Centro de Triagem e Presídio Militar receberão presos na Vostok
Informação foi apurada pelo Campo Grande News; ex-prefeito de Dois Irmãos foi para sede do Garras
Presos pela Polícia Federal na Operação Vostok serão levados para o Centro de Triagem do Complexo Penitenciário da Capital, no Jardim Noroeste, e para o Presídio Militar, ainda nesta quarta-feira (12). A informação foi apurada pelo Campo Grande News abrangendo os 10 detidos –confirmados até aqui– dos 14 alvos de mandados de prisão.
O Centro de Triagem é comumente utilizado para abrigar detidos em operações policiais que detêm nível superior. Já os advogados, por terem prerrogativa de cela especial, são levados para o Presídio Militar –onde já estaria o conselheiro Márcio Monteiro, do TCE (Tribunal de Contas do Estado). Procedimentos burocráticos envolvendo as transferências eram finalizados no início desta noite. Outro grupo de internos havia sido levado para o Imol (Instituto Médico e Odontológico Legal) por volta das 16h30.
O ex-deputado e ex-prefeito de Dois Irmãos do Buriti, Osvane Ramos, também preso na Vostok, estava na sede do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos, Assaltos e Sequestros).
Aproximadamente neste horário um veículo descaracterizado chegou à Superintendência da PF, sendo ocupado por algumas pessoas com uniformes da corporação e portando documentos e malotes. A reportagem apurou que o grupo voltava da Assembleia Legislativa, onde a Vostok cumpriu pela manhã mandado de busca de apreensão no gabinete do deputado Zé Teixeira (DEM), também preso na ação. Outros volumes oriundos do local eram aguardados.
Em nota nesta tarde, a Assembleia reforçou que as ações da Operação Vostok foram concentradas no gabinete de Teixeira e tinham autorização do STJ (Superior Tribunal de Justiça). A Casa de Leis, destacou o comunicado, “não é alvo de investigação e os fatos investigados nada têm a ver com a atividade parlamentar do deputado Zé Teixeira como 1º secretário da Casa de Leis”.
A nota ainda reforça que a Casa tem “crença na autonomia dos Poderes e no respeito ao amplo direito de defesa, princípio consagrado pela Constituição Brasileira”.
Operação – A Operação Vostok começou com a delação premiada dos irmãos Wesley e Joesley Batista, do Grupo J&F –controlador da JBS– apontando a existência de um suposto esquema de pagamentos por meio de notas frias destinadas ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que teria iniciado na gestão de Zeca do PT e atravessado a de André Puccinelli (MDB). Em comum estava o uso de Tares (Termos de Acordo de Regime Especial, parte dos incentivos fiscais concedidos a empresas).
Mais de 220 policiais foram mobilizados para cumprir 14 mandados de prisão –incluindo contra Monteiro, Teixeira e Rodrigo Souza e Silva (filho de Reinaldo)– e 44 de busca e apreensão de documentos. A operação decorre de inquérito no STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre as denúncias da J&F de troca de incentivos fiscais por propinas em Mato Grosso do Sul.
Segundo despacho do ministro Feliz Fisher, ao qual o Campo Grande News teve o acesso, o Ministério Público Federal aponta um esquema de pagamentos de propinas da empresa do ramo frigorífico a políticos era dividido em três núcleos e rendeu lucro de ao menos R$ 67.791.309 aos denunciados. As fraudes teriam somado prejuízo de R$ 209 milhões ao Estado entre 2014 e 2016.
A Operação Vostok apurou que as fraudes causaram prejuízo de R$ 209 milhões entre 2014 e 2016.