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Meio Ambiente

Enxurrada volta a inundar córrego e associação cobra providências

Helio de Freitas, de Dourados | 11/12/2014 14:18
Foto tirada no dia 5 deste mês mostra água do Córrego Laranjal Barrenta (Foto: Divulgação)
Foto tirada no dia 5 deste mês mostra água do Córrego Laranjal Barrenta (Foto: Divulgação)
No dia 6 deste mês água dó córrego continuava barrenta; PMA diz que situação é normal e não houve dano ao córrego (Foto: Divulgação)
No dia 6 deste mês água dó córrego continuava barrenta; PMA diz que situação é normal e não houve dano ao córrego (Foto: Divulgação)

O Laranjal, um dos principais córregos que cortam o município de Nova Andradina e que ajuda a formar a bacia do Rio Ivinhema, voltou a ficar com água barrenta. Moradores da região temem uma nova devastação, como a ocorrida em 2010.

Naquele ano, a erosão iniciada numa propriedade usada pela Usina Santa Helena para plantio de cana arrastou areia para o córrego e foi preciso uma grande mobilização da população local para que providências fossem adotadas.

Após passeatas e audiência pública na Câmara de Vereadores de Nova Andradina, um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) foi assinado em 2011, mas os moradores denunciam que muitas ações determinadas naquela época não foram cumpridas pela indústria. Esse seria o principal motivo para o problema reaparecer agora. O córrego fica a 35 km do centro da cidade.

Após as chuvas do início deste mês, a enxurrada voltou a levar areia para o Mimoso, um pequeno córrego afluente do Laranjal. “O Laranjal, que depois da poluição de 2010 tinha voltado a ficar com água limpa, cristalina, e vinha sendo usado de novo para banho nos fins de semana, está barrento mais uma vez”, afirmou ao Campo Grande News o produtor Edilson Nantes, presidente da Associação dos moradores dos bairros Laranjal, São Bento e Papagaio.

Erosão continua – Nantes acredita que a enxurrada voltou a inundar os afluentes do Laranjal devido ao rompimento das curvas de nível feitas após o TAC assinado com o Ministério Público há três anos. “Eles não fizeram a manutenção e ocorreu novo assoreamento. Além disso, houve o plantio de apenas uma parte das árvores que deveriam ser plantadas para ajudar a conter a erosão”, afirmou.

O produtor, que mora a 2 km do córrego, disse que domingo passava pela ponte quando um grupo de pessoas chegava ao local para tomar banho, mas desistiu por causa da água barrenta. “Procurei a Polícia Militar Ambiental em Batayporã e eles foram ao local. Faz três dias que estou tentando falar com o promotor de Meio Ambiente, mas ele não me atende”, reclamou.

Ao Campo Grande News, o policial Pazianotto informou que a equipe da PMA esteve no Córrego Laranjal duas vezes após a denúncia, mas não identificou rompimento das barreiras. Segundo ele, a equipe que foi ao local também não teria constado água barrenta, como denuncia a associação de moradores.

“Algumas curvas de nível foram rompidas, mas a enxurrada não chegou ao córrego. Não houve dano ambiental. Vamos encaminhar amanhã o relatório de vistoria para nosso comando em Campo Grande”, afirmou o policial.

Ibama – Edilson Nantes afirmou também que o Ibama não teria concluído o trabalho de diagnóstico ambiental, definido no Termo de Ajustamento de Conduta, firmado em 2011. O termo de cooperação foi assinado naquele entre a Superintendência do Ibama e o Ministério Público Estadual.

O objetivo era fazer um levantamento das condições ambientais de todas as áreas de preservação permanentes (APPs) e de reserva legal das propriedades situadas no entorno do Laranjal e seus afluentes. O diagnóstico também previa a análise dos impactos das atividades econômicas de pecuária e agricultura da região, a existência de erosões, de degradações ambientais e de explorações indevidas dessas áreas.

O chefe do escritório do órgão federal em Dourados, Donizete de Matos, disse que ficou sabendo da possível nova poluição através de um amigo que viu a notícia na imprensa de Nova Andradina. “Fizemos um trabalho lá com resultado muito bom e agora precisamos verificar o que está acontecendo de novo. Precisamos voltar lá para ver a realidade desses fatos”.

Donizete informou que a intenção é fazer uma vistoria para saber se o problema voltou a ocorrer, mas antes precisa falar com o superintendente do Ibama em Mato Grosso do Sul, Márcio Ferreira Yule. “Ele está retornando hoje de uma viagem a Brasília e ainda não consegui falar com ele por telefone”.

Promotoria e usina – Na Promotoria de Meio Ambiente de Nova Andradina, o titular, Alexandre Rosa Luz, informou ao Campo Grande News que não ainda conseguiu atender Edilson Nantes por falta de tempo, devido a audiências de outros casos. “Ele não aceitou falar com a assessoria e eu não pude atendê-lo, mas já marcamos para amanhã para que ele possa fazer seu relato. Falei com a PMA e eles me informaram que não identificaram esse ponto de poluição”, disse o promotor.

Na Usina Santa Helena, a informação é de que o diretor Bruno Coutinho viajou hoje para Campo Grande e que outro funcionário, de nome José Leôncio, falaria sobre a denúncia da associação de moradores. Ele foi procurado três vezes na sede da indústria, mas não foi encontrado.

Em 2010, quando a comunidade de mobilizou para salvar o córrego, água estava suja igual voltou a ficar neste mês (Foto: Divulgação)
Em 2010, quando a comunidade de mobilizou para salvar o córrego, água estava suja igual voltou a ficar neste mês (Foto: Divulgação)
Antes da erosão em lavouras de cana arrastar lama para o córrego, moradores se banhavam no Laranjal (Foto: Divulgação)
Antes da erosão em lavouras de cana arrastar lama para o córrego, moradores se banhavam no Laranjal (Foto: Divulgação)
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