Em ano de seca histórica, Rio Miranda chega ao maior nível após chuvas
"Olha o nosso riozão", comemora pescador em um vídeo feito ontem (2)
Barcos precisavam ser arrastados para flutuar onde havia água suficiente no trecho do Rio Miranda que fica no distrito Águas de Miranda, em Bonito, até a última semana.
O cenário é outro nesta quarta-feira (3). Pescadores que dependem do rio comemoram a subida de nível que testemunham. Um deles, Eliel Nunes, enviou vídeo mostrando como estava na terça-feira (2). "Olha nosso riozão como está", ele anuncia.
O município foi o que mais recebeu chuva em Mato Grosso do Sul entre sexta-feira (29) e terça-feira. Foram 96 mm de precipitação em quatro dias, segundo o Cemtec (Centro de Monitoramento de Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul).
Por pertencer à Bacia Hidrográfica do Paraguai e receber influência das águas vizinhas, o nível do Rio Miranda também pode ser medido pela régua do Rio Ladário. Segundo dados da Marinha do Brasil, esta quarta-feira começa com as águas atingindo o maior nível do ano: 1,01 metro.
No mesmo dia, no ano passado, o nível de Ladário estava em 2,52 metros, também segundo a Marinha. É mais do que o dobro. Comparando as medições dos meses de março dos anos anteriores, os dados mostram que se trata da maior seca para o período e também para todos os meses de janeiro e fevereiro desde 2017.
Seca histórica - Janeiro, fevereiro e março normalmente são de rio cheio, mas não trouxeram as chuvas volumosas esperadas em 2024.
A organização SOS Pantanal, que pesquisa o fenômeno com técnicos da área e junto aos ribeirinhos, identificou a situação e publicou nas redes sociais um vídeo explicando os prováveis motivos no mês passado.
Nele, o biólogo e pesquisador Gustavo Figueirôa explica que o que está acontecendo pode ter relação com o desmatamento e degradação de áreas de Cerrado, Mata Atlântica e do Pantanal, além de falta de curvas de nível e matas ciliares em propriedades rurais próximas e também o aquecimento global, que causa aumento das temperaturas e altera o ciclo de chuvas.
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