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Política

"Apanhei quieto, mas agora vou revidar", diz Bernal ao deixar prefeitura

Em entrevista exclusiva ao Campo Grande News, Alcides Bernal deixa de lado o papel de vítima e diz que agora terá tempo de revidar as ofensas. Voltara ao rádio e pretende o Senado.

Alberto Dias | 31/12/2016 17:47
Em seu último dia no Paço Municipal, Alcides Bernal diz não ter arrependimentos. (Foto: Marcos Ermínio)
Em seu último dia no Paço Municipal, Alcides Bernal diz não ter arrependimentos. (Foto: Marcos Ermínio)

Em suas últimas horas como prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP) adentra o gabinete irritado. Nas mãos, traz uma das decisões judiciais que o restringem de usar os cofres do município. No currículo, um mandato conturbado. A partir deste domingo (1), sai de cena o polêmico prefeito, para dar lugar ao advogado e radialista que acorda às 4h há mais de 20 anos.

Antes de desocupar o gabinete e deixar o Paço Municipal, o corumbaense Alcides Jesus Peralta Bernal concedeu uma entrevista exclusiva ao Campo Grande News. Em quase duas horas, o progressista fez um balanço dos últimos tempos, mas também falou de futuro.

"Apanhei quieto. Vou continuar apanhando, mas agora vou revidar". Finalmente com tempo disponível, diz que ingressará com algumas ações judiciais contra quem ele considera que o prejudicou: "a partir de amanhã, sou um cidadão, vou exercer meu legítimo direito de defesa da minha honra".

A entrevista marcada para as 10h deste sábado (31) começou uma hora atrasada, mas transcorreu sem pressa. Bernal é conhecido por se atrasar em compromissos, mas a calma também lhe é peculiar. Por isso, chamou a atenção o fato de ele adentrar o gabinete irritado e falante. Em mãos, empunhava decisão do TCE (Tribunal de Contas do Estado) que, segundo ele, o proíbe de realizar pagamentos.

"Cada intimação dessa é uma multa de 50 mil. Daqui a pouco, passarei a vida toda, terei que nascer de novo, só para pagar o Tribunal de Contas", reclamou. Antes da reportagem esboçar qualquer pergunta, disparou: "Isso não é mandato. Não dá para falar em mandato. É como se te assaltassem, tirassem sua vida, até suas cuecas".

Ironicamente, reclamou de um buraco na Rua Rui Barbosa com a Calarge originado "por um bueiro destampado", ou seja, sem abrir mão do discurso de vítima que fez desde sua eleição até agora.

Com liminar do TCE-MS em mãos, Bernal lamenta não poder honrar os compromissos. (Foto: Marcos Ermínio)
Com liminar do TCE-MS em mãos, Bernal lamenta não poder honrar os compromissos. (Foto: Marcos Ermínio)

"Não sei se fazem isso para ferrar com a cidade ou destruir com a reputação do Bernal". Duas palavras que se cruzam em sua gestão: buracos e reputação.

Parece até ironia, mas Bernal consegue deixar o cargo dizendo que o problema dos buracos "é fácil de resolver", algo que ele não foi capaz de fazer. Pelo contrário, sua gestão já é lembrada por deixar o asfalto da cidade destruído.

Daqui para frente, vida que segue. Férias nem pensar. Bernal deve estrear um programa de rádio já em fevereiro.

Ele ignora o projeto do comando nacional do PP, de tirá-lo da presidência regional. Diz que vai percorrer o interior para fortalecer o partido, que tem 24 vereadores em 18 cidades, porém nenhum prefeito. Também diz que cumprirá experiente na regional do PP, onde é presidente, acumulando ainda a função de vice presidente-nacional da sigla.

Arrependimentos - Questionado se faria algo diferente, como dialogar ou delegar mais, Bernal afirma ter buscado vereadores, governo e volta ao discurso que constantemente remete à Operação Coffee Break, que investiga empresários, políticos vereadores envolvidos nos meandres e na votação que culminou em sua cassação.

Ao fim do mandato, ele considera que todas as dificuldades, incluindo sua cassação, foram uma grande lição para ele e toda a classe política que, inclusive deixaram legados. "Hoje os orgãos de controle, internos e externos, são muito fortes, principalmente a opinião pública", avaliou, acrescentando: "Você vai ver quanto vai ter de mudança nas próximas eleições".

Por falar nisso, Bernal confirma: será será candidato nas próximas eleições, provavelmente ao Senado, sem descartar a disputa ao governo do estado em 2018.

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