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Meio Ambiente

PF fecha Ibama para investigar irregularidades em criação de jacarés

Marta Ferreira e Fabiano Arruda | 07/10/2011 11:40

Inquérito apura irregularidades envolvendo empreendimento de ex-funcionário aposentado este ano que é dono de criadouro e pousada

Policial deixa sede do Ibama em Campo Grande, que está fechada nesta manhã, por operação da PF. (Foto: Fernando Dias)
Policial deixa sede do Ibama em Campo Grande, que está fechada nesta manhã, por operação da PF. (Foto: Fernando Dias)

Cerca de 50 funcionários que foram trabalhar hoje no Ibama (Instituto de Meio Ambiente e Recursos Renováveis) em Campo Grande foram impedidos de entrar, em razão da operação Caiman, da PF (Polícia Federal). A ação é para cumprir 7 mandados de busca e apreensão, como parte da investigação que apura irregularidades na criação de jacarés e na pousada pertencentes ao médico veterinário e funcionário aposentado do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis) Gerson Zahdi Bueno, 64 anos, que vem sendo apontadas em reportagens do Campo Grande News. Mais de 30 policiais estão nas ruas para cumprir 7 mandados de busca e apreensão de materiais e documentos.

A sede do Ibama está fechada, com policiais vasculhando o órgão. Dois deles saíram com pastas aparentemente contendo material apreendido. Voltaram depois, um deles com uma marmita, o que indica um trabalho demorado.

Outros quatro policiais deixaram o órgão daqui a pouco e disseram que o trabalho deve durar o dia todo.

Os mandados estão sendo cumpridos em locais de trabalho e residências de servidores suspeitos de envolvimento nas irregularidades, tanto no Ibama como em órgãos estaduais. Em Aquidauana, será cumprido um mandado de busca e apreensão na Gerência de Planejamento, Habitação e Urbanismo do município.

A assessoria de imprensa do Ibama informou que, se forem compravadas irregularidades, os servidores envolvidos vão ser punidos como determina a lei.

O que está sendo apurado- Em nota divulgada à imprensa, a PF informa que a investigação é para apurar delitos de venda, exposição, manutenção em cativeiro, depósito ilegal e transporte irregular de espécimes da fauna silvestre nativa do pantanal, principalmente o jacaré.

De acordo com a corporação, no transcorrer das investigações “restou evidenciado a participação de servidores públicos, notadamente do Ibama” na cadeia delituosa.

A suspeita da PF é que Zahdi, que atuou durante anos no setor que fiscaliza a atividade em que é empresário, foi beneficiado por ser funcionário do órgão. Com isso, enriqueceu explorando comercialmente a criação de jacarés e a atividade turística tendo nos animais um de seus atrativos. Ele já deu entrevista para jornais e televisões do mundo todo sendo apresentado como exemplo de conciliação entre a atividade comercial e o meio ambiente.

A investigação apura, por exemplo, o fato de nunca ter havido fiscalização da forma como deveria no criadouro de jacarés, voltado à comercialização da pele, um artigo bastante valorizado no mercado internacional.

O Ibama informou, nesta semana, que está fazendo uma espécie de devassa nos procedimentos envolvendo Zahdi. Ele já foi multado pelo órgão em mais de R$ 300 mil e recorreu da multa.

Em entrevista ao Campo Grande News, em agosto, ele negou que tenha sido beneficiado por ser funcionário do órgão e disse que sua atividade deveria ser encarada como um incentivo à preservação ambiental. Procurado nesta semana, ele não quis dar entrevista.

O advogado dele, Carlos Alberto Miranda, informou que aguardaria a conclusão do inquérito a respeito, para definir o que fazer sobre o assunto.

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