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Política

Azambuja promete tocar em feridas da Capital e prega campanha propositiva

Fabiano Arruda | 02/07/2012 12:13
Deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de Campo Grande, Reinaldo Azambuja, concede entrevista na sede do Campo Grande News. (Foto: Rodrigo Pazinato)
Deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de Campo Grande, Reinaldo Azambuja, concede entrevista na sede do Campo Grande News. (Foto: Rodrigo Pazinato)

Aliado histórico do PMDB em Campo Grande, o PSDB decidiu virar a mesa e encabeçar candidatura própria na sucessão do prefeito Nelsinho Trad (PMDB) neste ano.

O candidato tucano é o deputado federal Reinaldo Azambuja, 49 anos, presidente estadual do partido.

A convenção da legenda em Campo Grande, no último sábado, homologou o nome de Azambuja na disputa com o vereador Athayde Nery (PPS) de vice. São sete partidos na aliança.

Ligado à atividade da agropecuária, Azambuja diz que o campo é o seu local de refúgio nos momentos de descanso e ao lado da família. Pai de três filhos, diz que o neto, de quatro anos, é a grande novidade em sua vida nos últimos anos.

Na entrevista ao Campo Grande News, o tucano mostrou tom incisivo nas respostas, que vinham logo de pronto.

Nascido em Campo Grande, o deputado federal iniciou a trajetória política como prefeito de Maracaju em 1996, cargo que ocupou por dois mandatos. “A economia da cidade saiu da 12º para a 5º maior do Estado. É um dos prazeres que a política nos dá: os desafios”, afirma.

A caminhada política não foi planejada, garante. “Entrei na política por insatisfação”, comenta. Depois de prefeito de Maracaju, foi eleito deputado estadual e, em seguida, deputado federal. Ambas as eleições com vitórias expressivas. Foi o segundo deputado mais votado em 2010, com 126 mil votos. Em 2006, havia sido o recordista entre os deputados estaduais, com mais de 40 mil votos.

Católico praticante, garante ter bom trânsito com outras religiões com a evangélica, em que costuma participar de cultos.

Para Azambuja, videomonitoramento é investimento barato para a Segurança Pública de Campo Grande.
Para Azambuja, videomonitoramento é investimento barato para a Segurança Pública de Campo Grande.

Sobre a disputa para ser prefeito de Campo Grande, Azambuja mostra, por meio de um discurso que parece estar bastante afinado, ter subsídios suficientes para iniciar o embate se ele começasse hoje.

Promete tocar nas feridas da Capital do Estado, como transporte coletivo e tratamento lixo, mas defendeu que a campanha seja marcada pelo debate e "apresentação de propostas".

Conta que o partido realizou consulta em 120 mil residências, ouviu os reclames da população e fez um raio-x da realidade do campo-grandense bairro por bairro. “Isto nos estimula a apresentar propostas viáveis”.

A seguir, o deputado responde a oito tópicos perguntados a todos os candidatos.

Aborto

"Sou contra (enfático) por questão de princípios. Acho que não deve ser liberado no Brasil. Em alguns casos específicos e pontuais a Justiça já tem se manifestado."

Pena de morte

"Esta é uma discussão que o Congresso tem que levar a fundo. A sociedade também precisa trabalhar ele. Não tenho uma opinião formada. Tem que ser debatido alguns casos como tipos de reincidência. Mas este é um papel do parlamento brasileiro."

Eutanásia

"Em alguns casos a Justiça tem se manifestado. Mas creio que nenhum cidadão tem direito de tirar a vida de ninguém. É uma questão muito casual. Penso que se Deus me deu a vida cabe a Ele no momento certo decidir. Agora, não compete aos homens, através de alguma Lei, tirar isto que é sagrado."

"Sou favorável a cinco anos de mandato sem reeleição e unificação das reeleições. O País não aguenta mais uma eleição a cada dois anos".
"Sou favorável a cinco anos de mandato sem reeleição e unificação das reeleições. O País não aguenta mais uma eleição a cada dois anos".

Reforma política

"A reforma política é imprescindível no processo democrático. É inconcebível você conviver com mais de 40 partidos, que é a representação da sociedade. Não podem existir partidos por conveniências de grupos.

Sou favorável a cinco anos de mandato sem reeleição e unificação das reeleições. O País não aguenta mais uma eleição a cada dois anos. Traria muito mais economia e acabaria com este artifício da reeleição, que é perverso.

O financiamento público, numa reforma política no qual você fortalece os partidos com menor número de legendas e claramente fortalece as legendas, seria o melhor dos meios. Mas hoje, do jeito que está, o cidadão ajudaria a pagar a eleição e o financiamento privado continuaria. Desta forma eu sou contra porque as outras fontes continuariam financiando partidos e pessoas.

Hoje se fala que eleição é estrutura, mas grandes estruturas têm ligação com as campanhas eleitorais. Veja o caso do Chachoeira e da Delta? Para onde foi o dinheiro? Para irrigar campanhas eleitorais. Estrutura na eleição é apequenar o debate político. É importante, mas não é tudo. O que vale mesmo é oferecer propostas.

Sou contra o voto obrigatório. Creio que tem que ser facultativo. Fortaleceria o processo democrático."

Sistema de governo

"Sou presidencialista. O Brasil não está preparado para o parlamentarismo. O que precisa ser feito hoje é o pacto federativo porque há concentração brutal de renda com a União e enfraquece principalmente municípios, que é a parte mais frágil. As demandas do cidadão estão na cidade. União e Estado são peças de ficção. Todos os serviços são oferecidos a nível municipal."

Reforma administrativa

"Creio que o Poder Público precisa fortalecer o servidor efetivo, aquele que tem uma vida dedicada ao setor público. Mas é preciso trabalhar a meritocracia, aquele que trabalha melhor ganha mais, desempenho por função, por produtividade. Diminuir os cargos em comissão e dar equilíbrio na gestão. Se há alternância de servidores você piora a qualidade do serviço.

Tem que oferecer ferramentas de qualificação, de treinamento e cobrar resultado. Se você não fortalecer o servidor efetivo, enfraquece o serviço público. Tem que haver os comissionados para cargos de confiança, mas é a carreira efetiva que dá equilíbrio no serviço público.

Temos pregado a importância da transparência para que o eleitor acompanhe os gastos do Poder Público, aproximando o cidadão do Poder Público. Não dá para abrir mão disto mais."

Trânsito e punição para condutores que provocam mortes:

"Fui autor de uma lei que pune com maior rigor em crimes dolosos para quem dirige sob efeito de álcool ou droga, podendo utilizar testemunha como prova.

Em Campo Grande estamos há anos esperando uma tecnologia que não vem. Semáforo inteligente, controle de vias rápidas, pontos de estrangulamento, vias exclusivas de ônibus. Faz oito anos que ouço falar de onda verde e até hoje não chegou.

E não dá mais para tratar Campo Grande com rotatórias, que é para cidade pequena. Em Curitiba se controla o trânsito de dentro de uma sala. Na Capital o trânsito é atrasado. Hoje o Poder Público utiliza a tecnologia a seu favor. Se você passar num radar acima da velocidade em uma semana a multa está na sua casa. E porque então não usar esta tecnologia a favor do cidadão? No transporte coletivo, o cara demora três horas para chegar ao emprego dentro do ônibus e aí compra o carro e a moto."

Deputado Reinaldo Azambuja e senador Aécio Neves, uma das principais lideranças tucanas no País. (Foto: Divulgação)
Deputado Reinaldo Azambuja e senador Aécio Neves, uma das principais lideranças tucanas no País. (Foto: Divulgação)

Educação e saúde: o que fazer para fazer que estas áreas deixem de ser propostas prioritárias em campanhas e sejam efetivadas em qualidade durante os mandatos?

"Saúde é atendimento. Você não precisa mais construir prédios. Tem que colocar médico para atender o cidadão. Resolve isto com plantões médicos presenciais para dar fluxo nesta demanda. Em Campo Grande é baixíssimo o Programa Saúde da Família. É preciso aumentar o número de equipes porque neste programa você faz saúde preventiva.

Outro ponto é a marcação de exames. Tem que haver disponibilidade de atendimento imediato. E saúde é prioridade. Das 120 mil casas que vistamos 72% colocaram saúde como o principal problema, deste número, quase 60% disseram que falta atendimento. Tem que criar um ambiente em que o médico atenda o cidadão, o que não existe. Foram construindo um monte de unidades de saúde, mas não tem médico para atender. Tem que remunerar melhor o médico, mas cobrar a presença dele porque não adianta fingir que paga e o médico fingir que atende.

Em relação à Educação nosso principal desafio é fazer, num prazo de oito a doze anos, com que todas as escolas do município funcionem em tempo integral. Porque você fixa o aluno para ter o pedagógico, cultural e esportivo, tirando o jovem das ruas à mercê do que a gente tem de pior."

Evolução patrimonial na declaração de bens comparada à última eleição

"Todos os bens estão em meu nome e são declarados. Não lembro se na passada foi R$ 30 milhões (declaração à Justiça Eleitoral). A nossa evolução patrimonial é acompanhada pela atividade privada, trabalhando com eficiência. Até me admirou muito que eu fui a oitava fortuna no Congresso Nacional. Sei que ali (Câmara Federal) tem gente com fortuna muito maior, então, significa que tem gente que não declara. Não tenho nada a esconder, está tudo declarado."

(A prestação de contas de Reinaldo Azambuja à Justiça Eleitoral em 2010 apontava patrimônio de R$ 31,9 milhões. Entre os bens, propriedades rurais em Maracaju que totalizam aproximadamente R$ 21 milhões.)

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