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Meio Ambiente

“Primo pobre” que suja o rentável Prata, rio sofre com lama e desmatamento

Os dois rios se juntam em Jardim, mas num ponto distante dos atrativos turísticos

Por Aline dos Santos | 17/10/2024 10:06


Notícia nesta semana por “sujar” o Prata, famoso corpo hídrico que atrai turistas para Bonito e Jardim, o Rio Verde sofre com desmatamento e assoreamento. Os danos ambientais são vistos do alto, como mostram imagens anexadas à apuração do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) sobre os perigos ao Prata.

Os dois rios se juntam em Jardim, mas num ponto distante dos atrativos turísticos do Prata, afamado pelas águas cristalinas. Quando a lama veio em localidades turísticas, como em 2018, houve forte reação, diante do grave dano ambiental. Mas o rio vermelho, que segue correndo do Verde para o Prata se tornou um problema crônico, que não comove mais ninguém.

“Realmente, o Rio Verde tem um problema grave de mata ciliar, mau uso do solo, assoreamento, processos erosivos. É importante que a gente tenha um olhar para o Rio Verde, que impacta diretamente o Rio da Prata e o Rio Miranda. Alguma coisa precisa ser feita de forma emergencial porque esses danos são muito graves para a bacia do Rio Miranda”, diz biólogo Sérgio Barreto, do IHP (Instituto Homem Pantaneiro).

Os sedimentos que vêm pelo Verde deságuam no Prata e são carregados para o Miranda, rio que enfrenta acelerado processo de assoreamento. Todos estão na região hidrográfica do Paraguai.

Sem uso turístico, longe dos olhos das pessoas, o Verde demorou a ter os passivos ambientais identificados.

“É importante que mostrem como ele se encontra atualmente para que as pessoas tenham ciência que esse rio tem enorme importância para a região. Todos os serviços ecossistêmicos que ele presta para o ambiente e a sociedade. Esse rio merece nossa atenção para ter recuperação mais breve possível”, reforça o biólogo.

Em denúncia levada ao Ministério Público em maio, o Unidos pelo Rio da Prata destaca o problema.

Visto do alto, Rio Verde, em Jardim, enfrenta falta de mata ciliar paa proteção. (Foto: Reprodução)
Visto do alto, Rio Verde, em Jardim, enfrenta falta de mata ciliar paa proteção. (Foto: Reprodução)

“Verifica-se ainda que tal alteração da coloração no percurso do Rio da Prata após/abaixo o afluente Rio Verde não vem sendo observado, monitorado ou solucionado pelos órgãos de monitoramento, já que não há qualquer notícia ou mesmo atuação visando apuração das razões e circunstancias que tal fenômeno vem se estabelecendo”.

Imagens do mês de abril mostraram o comportamento do Verde e do Prata no período chuvoso.

 “Verifica-se que o turvamento das águas persiste mesmo após uma semana da ocorrência da chuva. Isso demonstra que algo muito grave está acontecendo, já que na parte acima do Rio da Prata, antes do encontro com o seu afluente, as chuvas não impactam em nada a coloração da água, mantendo-se cristalina mesmo com chuva, o que não ocorre na parte de baixo do rio da Prata, após receber as águas do afluente Rio Verde”.

A reportagem questionou o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) sobre fiscalização a danos ambientais no Rio Verde e aplicação de multas, mas não recebeu resposta até a publicação da matéria.

Rio da Prata corre sujo por lama após o encontro com o Rio Verde. (Foto: Lauro Keslley)
Rio da Prata corre sujo por lama após o encontro com o Rio Verde. (Foto: Lauro Keslley)

Candidato a desastre - Tomado por bancos de areia, o Miranda, que é água de beber (abastece 42.094 pessoas em Jardim, Miranda e Águas do Miranda, distrito de Bonito) e água de garantir sustento com o turismo de pesca, já surge como candidato a repetir o desastre ambiental do Taquari.

O assoreamento mais "famoso" de Mato Grosso do Sul começou na década de 1970. Asfixiado pela terra, o Taquari saiu do leito e se espalhou pelas propriedades rurais, inviabilizando a produção, num verdadeiro deserto líquido, principalmente em Corumbá. A remoção da areia dos “arrombados” do Taquari custaria na casa de R$ 1 bilhão.

Rio Miranda assoreado na divisa de Jardim e Guia Lopes da Laguna. (Foto: Paulo Francis)
Rio Miranda assoreado na divisa de Jardim e Guia Lopes da Laguna. (Foto: Paulo Francis)

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