registradas na planície de inundação do alto Rio Paraná, destacando a relevância do local para a biodiversidade da região.

