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Meio Ambiente

Pré-COP30 reforça necessidade de equilibrar produção e preservação no Pantanal

Evento em Campo Grande reúne governadores, autoridades e especialistas que defendem o bioma como patrimônio

Por Kamila Alcântara | 30/09/2025 10:15
Pré-COP30 reforça necessidade de equilibrar produção e preservação no Pantanal
Evento ocorre nesta manhã em Campo Grande, com representantes dos dois estados do Pantanal.(Foto: Henrique Kawaminami)

Campo Grande sedia nesta terça-feira (30) o Pré-COP30 (Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) Bioma Pantanal, encontro estratégico que reúne governadores, representantes do governo federal, pesquisadores e lideranças para discutir o papel dos estados e municípios na conferência climática mundial marcada para novembro em Belém (PA). O evento é organizado pelo Governo de Mato Grosso do Sul, pela Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), pelo Consórcio Brasil Verde e pelo Centro Brasil no Clima.

RESUMO

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O evento Pré-COP30 Bioma Pantanal, realizado em Campo Grande, reuniu governadores, representantes federais e especialistas para discutir o papel dos estados na conferência climática mundial. O encontro destacou a necessidade de equilibrar produção agropecuária e preservação ambiental no bioma. Durante os debates, autoridades ressaltaram a contribuição dos produtores rurais no combate às mudanças climáticas. O governador Eduardo Riedel enfatizou que o Pantanal é patrimônio cultural do estado, destacando a recuperação de 5 milhões de hectares de pastagens degradadas em Mato Grosso do Sul. O evento culminará com a elaboração da Carta do Pantanal, documento que será apresentado na COP30 em Belém.

Durante os debates da manhã, a mensagem mais recorrente foi a necessidade de equilibrar produção agropecuária e preservação ambiental, com destaque para a contribuição dos produtores rurais no combate às mudanças climáticas. O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, defendeu que o Pantanal é mais do que uma pauta ambiental.

Pré-COP30 reforça necessidade de equilibrar produção e preservação no Pantanal
Governador Eduardo Riedel chega para compor a mesa de abertura do evento (Foto: Henrique Kawaminami)

“É patrimônio cultural e identitário do Estado. Produção e preservação caminham juntas. Nossa agropecuária está sendo responsável por atingir, até 2030, a condição de Estado carbono neutro. Em 10 anos, recuperamos 5 milhões de hectares de pastagens degradadas sem abrir novas áreas”, afirmou.

O presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Marcelo Bertoni, reforçou o papel do setor rural. “O que vamos apresentar aqui é o tanto que o produtor preserva. Só em nosso estado, 20% é obrigatório. Em alguns biomas, chega a 80%. Estão sempre colocando a pecuária como vilã, mas ninguém lembra dos combustíveis fósseis. A métrica que estamos fazendo com a Embrapa mostra que mitigamos gases de efeito estufa.”

O Brasil chega à COP30 com a convicção de que a agricultura é parte da solução”, disse, acrescentando que o Pantanal é o bioma mais preservado do mundo graças ao manejo tradicional dos pantaneiros.

Pré-COP30 reforça necessidade de equilibrar produção e preservação no Pantanal
Governador do Espírito Santo e presidente do Consórcio Brasil Verde, Renato Casagrande (Foto: Henrique Kawaminami)

O governador do Espírito Santo e presidente do Consórcio Brasil Verde, Renato Casagrande, destacou que os encontros prévios têm dado visibilidade aos diferentes biomas brasileiros. “O Brasil é tão grande, tão rico, que era preciso destacar os demais biomas.”

“As pré-COPs estão funcionando, mobilizando pessoas que conhecem e trabalham em cada bioma. Agora é levar para Belém as decisões tomadas em cada reunião e mostrar que estados e municípios também implementam as medidas no dia a dia.”

O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, não participou do evento por ter sofrido um acidente recentemente e, com costelas fraturadas, não poder viajar. Em seu lugar, o estado foi representado pelo secretário adjunto executivo de Meio Ambiente, Alex Sandro Marega.

Ele ressaltou que os efeitos da mudança do clima já são sentidos. “Quem vive no Pantanal sabe que as mudanças já estão acontecendo. Não estamos mais discutindo se vai acontecer ou as causas. Estamos discutindo como nos adaptar e mitigar.”

Pré-COP30 reforça necessidade de equilibrar produção e preservação no Pantanal
Secretário adjunto de Meio Ambiente do Mato Grosso, Alex Sandro Marega (Foto: Henrique Kawaminami)

A diretora executiva da COP30, Ana Toni, reforçou o alerta. “No Pantanal, já vemos as consequências, especialmente as secas, que mudam a vida do bioma.”

Na visão de Ângelo Rabelo, do Instituto Homem Pantaneiro, o encontro foi uma vitória política para o bioma. “O Pantanal entra agora numa condição de importância equivalente à Amazônia. É hora de identificar desafios, buscar investimentos e proteger tanto as nascentes quanto os manejos tradicionais, com soluções baseadas na natureza.”

Ao longo da manhã, também será apresentada a Carta do Pantanal, que ficará em consulta junto a organizações da sociedade e será entregue à presidência da COP30 como contribuição dos estados e municípios pantaneiros para a conferência global.

Pré-COP30 reforça necessidade de equilibrar produção e preservação no Pantanal
Diretora-executiva da COP30, Ana Toni, fala durante o evento (Foto: Henrique Kawaminami)

Painéis técnicos e políticos à tarde

A programação segue à tarde, a partir das 14h, com o painel “Mudanças Climáticas e Biodiversidade”, que terá a participação do secretário adjunto de Meio Ambiente de Mato Grosso, Alex Sandro Marega, dos pesquisadores Thiago Copolla e Walfrido Moraes Tomas, ambos da Embrapa Pantanal, e de João Paulo Franco, da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). A mediação será de Fabio Bolzan, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).

Na sequência, às 15h15, o painel “Técnico-Político: Financiamento Climático e Meios de Implementação” discutirá caminhos para financiar a transição justa no Pantanal. Participam Artur Falcette, secretário adjunto da Semadesc, Alexandre Bossi, da SOS Pantanal, e Maria Netto, do iCS (Instituto Clima e Sociedade), com mediação de Renato Roscoe, do Instituto Taquari Vivo.

O encerramento está previsto para as 16h30, com a apresentação dos resultados e encaminhamentos consolidados na Carta do Pantanal.