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Política

Catadores pedem apoio à Câmara para que lixão não seja fechado no dia 15

Carlos Martins | 27/11/2012 14:28
A representante dos catadores Cleonice Osório usou a tribuna para defender a categoria (Foto: Rodrigo Pazinato)
A representante dos catadores Cleonice Osório usou a tribuna para defender a categoria (Foto: Rodrigo Pazinato)

A catadora de material reciclado Cleonice Osório de Oliveira Tamasato de Souza defendeu hoje na sessão da Câmara Municipal o cumprimento da Lei Federal 12.305/10 que estabelece o prazo para que os lixões sejam fechados até 2014. Cleonice, representando os cerca de 2.000 trabalhadores do setor em Campo Grande, ocupou a tribuna durante a sessão para pedir o apoio dos vereadores para que o lixão não seja fechado até o dia 15 de dezembro, conforme decisão tomada pelo prefeito Nelsinho Trad (PMDB).

O consórcio CG Solurb Soluções Ambientais que assumiu a coleta de lixo e a destinação dos resíduos ofereceu um salário de R$ 1,2 mil para os catadores, mas eles não aceitam porque possuem um horário de trabalho flexível e ganham mais do que se fossem trabalhar como empregados com carteira assinada. “A empresa que assinou o contrato com a prefeitura quer fazer do jeito dela, sem conversar com os trabalhadores”, criticou a catadora de material reciclável.

A CG Solurb, que venceu a licitação e assinou contrato por 25 anos, tem a atribuição de coletar os resíduos sólidos, fazer o trabalho seletivo, de carcaças, fechar o atual lixão, ativar o aterro sanitário e construir mais um. Também é obrigação do consórcio recolher lixo hospitalar de unidades administradas pela Prefeitura.

Projeto Cataforte - Cleonice trabalha como catadora há oito anos. Ela, o marido e dois filhos recolhem papelão no centro da cidade e em algumas vilas. “Trabalho das quatro da tarde às 11 da noite”, contou. Ele pede mais tempo para que os catadores também possam participar de programas de formação pelo Projeto Cataforte (96 horas de formação), que chegou há seis meses ao Estado.

O Projeto Cataforte é uma parceria entre a Fundação do Banco do Brasil e a Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego e envolve a capacitação de 10.600 catadores em 17 Estados e no Distrito Federal. O objetivo é mobilizá-los para que se organizem em associações e cooperativas para que tenham autonomia para gerir as diferentes etapas da cadeia produtiva de recicláveis.

“Ofereceram R$ 1,2mil, depois R$ 620, e agora não sabemos, o prédio não está adequado segundo o MP”, explicou. Ela reforçou o argumento principal. “Os catadores não aceitam trabalhar como empregados porque fazem o horário deles, eles não querem patrão e ganham por produção. No Rio Grande do Sul e Rio de janeiro, onde existem cooperativas, os trabalhadores tiram cerca de R$ 3 mil por mês”, explicou Cleonice.

Vereador Athaide Nery vai pedir apoio ao MP para prazo seja prorrogado (Foto: Rodrigo Pazinato)
Vereador Athaide Nery vai pedir apoio ao MP para prazo seja prorrogado (Foto: Rodrigo Pazinato)

Donos do próprio negócio - O vice-presidente do Aterro Sanitário de Campo Grande, Sérgio Rodrigues de Souza, o Gauchinho, disse que a categoria esta lutando para que continuem "donos do próprio negócio”, que consiste em recolher e vender os materiais reciclados.

Ele ressaltou que os catadores não querem ser contratados pelos empresas que compram hoje os materiais reciclados, cujo salário oferecido é de R$ 1,2 mil, porque o catador ganha mais sendo independente. “A média é ganhar cem reais por dia, quem trabalha de três a quatro dias por semana já ganha por mês mil e trezentos reais, mais do que ganharia trabalhando como empregado”, justificou Gauchinho.

O vereador Athaíde Nery (PPS) elogiou a manifestação de Cleonice e destacou que os catadores já estão reunidos em uma associação e caminham agora para a formação da cooperativa. “Eles já se reuniram com a Defensoria Pública. A comissão [que reúne a Câmara, OAB, MP, Defensoria Pública, catadores] vai agora até o Ministério Público para fazer uma interligação entre o prefeito eleito Alcides Bernal (PP) para que o prazo seja prorrogado e a cidade não seja prejudicada. Uma cultura de 20 anos não pode mudada em um prazo de 15 dia”, disse o vereador.

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