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Na Íntegra

Do luminol ao banco de dados, trabalho da perícia evoluiu em MS?

Podcast foi um bate-papo com o perito e diretor do Instituto de Criminalística de MS, Emerson Lopes dos Reis

Por Kamila Alcântara | 16/04/2025 16:24


RESUMO

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A Polícia Científica de Mato Grosso do Sul está se modernizando para ser "a última voz da vítima", segundo Emerson Lopes dos Reis, diretor do Instituto de Criminalística do Estado. Com 22 anos de experiência, Emerson destaca a importância da tecnologia e da capacitação profissional para a perícia criminal. Recentemente, o estado integrou o Banco Nacional de Perfis Balísticos, ajudando a resolver crimes interestaduais. A perícia também enfrenta desafios em crimes cibernéticos, como pedofilia e tráfico de drogas. O objetivo é fornecer provas técnicas ao sistema judiciário, baseadas em ciência, para garantir justiça.

Fitas zebradas para isolamento, luminol e muito cuidado para não interferir na cena do crime. Essa dinâmica não acontece só nos true crimes internacionais e, na verdade, é comum também em Mato Grosso do Sul, com uso de alta tecnologia. Para falar sobre os avanços e desafios da profissão, o podcast Na Íntegra conversou com o perito criminal Emerson Lopes dos Reis, diretor do Instituto de Criminalística do Estado.

Formado em Física, Emerson começou sua trajetória como professor. Mas tudo mudou quando viu, em um jornal, o anúncio de um concurso público para perito criminal — profissão que até então desconhecia. Aprovado, ele atua há 22 anos na área, com experiência em investigações de acidentes, como docente da Acadepol (Academia de Polícia) e hoje na direção do Instituto.

"Há 20, 30 anos, ninguém dizia que queria ser perito. A sociedade vem mudando. A busca por justiça está cada vez mais exigente. E é aí que a Polícia Científica ganha destaque, porque nosso papel é buscar a verdade dos fatos, não apontar culpados ou inocentes, mas identificar o que realmente aconteceu. Isso é o que torna a atividade tão importante. E essa mudança foi muito nítida ao longo dos meus 22 anos de profissão", afirma.

Ao longo da carreira, Emerson passou por todos os setores, desde o plantão até a sala de aula. Essa vivência contribuiu para desenvolver uma visão mais clara sobre a gestão de pessoas. Recentemente, a perícia criminal recebeu investimentos milionários, o que exige profissionais capacitados para operar os novos equipamentos e acompanhar o avanço das tecnologias no combate ao crime organizado.

"A gente ainda está nesse processo de transição, na verdade. A tecnologia é fundamental para uma perícia de qualidade. Para entregar um bom laudo, é preciso tanto um profissional capacitado quanto bons equipamentos. Alguns casos só foram resolvidos anos depois, quando a tecnologia chegou. O problema é que essa tecnologia demora a alcançar os estados menores, como o nosso. Os equipamentos são caros, o investimento é alto", explica.

Desde o ano passado, Mato Grosso do Sul passou a integrar oficialmente o Banco Nacional de Perfis Balísticos, ferramenta que permite solucionar crimes cometidos com a mesma arma em diferentes estados e até em outros países. Os peritos também atuam em crimes cibernéticos, como redes de pedofilia e o envio de drogas da fronteira até os portos.

"Os crimes de pedofilia e tráfico de drogas, infelizmente, são os que mais aparecem. Em termos técnicos, o trabalho com celulares é o mais exigente, porque os equipamentos precisam quebrar a segurança do aparelho e, quanto mais atualizado ele for, mais difícil isso se torna."

Apesar dos desafios, todos os peritos entendem que a missão da profissão é produzir laudos técnicos, com base científica, que sejam a voz de quem não pode mais se defender.

"Nosso papel é fornecer ao sistema judiciário uma prova técnica, baseada em ciência, que pode ser decisiva tanto para a condenação quanto para a absolvição de alguém. Ao contrário de uma confissão, que pode ser forçada ou falsa, a prova pericial é baseada em vestígios e evidências físicas", finaliza.


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