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Meio Ambiente

Uma das menores espécies de tatu, raramente documentada, é confirmada em MS

Descoberta do tatu-mirim em parque de Três Lagoas foi possível após análise genética e armadilhas de imagens

Por Gabriela Couto | 19/02/2025 16:55

Um estudo inédito realizado por pesquisadores do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), em parceria com instituições nacionais e internacionais, incluindo a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), confirmou a presença do tatu-mirim (Dasypus septemcinctus) em Mato Grosso do Sul.

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Pesquisadores do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) confirmaram pela primeira vez a presença do tatu-mirim (Dasypus septemcinctus) em Mato Grosso do Sul. O estudo inédito, publicado na revista Biota Neotropica, utilizou análises moleculares e armadilhas fotográficas para identificar com precisão a espécie, que é uma das menores entre os tatus e raramente documentada. A descoberta ocorreu no Parque Natural Municipal do Pombo, em Três Lagoas, através de registros fotográficos e análise genética de um animal atropelado. O local já registrou oito espécies de Xenarthra, demonstrando sua importância para a conservação da biodiversidade do Cerrado, um dos biomas mais ameaçados do mundo.

A pesquisa, publicada na renomada revista científica Biota Neotropica, trouxe uma abordagem inovadora ao combinar análises moleculares e registros de armadilhas fotográficas para uma identificação precisa da espécie.

O tatu-mirim, uma das menores espécies de tatu, é caracterizado por seu pequeno porte, carapaça com seis a sete bandas móveis e hábitos discretos. Com uma distribuição geográfica ampla, mas raramente documentada, o tatu-mirim frequentemente se confunde com outras espécies do gênero Dasypus, como o tatu-galinha (Dasypus novemcinctus). No entanto, os registros da espécie em Mato Grosso do Sul eram escassos, e a confirmação de sua presença na região sempre foi uma incógnita.

Para superar esse desafio, os pesquisadores usaram ferramentas genéticas para garantir a identificação correta. O estudo foi fundamentado em dois registros: o primeiro foi obtido através de armadilhas fotográficas no Parque Natural Municipal do Pombo, localizado em Três Lagoas, e o segundo por meio de uma análise genética de uma amostra proveniente de um animal atropelado.

A partir da análise do DNA mitocondrial da amostra, os pesquisadores compararam os dados com bancos genéticos, excluindo qualquer dúvida sobre a identificação da espécie.

A coautora do estudo, Carla Gestich, especialista em genética da conservação e pós-doutoranda em Ecologia Molecular, também enfatiza o papel das análises genéticas na validação da presença do tatu-mirim e na ampliação do entendimento sobre sua relação com outras subespécies.

“O uso da genética foi essencial para confirmar a presença de Dasypus septemcinctus na região e ajudou a aprofundar o conhecimento sobre sua diversidade genética”, afirma Carla.

Cerrado - A descoberta do tatu-mirim em Mato Grosso do Sul não apenas aumenta o conhecimento sobre a espécie, mas também destaca a relevância do Parque Natural Municipal do Pombo como um importante local para a conservação dos Xenarthra, uma ordem de mamíferos placentários que inclui tatus, tamanduás e preguiças.

“A confirmação da presença do tatu-mirim representa um avanço crucial para o estudo desta espécie pouco conhecida. Além disso, o estudo destaca a importância do Parque do Pombo, que já registrou oito espécies de Xenarthra, evidenciando sua grande contribuição para a biodiversidade da região”, afirma Arnaud Desbiez, coordenador do estudo e presidente do ICAS.

O pesquisador também destaca que o Parque do Pombo é um verdadeiro refúgio para a fauna do Cerrado, um bioma que, apesar de sua vasta riqueza, está entre os mais ameaçados do mundo. “Este estudo evidencia a necessidade de mais pesquisas para compreender a distribuição e a ecologia do tatu-mirim, além de reforçar a importância de áreas protegidas para a preservação da biodiversidade”, conclui Desbiez.

A pesquisa também sublinha os desafios enfrentados pelo Cerrado, um bioma cuja destruição tem acelerado em ritmo alarmante. “O Cerrado está desaparecendo antes mesmo de termos a chance de registrar toda a sua diversidade. Corremos o risco de perder espécies que nem sequer sabemos que existem”, alerta Desbiez, destacando a urgência em intensificar os esforços de monitoramento e proteção da fauna local.

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