Tapa-buraco é “mal necessário”, mas solução está no recapeamento, diz secretário
Segundo Miglioli, chuvas inviabilizam reparos e agravam estado das ruas em bairros e regiões centrais
Assista ao episódio completo do podcast Na Íntegra:
O secretário municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos de Campo Grande, Marcelo Miglioli, classificou o serviço de tapa-buraco como um “mal necessário” e afirmou que a única solução definitiva para os problemas viários da Capital é o recapeamento das vias. A declaração foi dada durante participação no podcast Na Íntegra, do Campo Grande News.
Segundo ele, há trechos que não recebem nenhuma restauração há mais de 30 anos. “A cidade cresceu, mas faltou planejamento de longo prazo”, afirmou. Para reverter esse cenário, Miglioli defende a ampliação do programa de recapeamento iniciado no ano passado. “É a única saída tecnicamente viável. Se tiver outra, nos apresentem. Estamos abertos a ouvir”, declarou.
“Combinar com São Pedro não deu certo” – Conforme o secretário, o aumento de buracos durante o verão coincidiu com o volume excessivo de chuvas, o que comprometeu o trabalho das equipes. “Do dia 15 de fevereiro em diante, perdemos o controle da situação. A chuva não parou mais”, explicou. Ele destacou que o serviço de tapa-buraco é ineficaz sob chuva intensa. “A gente até tentou combinar com São Pedro, mas não deu certo.”
Para amenizar o problema, a secretaria passou a usar bica corrida (mistura de pedras e pó) antes da aplicação da massa asfáltica. “É um material de base que permite economizar massa e melhora a compactação. Quem vê a gente jogando esse material, não ache que é serviço malfeito”, pediu.
O secretário explicou que pavimentar um único bairro, como o Jardim Columbia, custa cerca de R$ 65 milhões. “Campo Grande tem mais de mil quilômetros de ruas sem pavimentação. O passivo é gigantesco”, disse. Ele afirmou que tem buscado apoio para ampliar o recapeamento. “Estamos conversando com toda a bancada para viabilizar um programa continuado”, afirmou.
Planejamento para além do mandato - Durante o podcast, Miglioli criticou o abandono de projetos iniciados por gestões anteriores. “A cultura era: ‘não vou terminar porque quem lançou foi o outro’. Isso gerou um passivo de obras inacabadas.” Ele defendeu o modelo do programa Obra Inacabada Zero, iniciado por ele ainda como secretário estadual, em 2015. “Até hoje tem obra sendo feita com projeto daquela época”, comentou.
Sobre a atual gestão municipal, afirmou que a prefeita Adriane Lopes (PP) determinou prioridade para a conclusão de obras paradas. “Nosso compromisso é planejar a cidade para além de 2024. Tomara que quem vier depois continue.”
Belas Artes e Lago do Amor – Miglioli citou como exemplo o projeto para concluir o Centro Belas Artes, paralisado desde 1994. “Queremos licitar até agosto a segunda etapa, com o Parktech e a Agatec. Tenho um compromisso pessoal com essa obra. Foi lançada no meu primeiro ano como engenheiro.”
Em outro ponto da cidade, a requalificação do Lago do Amor também foi tratada como urgente. Segundo ele, a lagoa perdeu metade da capacidade de retenção de água. “Hoje ela segura 60 mil metros cúbicos de lâmina d’água. Era o dobro.” Para resolver o problema, será necessário desassorear o lago, recuperar a bacia do Rádio Clube e construir contenções nos córregos Bandeirantes e Cabassa. O custo estimado é de R$ 15 milhões. “Vamos buscar o recurso.”
Transparência e controle – Ao tratar de eventuais suspeitas sobre contratos de obras, Miglioli foi direto: “Esse é o maior patrimônio que tenho: meu nome. Saí da Secretaria de Estado sem nenhum processo, sem uma acusação.” Disse que mantém o mesmo padrão de conduta na gestão atual. “Pode me acusar, mas me acuse com prova. Eu vou até o inferno para defender meu nome.”
O secretário afirmou manter relação aberta com os órgãos de controle. “Já fui ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas, sempre que necessário. Problemas a gente resolve com diálogo.”
Passivo de árvores e fiscalização - Sobre a falta de poda de árvores, Miglioli informou que a Prefeitura está preparando editais para licitar contratos em sete regiões. “Conseguimos aval jurídico para usar a contribuição da iluminação (Cozip) na manutenção de árvores, que têm relação direta com a rede elétrica.”
Ele também admitiu falhas pontuais nas ações da própria secretaria, como no caso da manutenção de um buraco na região da Três Barras, que deixou entulho sobre a calçada. “Ali foi a equipe própria. Detectamos o problema, iniciamos a troca de tubulação, mas não conseguimos concluir por causa da chuva. Vamos corrigir.”