ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  23    CAMPO GRANDE 32º

Política

Anísio Guató propõe atuar para que gestores “invistam nas pessoas”

Candidato do Psol se alinha a pautas como agricultura familiar e revisão de investimentos hoje direcionados ao agronegócio

Humberto Marques | 19/09/2018 17:15
Candidato a senador pelo Psol, Anísio Guató, 56, foi maquinista da RFFSA e sindicalista. (Fotos: Paulo Francis)
Candidato a senador pelo Psol, Anísio Guató, 56, foi maquinista da RFFSA e sindicalista. (Fotos: Paulo Francis)

Ex-ferroviário –foram oito anos como maquinista antes “da maior demissão em massa na história da Rede Ferroviária Federal– e sindicalista; licenciado em Geografia e pós-graduado em Educação Popular; e participante de diferentes órgãos de controle social; Anísio Guilherme da Fonseca, 56, o Anísio Guató, foi escalado pelo Psol para disputar o Senado nas eleições deste ano. O discurso, alinhado com as filosofias do partido, também apregoa “que se invista nas pessoas” em substituição ao direcionamento de recursos públicos para, por exemplo, subsidiar o grande agronegócio.

Natural de Corumbá, fez parte do Sindicato dos Ferroviários e militou pelo PT entre 1993 e 2005, período no qual atuou em campanhas como as de Marta Guarani a deputada estadual (da qual foi coordenador), Zeca do PT e Lula. No município, foi candidato a vereador em 2000 e 2004. “Foi minha derradeira participação, quando começou a ruptura do partido com as bases”, afirma.

A saída do partido se deu ao lado de integrantes da Ação Popular Socialista que, mais tarde, atuaria na fundação do Psol, pelo qual, em 2008, foi o primeiro candidato do partido a prefeito em Corumbá –tendo a candidatura cassada a três dias da eleição por irregularidades na documentação do vice. Em 2014, disputou a Câmara Federal e contabilizou 1.437 votos, voltando a concorrer a vereador dois anos depois.

Guató reforça ter “uma história de luta além do sindicato, da causa indígena e dos Direitos Humanos”, atuando também como integrante de diferentes órgãos de controle social e de políticas públicas –foi delegado em três Conferências Estaduais de Saúde, integrou o Conselho de Comunicação do Fórum Indígena Internacional da COP 8 e atuou na Conferência de Desenvolvimento de Sistemas Sociais de Seguridade Social. Tais órgãos, frisou ele, estão previstos no primeiro parágrafo da Constituição Federal quanto a representação da sociedade.

“A democracia tem como alicerce no Brasil o parágrafo primeiro da Constituição: ‘Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição’. Temos os representantes escolhidos pelo eleitor ou diretamente constituídos por meio desses órgãos que representam diversos segmentos da sociedade”, explicou o candidato, citando como exemplo os movimentos pró-moradia, de onde saiu o presidenciável do Psol, Guilherme Boulos, e de representação indígena, da candidata a vice-presidente Sônia Guajajara.

Anísio Guató propõe atuar para que gestores “invistam nas pessoas”

Que o governo invista nas pessoas, que é o que dá seguridade social. Com isso, você reduz a reserva de exploração do capital e, também, do crime organizado. Se tiver oferta de de uma vida digna, quem vai querer ser ‘mula’ do tráfico de drogas, de armas, pessoas ou órgãos?

Regionalização – A plataforma de Anísio Guató para o Senado inclui ações para “que o governo invista nas pessoas, que é o que dá seguridade social. Com isso, você reduz a reserva de exploração do capital e, também, do crime organizado. Se tiver oferta de de uma vida digna, quem vai querer ser ‘mula’ do tráfico de drogas, de armas, pessoas ou órgãos?”, afirma o candidato.

Ele também cobra que os investimentos realizados pelo poder público sejam alvos de políticas que coloquem as peculiaridades de cada região como prioridade. Outra preocupação envolve a agropecuária, que segundo Guató deve focar “a produção para a vida, e não para a Bolsa Mercantil e de Futuros e o envenenamento da população” –referência ao uso de agrotóxicos no campo, fato duramente atacado durante a entrevista.

“O agro precisa ser melhor pensado não para ter um alto índice de produtividade com envenenamento. Mas não vou ser eu sozinho que vai fazer essa mudança. É um enfrentamento contra grandes empresas internacionais”, destacou Guató, defendendo ainda a agricultura familiar “agroecológica, agroflorestal e orgânica”.

Anísio Guató propõe atuar para que gestores “invistam nas pessoas”

 São 1,8 milhão de eleitores no Estado, que historicamente tem uma abstenção superior a 20%, fora os eleitores indecisos. Na verdade, esses são os indignados

Outra pauta do candidato a senador envolve os povos indígenas e a “falsa ideia de que há um conflito indígena que impede a produção. Ora, sobrevivemos com 200 línguas nativas de que forma, sem produzir nada?”, pontua. Ele destaca, também, que as populações indígenas dominam técnicas de produtividade e uso de plantas medicinais hoje na mira de conglomerados farmacêuticos. “Quem nunca buscou um alimento saudável ou usou ervas vendidas por nossas irmãs na porta do Mercadão para fazer o remédio? Aproveitamos ao máximo o que a natureza dá e podemos dividir, mas o que teremos em troca?”, pontuou.

Comparecimento – Anísio Guató considera que a candidatura ao Senado “é um desafio muito grande” em sua carreira pública. Porém, baseia-se no fato de que muitos eleitores estão insatisfeitos com o atual quadro para projetar um bom resultado nas urnas.

“São 1,8 milhão de eleitores no Estado, que historicamente tem uma abstenção superior a 20%, fora os eleitores indecisos. Na verdade, esses são os indignados”, afirmou, apostando que esses eleitores podem fazer a diferença em quaisquer candidaturas.

Nos siga no Google Notícias