Mesmo com queda no consumo, MS enfrenta alto risco de racionamento de água
Estudo traça perspectivas de rodízio no fornecimento hídrico no Estado devido às mudanças climáticas
Até 2050, o risco de racionamento de água poderá ultrapassar 30 dias por ano em regiões do Centro-Oeste. O cenário foi traçado pelo estudo “Demanda Futura por Água em 2050: Desafios da Eficiência e das Mudanças Climáticas”, elaborado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a consultoria EX ANTE.
RESUMO
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Estudo do Instituto Trata Brasil revela que Mato Grosso do Sul, apesar de projetar redução no consumo per capita de água até 2050, enfrenta alto risco de racionamento. A região Centro-Oeste poderá ter mais de 30 dias de restrição hídrica por ano, devido às condições climáticas e baixa precipitação. O consumo diário por habitante em MS deve cair de 172,14 litros em 2023 para 160,27 litros em 2050. Fatores como envelhecimento populacional, combate às perdas no sistema e políticas de consumo consciente contribuem para esta redução. O estado conta com abastecimento baseado em poços e aquíferos, garantindo maior segurança hídrica.
Embora Mato Grosso do Sul se destaque como o único Estado da região com projeção de redução no consumo per capita, também enfrenta alto risco climático, principalmente no sul, onde há maior probabilidade de ocorrência de ondas de calor, afetando a operação das estações de tratamento de água.
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De acordo com o documento, o Centro-Oeste foi classificado entre as áreas mais vulneráveis devido às condições climáticas de base, caracterizadas por baixa precipitação média e menor número de dias de chuva, somadas às tendências futuras de aquecimento e redução da disponibilidade hídrica.
Perfil de MS - Embora o Centro-Oeste deva registrar um crescimento médio anual de 0,4% no consumo per capita de água até 2050, Mato Grosso do Sul será o único Estado da região com projeção de redução. O consumo diário por habitante deve cair de 172,14 litros em 2023 para 160,27 litros em 2050, uma queda média de 0,3% ao ano.
A retração é observada principalmente entre 2033 e 2050, quando o consumo per capita tende a diminuir de forma contínua. Mesmo assim, o Estado enfrenta alto risco climático.
Em 2023, o Estado tinha uma população estimada em 2,8 milhões de habitantes, com consumo per capita observado de 141,65 litros por dia, totalizando 146,24 milhões de m³ de água. No mesmo ano, o consumo esperado era de 172,74 litros diários, o que corresponderia a 178,33 milhões de m³.
Queda no consumo - Três fatores seriam responsáveis pela queda no consumo em Mato Grosso do Sul. Segundo o engenheiro Elthon Santos Teixeira, gerente de Desenvolvimento Operacional da Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul), são eles: o envelhecimento da população, pessoas mais velhas, em geral, consomem menos água; o combate às perdas no sistema de abastecimento, que aumenta a eficiência no uso do recurso; e o fato de o Estado estar em uma área de estresse hídrico, o que estimula políticas de consumo consciente.
Na avaliação de Teixeira, ainda é incerto se Mato Grosso do Sul poderá enfrentar racionamento de água no futuro, já que a situação depende de fatores climáticos que variam ao longo do tempo. Atualmente, o Estado é considerado privilegiado em relação a outras regiões do país, por contar com um sistema de abastecimento baseado principalmente em poços e em grandes reservas subterrâneas, como os aquíferos, que garantem maior segurança hídrica.
Segundo o gerente, a Sanesul tem estruturado seus sistemas com foco na resiliência, para assegurar o fornecimento mesmo em períodos críticos e evitar medidas de racionamento. A companhia também investe continuamente em ações de redução de perdas e na otimização do uso da água, considerada essencial para a qualidade de vida da população.
Panorama nacional - Segundo o levantamento, o Brasil poderá ter até 12 dias anuais de racionamento de água, e o risco superior a 30 dias pode atingir as regiões Centro-Oeste e Nordeste, consideradas mais vulneráveis em razão do aumento do consumo, das perdas na distribuição e dos efeitos das mudanças climáticas.
O documento ressalta que esses 30 dias representam, na prática, um período ainda mais longo de restrições, já que as medidas de contingenciamento costumam ocorrer em sistema de rodízio, por exemplo, um dia com água e dois sem. Nesse cenário, o racionamento pode se estender por três meses ou mais, o que pode trazer consequências graves para a saúde e a qualidade de vida da população.
As projeções nacionais indicam uma redução de 3,4% na disponibilidade de água e um aumento da temperatura média máxima de 1 °C, além de uma elevação de 0,47 °C na temperatura mínima. O estudo também aponta para chuvas mais intensas e menos frequentes, o que tende a agravar a irregularidade no abastecimento.
Risco - A pesquisa também mostra que, em nível nacional, a demanda total por água deve crescer nas próximas décadas, impulsionada pela universalização do acesso ao abastecimento, o que amplia a pressão sobre os recursos hídricos.
Clima e Temperatura - Conforme o levantamento, o Brasil deve enfrentar um aumento tanto na temperatura máxima quanto na mínima anual até 2050, o que pode pressionar ainda mais o consumo de água. A temperatura máxima deve subir cerca de 1°C em relação a 2023, enquanto a mínima deve crescer 0,47°C, resultando em uma elevação da amplitude térmica de 0,52°C no período.
De acordo com o estudo, cada aumento de 1°C na temperatura pode elevar em até 24,9% o consumo per capita de água. Somando os efeitos do clima, a demanda total deve crescer 12,4% além do previsto apenas pelo avanço econômico e populacional. Isso significa que, mesmo sem considerar o crescimento da economia e da população, o consumo médio das famílias brasileiras tende a subir 12,4% por influência direta das mudanças climáticas.
O relatório alerta ainda que a combinação entre o aumento das temperaturas e a redução dos dias de chuva deve agravar a desertificação em várias regiões do país, ampliando a área do semiárido e afetando especialmente municípios que já enfrentam dificuldades para suprir a demanda por água.
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