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Política

Após gravações, presidente da Assembleia defende rigor no controle de horas

Ricardo Campos Jr. | 29/10/2016 16:48

O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, deputado estadual Junior Mochi (PMDB), divulgou uma nota oficial neste sábado (29) a respeito das gravações em que Paulo Côrrea (PR) dá dica de como fraudar folha de ponto ao colega Felipe Orro (PSDB), que também é parlamentar.

“Sempre pautei minha conduta pela ética, sobretudo no trato com o serviço público.Todos os servidores lotados em meu gabinete prestam o devido serviço para atender às demandas que chegam a nosso mandato. São servidores comissionados, cedidos ou efetivos da Casa, que pra nossa satisfação optam por prestar serviço em nosso gabinete, sendo que todo trâmite funcional segue as normas legais”, pontua.

Mochi afirma que nunca nomeou nenhum parente, procedimento repudiado pela própria família, e também nunca orientou ninguém a burlar quaisquer regras. “Ajustes no controle de frequência foram e estão sendo feitos para atender a demanda de transparência da Lei e da sociedade”, diz.

O parlamentar acrescenta que tem a satisfação em cnstituir um grupo atuante de colaboradores com disposição para trabalhar além da jornada convencional, em feriados e fins de semana, “de modo a prestigiar a confiança que o povo em mim depositou”, completa.

A respeito da política de recursos humanos do Legislativo, o deputado afirma que o órgão fez um amplo recadastramento de servidores, criou programa de aposentadoria incentivada e realizou o primeiro concurso público da história da Casa para modernizar a forma de contratações, corrigindo eventuais distorções e tornando-a adequada às necessidades e exigências de controle e avaliação de resultados.

Segundo ele, há um controle rigoroso de presença e assiduidade em todas as diretoras e departamentos e o deputado orienta que os mesmos critérios sejam utilizados nos gabinetes, responsáveis pelo controle de seus servidores.

“A Mesa Diretora vem adotando desde o início da atual gestão um conjunto de medidas administrativas cujo principal objetivo é dotar o Poder Legislativo de melhores condições para o exercício de suas funções. A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul tem compromisso com a verdade e com a transparência e está disposta a tomar todas as medidas necessárias para não se afastar dele”, conclui.

Polêmica – No áudio, O parlamentar do PR abre a conversa pedindo que Orro preste atenção e se certifica de que ele está sozinho. Em seguida, cita matéria do Fantástico na Assembleia do Rio Grande do Sul, um indicativo de que a conversa data de junho de 2015, quando a matéria foi veiculada pela emissora.

“A rede Globo está entrando nas Assembleias Legislativas do Brasil inteiro, onde que ela pega você? Você e eu temos bastante, certo! Você sabe o que nós temos mais do que os outros, não sabe? Põe um controle de ponto, mesmo que seja fictício, do começo do ano até agora. Pega o seu chefe de gabinete e manda agir, deixa lá até do dia anterior. Todo dia aquelas pessoas têm que assinar o ponto até que passa esse rolo aí”, afirma Côrrea. Antes da orientação, ele repreende o deputado do PSDB, que disse não saber da reportagem.

Conforme apurado pela reportagem cada deputado estadual tem direito a receber 75% do valor disponibilizado para um deputado federal para contratação em gabinete. O total corresponde, em média, a R$ 78 mil. O limite seria 25 cargos.

Cortina de fumaça – Felipe Orro disse ao Campo Grande News que a gravação foi feita há um ano e meio e que na ocasião, cumpria uma agenda em Maracaju. Ele nega que o diálogo fosse sobre fraude e que Côrrea apenas sugeriu o ponto eletrônico. Orro diz que nem quis saber o motivo da orientação e que não adotou o ponto. “Mas ele não estava me ensinando a fraudar”, diz.

O deputado afirma que por ser terceiro secretário, portanto componente da Mesa Diretora, tem direito a mais funcionários. A reportagem questionou o número de pessoas que emprega em seu gabinete, o deputado não soube responder de imediato, mas que poderia fazer levantamento.

Orro avalia que a divulgação do áudio na véspera da eleição para prefeito em Campo Grande foi uma “cortina de fumaça”. Sem citar nomes, afirmou que foi chantageado com essa gravação por duas vezes. Na primeira, a tentativa de chantagem envolvia R$ 10 mil.

“Duas semanas atrás um ex-politico aqui tentou me chantagear também. Que tinha o áudio e era gravíssimo. Se não parassem de falar mal de certo candidato, iria divulgar”, diz. Orro relata que não denunciou nenhuma das tentativas de chantagem e que não tem envolvimento direto na campanha em Campo Grande.

O deputado reforçou sua defesa por meio de nota à imprensa. No documento, Orro informa que “todos os servidores lotados em meu gabinete prestam o devido serviço para atender às demandas que chegam a nosso mandato. São servidores comissionados, cedidos ou efetivos da Casa, que pra nossa satisfação optam por prestar serviço em nosso gabinete, sendo que todo trâmite funcional segue as normas legais”.

Outro lado – Citado na gravação, Zé Teixeira disse que não vai comentar e quem ouvir que faça sua própria análise sobre o diálogo. A reportagem não conseguiu contato com Paulo Corrêa.

A assessoria de imprensa do parlamentar informou que ele está em viagem. O Campo Grande News também não conseguiu contato com o presidente da Assembleia, deputado Junior Mochi (PMDB).

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