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Meio Ambiente

Fogo já consome regiões exploradas pelo turismo em MS e reserva kadiwéu

Dados do Inpe indicam 4.056 focos registrados no Estado este ano, salto de 279% em relação ao ano passado

Jones Mário | 22/08/2019 13:48
Brigadistas durante combate à queimadas na Terra Indígena Kadiwéu, em Porto Murtinho (Foto: Divulgação/Prevfogo)
Brigadistas durante combate à queimadas na Terra Indígena Kadiwéu, em Porto Murtinho (Foto: Divulgação/Prevfogo)

Corumbá registrou 1.014 focos de incêndio em 21 dias em agosto, equivalentes a dois novas queimadas a cada hora. Com 2.231 focos acumulados em 2019, o município só fica atrás de Altamira (PA), com 2.358, na lista de cidades com mais ocorrências. O fogo já consome regiões exploradas pelo turismo e também atinge outros pontos do Pantanal Sul-mato-grossense, caso da Terra Indígena Kadiwéu.

Os dados de focos de incêndio são do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que monitora as queimadas no Brasil em tempo real. Ainda segundo a instituição, foram identificados 2.682 pontos de incêndio no bioma este ano e consumidos 2.559 km² do território pantaneiro, correspondentes a 1,7% da área total.

Em Corumbá, o combate aos incêndios na região rural, tais como beiras de rodovias, reservas e assentamentos, é feito por 30 brigadistas do Prevfogo/Ibama (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Segundo o coordenador estadual do programa, Márcio Yule, o grupo tem atuado também em queimadas na região do Porto da Manga, que abriga pousadas e é visada pelo turismo de pesca.

“Nosso pessoal está indo até lá todos os dias. Há um incêndio muito grande por lá, também próximo às entradas para Albuquerque. Já queimou bastante. A fumaça é um perigo grande, pode causar acidentes nas estradas”, detalha Yule.

Além de abafadores, os brigadistas utilizam enxadas, pás, rastelos e foices para fazer os chamados “aceiros”, estratégia de desmate que impede o alastramento do fogo. O grupo ainda dispõe de bombas rígidas e flexíveis de até 20 litros por brigadista, além de motobombas, capazes de utilizar a água de corixos.

Com efetivo de 68 militares, o Corpo de Bombeiros de Corumbá está de prontidão para auxiliar os brigadistas do Prevfogo/Ibama, mas ainda não foi necessário, garante o tenente-coronel André Rufato. “Corumbá tem dimensão de estado, praticamente. Território muito grande. O Corpo de Bombeiros é um órgão responsivo e vamos atender quando formos solicitados”.

A região urbana de Corumbá foi coberta por fumaça desde domingo. O diagnóstico de Bombeiros e Defesa Civil estadual é de que a cortina foi formada por incêndios no departamento de Santa Cruz, na Bolívia, em região de fronteira com o Brasil. As queimadas já atingiram 757.975 hectares, segundo dados da ABT (Autoridade de Bosques e Terras) do país vizinho.

Porto Murtinho – Ao sul de Corumbá, a Terra Indígena Kadiwéu tem oito focos de incêndio em andamento, conforme o Inpe. Distribuída principalmente por Porto Murtinho e Bodoquena, a área conta com brigada própria de incêndio, com 30 pessoas treinadas pelo Ibama. Segundo Márcio Yule, o conjunto será reforçado por mais cinco brigadistas de Corumbá e outros cinco de Aquidauana.

“São duas brigadas fixas de 15 pessoas na Terra Kadiwéu, uma na aldeia Alves de Barros e outra na São João. É uma área com dificuldade de acesso, área grande, com poucas estradas. Com o reforço, cinco de Corumbá e cinco de Aquidauana, esperamos que no fim de semana a gente consiga controlar os incêndios que estão ocorrendo lá”, explica.

Nesta sexta-feira (23), representantes da superintendência regional do Ibama em Mato Grosso do Sul, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil estadual se reúnem para definir novas estratégias de combate às queimadas no Estado.

Dados do Inpe dão conta de 4.056 focos registrados no Estado este ano, salto de 279% em relação aos 1.071 detectados em igual período de 2018.

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