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Meio Ambiente

MP aciona prefeitura por "falta de consciência ecológica" na APA do Guariroba

Promotora aponta omissão do município na proteção da principal área de abastecimento de água da cidade

Por Jhefferson Gamarra | 07/03/2025 16:45
MP aciona prefeitura por "falta de consciência ecológica" na APA do Guariroba
Bacia do Guariroba que abastece mais de 40% de Campo Grande (Foto: Divulgação)

O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) ingressou com uma ação civil pública contra a Prefeitura de Campo Grande por negligência na proteção da APA (Área de Proteção Ambiental) do Guariroba. Segundo a promotora Luz Marina Borges Maciel, titular da 26ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, a administração municipal demonstra "falta de consciência ecológica" ao não implementar as medidas previstas no plano de manejo da unidade de conservação.

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) entrou com uma ação civil pública contra a Prefeitura de Campo Grande por negligência na proteção da Área de Proteção Ambiental (APA) do Guariroba. A promotora Luz Marina Borges Maciel acusa a administração municipal de não implementar medidas do plano de manejo da unidade, criado para proteger mananciais que abastecem 40% da água da capital. Dos seis programas ambientais previstos, apenas dois foram elaborados, mas nenhum foi implementado. A ação exige que a prefeitura finalize os programas pendentes em 60 dias e inicie a execução imediata das medidas, sob pena de multa.

A APA do Guariroba foi criada em 1995 com o objetivo de proteger os mananciais responsáveis pelo abastecimento de água de Campo Grande. Atualmente, cerca de 40% da água consumida na capital tem origem nessa bacia hidrográfica. "Mesmo ciente dos problemas ambientais da APA do Guariroba e da imprescindibilidade de tirar do papel as ações e programas previstos no Plano de Manejo, o Município se nega a cumprir com seu dever de proteção do meio ambiente", destacou a promotora.

O plano de manejo da APA do Guariroba foi revisado em 2020 e estabeleceu seis programas ambientais essenciais para garantir a sustentabilidade da unidade de conservação. No entanto, investigação do MPMS apontou que apenas dois deles foram elaborados e aprovados, enquanto os outros quatro seguem sem avanço significativo. Além disso, nenhum dos programas chegou a ser implementado.

Os programas preveem medidas fundamentais para a conservação do meio ambiente na região, incluindo:

  • Programa de Cooperação Técnica (P1): Estabelecimento de parcerias para captação de recursos e gestão da APA;
  • Programa de Recuperação e Manutenção Ambiental (P2): Recuperação da vegetação nativa e prevenção de erosão;
  • Programa de Manejo de Recursos Naturais (P3): Monitoramento da qualidade da água e proteção de áreas de preservação permanente;
  • Programa de Estruturação da Infraestrutura (P4): Melhorias no sistema viário para minimizar impactos ambientais;
  • Programa de Educação Ambiental (P5): Conscientização da população sobre a importância da APA;
  • Programa de Fomento às Atividades Sustentáveis (P6): Incentivo a práticas econômicas sustentáveis na região.

Dos seis programas previstos, apenas os programas P1 e P3 foram elaborados e aprovados, porém sem qualquer implementação prática. Os demais seguem paralisados, sem qualquer avanço nos últimos anos, de acordo com o MP.

Dentre os problemas constatados está a degradação do solo, a falta de manutenção das bacias de retenção e a turbidez da água causada pelo assoreamento dos córregos da bacia do Guariroba. Além disso, invasões na área são frequentes, sem a devida fiscalização do poder público.

A ação do MPMS requer que a prefeitura finalize a elaboração dos programas ambientais pendentes no prazo de 60 dias, apresente um cronograma de reuniões das câmaras técnicas em 10 dias úteis e inicie a execução imediata de todas as medidas previstas. Também é solicitada a publicidade das reuniões e do andamento dos trabalhos em portais oficiais.

O Ministério Público pede ainda que o município seja condenado a instalar sinalização adequada na APA, informando sua importância e regras de preservação. Caso a prefeitura descumpra as determinações, pode ser aplicada multa diária revertida para o Fundo Municipal do Meio Ambiente.

A APA do Guariroba é essencial para garantir a segurança hídrica da população de Campo Grande. "Se o município continuar negligenciando a proteção da APA do Guariroba, toda a cidade pode enfrentar graves problemas de abastecimento de água no futuro", alerta o MPMS.

A Prefeitura de Campo Grande foi procurada pra comentar sobre a ação e demais denúncias formalizadas pelo Ministério Público, mas até a publicação da matéria não houve retorno. O espaço segue aberto.

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